Débora Prado é psicóloga, moradora de Jarinu
Débora Prado é psicóloga, moradora de Jarinu

Já há um tempo, notícias bárbaras, as múltiplas violências, manchetes sobre bullying, histórias por trás de suicídios, desaparecimentos, o acesso cada vez mais fácil ao universo das drogas, são todas coisas que me provocam arrepios, um “frio na espinha” mesmo.

Especialmente depois da maternidade. Acho que ser mãe me fez querer, sem sombra de dúvidas, uma sociedade, um mundo melhor: eu acho que eu sempre tive uma necessidade de justiça social, porque sempre me incomodei com o sofrimento “do outro” (não foi por acaso que me tornei psicóloga).

Mas, acho que a maternidade acelerou, potencializou isso em mim.

E eu converso com muitas pessoas e sinto que a maior parte delas tem um sentimento muito parecido com a meu: às vezes vejo isso revestido com o medo, em fala “está cada vez mais difícil criar filhos neste mundo”; ou “a sociedade está violenta demais para criar os filhos”.

Sinto que a maternidade e paternidade nos fazem desejar mais amor no mundo, nos faz planejar, semear o bem, para que os filhos colham esses frutos de amor.

É tão poderoso ser pai e mãe, que nos inibe e nos constrange no erro e ódio, nos faz nos questionarmos se seríamos um bom exemplo e nos sentirmos culpados quando agimos mal.

Se estamos abertos à missão de cuidar de alguém, nos faz exercitar a empatia.

Ter alguém com quem se preocupar e zelar, me fez querer mais humanidade e amor.

Notícias como o caso do MC Gui, manchetes sobre as múltiplas violências, revestidas de assédio, feminicidio, genocídio, infanticídio, preconceitos e tantos outros me impressionam tanto que eu fico às vezes remoendo essas notícias por horas, dias, meses.

Penso no ditado do Mandela que diz: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta”.

Temos esta missão: resgatar esta chama na humanidade!

Débora Prado, é moradora de Jarinu, mãe de dois filhos e psicóloga com especialização na Unicamp