
Para encerrar o Maio Roxo — campanha de conscientização sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs) —, o Tribuna de Jundiaí conversou com Sandro Ramos, mecânico e morador de Várzea Paulista (SP), de 45 anos, que convive com a Doença de Crohn há mais de 20 anos.
De acordo com dados da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), mais de 200 mil brasileiros vivem com DIIs, como a Doença de Crohn — que pode acometer qualquer parte do sistema digestivo —, e a Retocolite Ulcerativa, que se restringe à mucosa e submucosa do cólon e reto.
Sintomas e diagnóstico
Sandro relata que os primeiros sinais da doença foram perda de peso sem causa aparente, prisão de ventre, seguida por episódios de diarreia intensa, além de gases e desconforto abdominal. Os sintomas, no entanto, variam de pessoa para pessoa e podem incluir evacuações com sangue, muco ou pus.
A primeira crise aconteceu em 2002. Na época, a demora para a realização de exames e a falta de experiência de alguns profissionais resultaram no uso de medicamentos incorretos. “Tive uma queda nos níveis de eletrólitos, o que me levou a uma internação por arritmia”, relata.
Com o tempo, o tratamento inadequado trouxe outras consequências. Sandro recebeu o diagnóstico de osteoporose, provocada pelo uso prolongado de corticoides — um dos medicamentos comumente utilizados para tratar a doença.
“Quando me recuperei, descobri o afundamento de quatro vértebras da coluna lombar e precisei de outra internação para investigar as dores terríveis que sentia”, conta.
Fé, esperança e apoio da comunidade
Foi nesse período que a médica Angelita Gama começou a acompanhar o caso de Sandro, ajustando a medicação e devolvendo-lhe qualidade de vida. Até 2013, quando uma nova crise o surpreendeu.
“Fui tratado por um médico que insistiu no uso de corticoides e imunossupressores. Isso me levou à UTI com o intestino perfurado, imunidade baixa, distúrbios de coagulação e uma infecção bacteriana que chegou ao sangue, inviabilizando uma cirurgia para retirada do intestino grosso e colocação de bolsa de colostomia”, lembra.
Dessa forma, durante os 40 dias de internação, Sandro foi tratado pela médica Mariana Vilhena, que, mesmo diante de limitações da medicina da época, fez tudo o que pôde. “Muitas pessoas rezaram por mim, especialmente a comunidade de São Tarcísio. Com a autorização do padre da época, minha mãe levava a Santa Comunhão todos os dias”, recorda.
Sandro acredita que sua melhora foi resultado dos pedidos de intercessão de Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, primeiro bispo de Jundiaí, atualmente em processo de beatificação pela Igreja Católica.
Estabilidade e qualidade de vida
De acordo com o mecânico, a estabilidade do quadro só veio após consulta com a médica Maria Emília, que, mesmo não atendendo mais pelo convênio de Sandro, acertou de primeira a medicação — que ele utiliza até hoje, levando uma vida plena e de qualidade ao lado da família.
E Sandro faz um alerta importante: “O grande desafio da Doença de Crohn é encontrar um médico que saiba identificar corretamente. Ainda vejo muitas pessoas que passam anos sem diagnóstico e, consequentemente, sem tratamento”.
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