
Estamos no Setembro Amarelo e nesta terça-feira (10) é considerado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, que visa conscientizar a população para um assunto tão importante. Hoje, o Tribuna de Jundiaí conta a história da contadora Tatiane Lucena, que foi salva pelo seu cachorrinho Thorin, após passar por uma fase conturbada em sua vida.
No ano de 2020, Tatiane descobriu que seu pai estava com metástase no fígado. Além disso, ela estava em isolamento social, sem poder visitar familiares que vivem em Bragança Paulista (SP) e ainda enfrentava uma crise em seu relacionamento. E com todos esses fatores, começaram os primeiros sinais da depressão.
Alguns meses depois seu pai acabou falecendo devido ao câncer e seu companheiro de quase 10 anos pediu o divórcio. “Não vivi o luto do meu pai porque estava tentando recuperar meu casamento”, recorda Tatiane.
Em dezembro do mesmo ano, sua avó que estava com Alzheimer acabou falecendo devido a uma infecção urinária. “Quando a ficha caiu do que tinha acontecido, que eu tinha perdido meu pai, minha avó e meu marido, foi o fim e não queria mais viver aqui”, revela a contadora.
Cachorro foi a chave para a prevenção ao suicídio
Tatiane conta que, naquele período, ela chegou à depressão profunda e teve pensamentos obscuros diversas vezes: “Pensei em encerrar a minha vida, pensei em remédios, pois queria algo que não doesse ou que não me deixasse arrepender e, assim, comecei a pensar em formas”.
O que mudou esses pensamentos foi o seu cachorro Thorin, que apesar de tão pequeno, foi um grande valente. Ela conta que o animal não deixava ela chorar e que ela começou a pensar em como ele ficaria se ela não estivesse aqui para cuidar dele.
“O Thorin, nessa época, era muito apegado ao meu ex-marido e ficava esperando ele na porta e eu comecei a pensar que esse cachorro já havia sido abandonado e não tinha mais ninguém. A minha mãe tem minhas irmãs, meus amigos têm outros amigos, o pessoal do meu trabalho ia sobreviver sem mim, tudo pra mim tinha uma saída, mas o Thorin não tinha ninguém. Eu sabia que ninguém ia cuidar dele e amar ele como eu porque sei que ele é um cachorro metódico”, diz.
Então, toda vez que ela pensava em colocar um fim em sua vida, ela pensava em seu animal de estimação e reafirmava sua responsabilidade com ele. “Enquanto ele estiver aqui, eu preciso ficar”. Logo, o pet se tornou a força vital que ela precisava para vencer a depressão e recomeçar a sua vida.
Tatiane também destaca a importância do acompanhamento psicológico e afirma que ele teve grande influência em sua recuperação. Hoje, ela conta que foi viajar com o cão e não tinha companhia melhor para dar um ressignificado à sua história, que fará a diferença para outras pessoas neste Setembro Amarelo.

Muito mais que Setembro Amarelo
Está passando por algo parecido? Precisa de ajuda? O Centro de Valorização à Vida (CVV) oferece apoio emocional e prevenção ao suicídio de modo gratuito no ano todo, não somente no Setembro Amarelo. O contato pode ser feito pelo telefone 188 (24 horas por dia e sem custo de ligação), chat e e-mail ([email protected]).
Em 2023, de acordo com dados da organização, o CVV atendeu mais de 3 milhões de pessoas e realizou 500 minutos de atendimento.
[tdj-leia-tambem]
Além disso, o município de Jundiaí conta com a Política Nacional de Saúde Mental, amparada nos princípios do cuidado em liberdade e da reabilitação psicossocial, através da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que é composta por quatro Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), sendo dois para adultos, um para crianças e adolescentes e outro para usuários de drogas e álcool.
O atendimento é realizado por equipes multidisciplinares com enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, médicos, técnicos de enfermagem, assistentes sociais, entre outros especialistas, e vai muito além da campanha de conscientização Setembro Amarelo, oferecendo atendimento o ano todo.
Todos os centros funcionam com portas abertas, não havendo necessidade de agendamento prévio ou encaminhamento de outro serviço.
O cuidado é pautado conforme a individualidade do paciente, podendo ser em atendimento individual, em grupo, em oficinas de arte, além de cuidados com os familiares. Para casos mais graves, a internação também é uma opção oferecida pelos centros.
Durante o ano passado, Jundiaí realizou 81.010 atendimentos nos CAPS. “Jundiaí, ao longo dos anos, construiu políticas públicas para o cuidado com a saúde mental, a partir da implementação de uma rede que oferta atendimento integral, garantindo os direitos das pessoas com transtorno mental. Neste mês, chamamos a atenção para a Campanha Setembro Amarelo, que traz luz para esse cuidado que devemos ofertar para levar a promoção do autocuidado e da prevenção ao comportamento suicida efetivamente”, completa Alexandre Moreno Sandri, coordenador de Saúde Mental na Unidade de Gestão de Promoção da Saúde (UGPS).
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