Em um novo episódio do projeto “Jundiaí Tem História”, realizado pela Associação Comercial Empresarial (ACE) de Jundiaí em homenagem aos associados mais antigos, é contada a história da criação da loja Móveis São José.

A comerciante Aiche Abbas Silva (73), saiu de Beirute, no Líbano, em setembro de 1955, e viajou um mês de navio com destino ao Porto de Santos, acompanhada pela mãe, o irmão e a esperança de uma vida melhor em Jundiaí. Depois de muitas dificuldades, a família inaugurou, em 24 de fevereiro de 1964, a loja Móveis São José, que funciona até hoje no mesmo endereço, na rua São José, no Centro da cidade.

Aiche lembra a viagem ao Brasil, a chegada a Jundiaí, os obstáculos enfrentados diante do novo idioma e da nova cultura, o apoio de conterrâneos e a persistência para iniciar e manter os negócios da família. “Meu pai veio para trabalhar porque não dava só para viver de agricultura, no Líbano não estava rendendo muito. Ele tinha amigos no Brasil, por isso veio primeiro e deixou eu, minha mãe e meu irmão no Líbano. Trabalhou um bom tempo vendendo roupa até juntar o dinheiro da nossa passagem”, conta.

Aiche cresceu no Jardim Pacaembu, em extrema pobreza. De acordo com ela, a família não tinha condições de ter portas e janelas em casa, que eram substituídas por papelão. Aos 16 anos, ela mudou com a família para o imóvel onde funciona a Móveis São José e ali os cômodos eram divididos entre a moradia da família e a loja de roupas.

Na rua São José, Aiche viu nascer comércios tradicionais, que já nem existem mais. Ela conta que trabalhar atualmente é mais difícil devido ao novo comportamento do cliente, cada vez mais exigente. Para se adequar às mudanças impostas pela modernidade, precisou adaptar seu comércio e praticar novos preços. Mas diz que não abre mão da qualidade do produto vendido e orgulha-se por ter mantido os negócios da família praticamente sozinha. “Meu pai ajudou um pouco, mas o esforço maior foi meu.”

O presidente da ACE Jundiaí, Mark William Ormenese Monteiro, entregou a Aiche um troféu de homenagem à história da loja e contribuição para o comércio da cidade. “É uma história muito bonita, de persistência e vitória diante dos obstáculos e que merece ser resgatada pela Associação”, afirma ele.

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