Profissional do SAMU de Jundiaí posa em frente a uma ambulância de suporte básico com a porta aberta, mostrando o interior do veículo de atendimento de emergência.
Dr. Okamura alerta para os cuidados necessários nesta época do ano (Foto: Divulgação/Hospital São Vicente)

Com a chegada das férias escolares, o aumento do tempo livre das crianças dentro de casa acende um alerta para os serviços de emergência. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Jundiaí tem registrado crescimento no número de atendimentos relacionados a acidentes infantis, especialmente casos de afogamento, quedas, queimaduras, intoxicações e sufocamentos.

Segundo o coordenador médico do serviço, Dr. Marcelo Okamura, esse tipo de ocorrência acontece ao longo de todo o ano, mas se intensifica durante o período de férias, quando muitas crianças passam mais tempo sem supervisão constante dos adultos.

Afogamentos e queimaduras lideram casos graves

Entre os acidentes mais graves, o afogamento se destaca como uma das principais causas de morte e sequelas severas em crianças pequenas. De acordo com o coordenador, para cada vítima fatal, outras seis precisam de internação hospitalar, e cerca de 20% apresentam danos neurológicos permanentes.

As queimaduras também representam um risco significativo. Grande parte dos óbitos ocorre dentro do próprio ambiente doméstico, reforçando a importância de cuidados redobrados em cozinhas e áreas externas. Já as lesões penetrantes — causadas por objetos que perfuram a pele — têm apresentado aumento nos registros e, em muitos casos, evoluem para quadros fatais.

Traumas são maioria nos atendimentos do SAMU

Os traumas correspondem à maior parte das ocorrências atendidas pelo SAMU e estão relacionados, principalmente, a impactos contusos provocados por acidentes de trânsito, quedas e brincadeiras com bicicletas, skates e outros equipamentos.

Traumatismos cranianos e lesões na coluna cervical estão entre os mais frequentes, sobretudo em atropelamentos e colisões. Em quedas de altura, são comuns fraturas de ossos longos, como o fêmur, além de lesões no tronco, cuja gravidade está diretamente ligada à força do impacto.

Crianças são mais vulneráveis a lesões graves

O Dr. Marcelo Okamura ressalta que as características fisiológicas das crianças aumentam a vulnerabilidade a quadros graves. A menor massa corporal favorece maior absorção de energia nos impactos, o que eleva o risco de traumas multissistêmicos.

Outro fator importante é a perda rápida de calor após o acidente, o que pode levar à hipotermia, especialmente em situações de exposição ao ambiente ou quando há necessidade de infusão intravenosa durante o atendimento.

A importância da calma e da presença dos responsáveis

A curiosidade e a movimentação intensa fazem parte do desenvolvimento infantil, mas exigem atenção constante. Durante o atendimento de emergência, a postura dos adultos influencia diretamente a resposta da criança.

“Em momentos de dor ou estresse, é comum que crianças pequenas apresentem irritação ou comportamento agressivo”, explica Dr. Marcelo Okamura. Ele reforça que a ansiedade dos cuidadores pode aumentar a insegurança da criança. “Por isso, pedimos que permaneçam próximos, falando com a criança e oferecendo apoio até nossa chegada. Em muitos casos, contamos com a participação dos pais para segurar equipamentos ou explicar o que estamos fazendo, o que traz tranquilidade a todos”.

Como evitar acidentes domésticos com crianças

Algumas medidas simples podem reduzir significativamente o risco de acidentes durante as férias:

Supervisão de áreas de risco

Cozinhas, lavanderias e locais com produtos tóxicos devem permanecer trancados ou fora do alcance das crianças. Produtos de limpeza e medicamentos precisam ser armazenados em prateleiras altas e bem fechadas.

Segurança em ambientes com água

A criança nunca deve ficar sozinha perto da piscina. O adulto responsável precisa estar a uma distância que permita alcançá-la imediatamente. Equipamentos de flutuação adequados para a idade e certificados são indispensáveis. Distrações como celulares ou consumo de bebidas alcoólicas devem ser evitadas. Em casas sem adultos habituados a cuidar de crianças, a piscina deve permanecer coberta ou cercada.

Prevenção de quedas

Atividades em escorregadores, trepa-trepas, bicicletas e skates exigem o uso de equipamentos de proteção, como capacete e joelheiras. Em ambientes escolares, a supervisão constante durante recreios e atividades livres é fundamental.

Cuidados com fogo e calor

Objetos inflamáveis devem ficar fora do alcance infantil. Na cozinha, os cabos das panelas precisam estar sempre voltados para dentro do fogão. Para acender churrasqueiras, a recomendação é utilizar acendedores próprios, evitando álcool líquido, que pode causar explosões e queimaduras graves.