Na tarde desta quinta-feira (24) a elefanta Bambi deixou o zoológico de Ribeirão Preto e foi transferida para o Santuário dos Elefantes do Brasil, na Chapada dos Guimarães (MT). A viagem de 1.270 quilômetros já foi adiada duas vezes e deve chegar ao fim neste sábado (26).

Durante o percurso, o caminhão que está levando o animal, dois carros da equipe do Santuário e uma escolta da Polícia Federal devem fazer paradas para a alimentação de Bambi. Além disso, foi instalada uma câmera dentro do compartimento em que a elefanta está. Os aparelhos foram conectados à telas nos veículos para auxiliar no monitoramento dela.

A viagem estava planejada mas Bambi não havia se adaptado à caixa especial utilizada no caminhão para a transferência. O processo de adaptação iniciou na quinta-feira (17), em um compartimento de cinco metros de comprimento por três de altura e dois de largura. A estrutura tem 18 janelas que possibilitam a circulação de ar e um telhado para proteger o animal de chuva e excesso de sol. O piso da caixa faz um piso que faz escoamento de resíduos líquidos e comporta até 5,5 toneladas.

Processo de transferência

Para a adaptação de Bambi, as equipes do zoo e do Santuário atraíam a elefanta com alimentos para dentro do compartimento. Dessa forma, o objetivo era fazer com que ela se acostumasse a entrar e sair naturalmente. O procedimento deu certo até a manhã de terça-feira (22), quando os processos da transferência começaram. Por causa da presença do caminhão e de mais pessoas no local, Bambi resistiu em ficar na caixa. Sendo assim, a viagem foi transferida para quarta-feira (23).

Os técnicos só conseguiram fazer com que Bambi ficasse no local depois de retirar o teto da caixa e abrir a porta do ambiente em que ela ficava. A técnica foi repetida até quinta-feira, quando ela finalmente cedeu.

“Ela foi entrando e saindo, melhorando em relação à resistência que ela estava oferecendo à caixa. A gente até estava pensando em outras estratégias para hoje a tarde, mas como ela melhorou muito, nós resolvemos insistir no procedimento e às 15h ela entrou na caixa”, explica o diretor do zoológico de Ribeirão Preto, Alexandre Gouvêa.

Transferência para o Santuário

Bambi tem 58 anos, mais de três toneladas, é cega do olho esquerdo e tem problemas na mandíbula. Anteriormente, o animal viveu grande parte da vida no Circo Stankowich e já foi para o Zoológico de Leme, em São Paulo, antes de ser transferida para Ribeirão Preto. No local, Bambi dividia o espaço com outra elefanta da mesma espécie, desde 2013. No entanto, a equipe do zoo identificou que Bambi ficava acuada e se sentida dominada pelo outro animal, chamada Maison. Sendo assim, começaram revezamentos do espaço entre as duas.

Por esse motivo, o Santuário iniciou negociações em 2018, para conseguir a tutela de Bambi. No início do mês de setembro, foi lançada a campanha “Bambi, vem pra manada”. Depois da criação de uma vaquinha online que conseguiu arrecadar R$ 150 mil, o dinheiro foi usado para a transferência, cuidados veterinários e compra de alimentação e medicamentos por um período de seis meses.

A mudança para o Mato Grosso foi autorizada pela Justiça em agosto por meio de uma liminar concedida ao Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal. O Fórum havia movido uma ação civil pública contra o Zoológico de Ribeirão Preto e a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado.

O espaço reservado para Bambi no Santuário dos Elefantes, no Mato Grosso, tem três hectares. Inicialmente, o local é destinado para ela enquanto passa pelo período de adaptação. Conforme for se sentindo mais confortável no ambiente, deve começar a ter contato com os outros elefantes que vivem no Santuário. Com o total de 30 hectares, o local conta com riacho, árvores, lago e um espaço com lama.

Informações são do G1.