
O agravamento da situação da pandemia no Estado de São Paulo pode gerar uma fase mais restritiva do Plano SP de enfrentamento ao novo coronavírus. A informação foi divulgada na manhã desta segunda (1) por João Gabbardo, coordenador executivo do Centro de Contingência da Covid19 em São Paulo. Segundo ele, o Governo do Estado já estuda a criação de uma “fase roxa”, em que até os serviços essenciais serão restringidos, ou mesmo de fechamento total (lockdown).
Em entrevista ao programa Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan, Gabbardo assumiu que o perfil dos pacientes internados com a doença mudou em relação ao início da pandemia e que isso tem acarretado a falta de leitos em todo o Estado.
“Até pouco tempo atrás, nós tínhamos um perfil diferente dos pacientes que iam para UTI: (eram pessoas) com idade mais avançada e que, infelizmente, iam à óbito. Então, a ocupação dos leitos era menor. Atualmente, temos um perfil de pacientes mais jovens e com menor mortalidade, mas que ficam ocupando os leitos por um tempo maior. Sendo assim, não existe rotatividade nos leitos de UTI”.
Mais restrição
Os casos registrados em Araraquara, município paulista com a pior situação em relação à Covid19, e a necessidade de medidas extremamente restritivas fizeram com que as autoridades também já admitam a possibilidade de lockdown. “O Estado de São Paulo estuda, sim, uma nova fase mais dura que a vermelha, uma fase roxa ou preta, para situações como a que aconteceu em Araraquara”.

O coordenador aponta que a ocupação de leitos de UTI na capital é de 70%. Apesar de alto, Gabbardo diz que ainda não é próximo do que está acontecendo na região sul, que tá com 95% de ocupação. “Os números de São Paulo já desse fim de semana, no entanto, nos apontam que, no transcorrer desta semana, rapidamente nós vamos chegar a 75% de ocupação. Em 75%, o Plano SP prevê um recuo para a fase vermelha”, afirma.
Ele lembra, porém, que os leitos de UTI são uma consequência. “Não adianta a gente ficar aumentando leito de UTI se a gente não tratar a transmissão da doença. A taxa de mortalidade das pessoas que vão para UTI é muito elevada”. O Centro de Contingência aguarda que, em dois meses, a quantidade de pessoas imunizadas possa resultar em uma condição diferente de enfrentamento ao coronavírus.
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Para o coordenador, o Governo Federal deve assumir a coordenação das ações contra a doença. “O Ministério da Saúde deve convocar os secretários (estaduais) de Saúde para uma conversa. Ele está ciente dessa situação de colapso e tem que assumir essa coordenação. Dizer que mandou dinheiro, que mandou milhões, não resolve. Se o problema fosse só recurso, os países do primeiro mundo não teriam mortalidade que tiveram e colapso nos seus sistemas de saúde. Os recursos são necessários, mas não são suficientes. Nós temos que ter medidas que diminuam a transmissão da doença”.