Selfie de Sofia.
Sofia Isabelly da Rosa tem 18 anos e é moradora do Jardim América II (Foto: Arquivo pessoal)

Sofia Isabelly da Rosa, 18 anos, moradora do Jardim América II, em Várzea Paulista (SP), é um exemplo de determinação e superação. Formada em 2023 pela Escola Estadual Professor Marcos Alexandre Sodré, ela conciliou uma rotina intensa de trabalho e estudos para prestar o ENEM pela primeira vez, alcançando 860 pontos na redação e uma média geral de 590.

A jovem, que pretende cursar Medicina Veterinária, enfrentou jornadas exaustivas, acordando às 5h e estendendo os estudos até a madrugada, mesmo após um dia longo de trabalho. Segundo Sofia, conciliar emprego, escola e estudos foi um grande desafio, especialmente em um contexto de limitações econômicas. “É doentio viver em um sistema onde pessoas, ainda mais jovens, têm que escolher entre sonhar e sobreviver”, reflete.

A luta para continuar estudando

A rotina exaustiva levou Sofia a sair mais cedo de aulas no Cursinho Para Todos – iniciativa promovida por voluntários para jovens de baixa renda na cidade -, e, eventualmente, desistir dele devido à incompatibilidade de horários com o trabalho. Apesar disso, ela intensificou os estudos de forma autônoma, contando com o incentivo da mãe, diarista e semi-analfabeta, que sempre sonhou em ser médica veterinária.

“Minha mãe foi a que mais me incentivou a pegar pesado nos estudos. Ela desanimou do sonho dela, mas eu quero realizá-lo por nós duas”.

Sofia destaca o impacto do cursinho em sua preparação para o vestibular. “Eles me ensinaram o que o sistema insalubre do governo não conseguiu me ensinar como conteúdos que realmente caem no vestibular”.

Ela enaltece o apoio de cinco professores, como Ivanilson, de história; Alan, de redação; Marcos, ex-aluno do Cursinho Para Todos; Matheus Sene, líder do projeto; e Maria José, de inglês, que fez a prova na mesma sala que ela para ingressar em Direito.

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Estudar como ato de resistência

Para Sofia, o ato de estudar vai além da preparação para o vestibular: é uma forma de resistência e rebeldia em um sistema que, segundo ela, limita as oportunidades de quem nasce em condições socioeconômicas desfavoráveis. “Correr atrás dos estudos é um ato de rebeldia, porque o sistema quer nos impedir de qualquer forma. O conhecimento é a única coisa que não podem tirar de você”.

Após deixar o cursinho, Sofia contou com o apoio do namorado para continuar estudando. Juntos, fizeram vídeo chamadas e trocaram conhecimentos – ele a ajudava com matemática, enquanto ela contribuía com redação. “Eu gravava vídeos me arrumando e contando a história do Brasil para ele, uma forma divertida de estudar”.

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A gratidão e a esperança pelo futuro

Mesmo sem o resultado final da faculdade, Sofia já celebra sua conquista e espera que sua história inspire outros jovens que enfrentam a mesma luta. “Conciliar trabalho e estudos é difícil, mas não tem coisa melhor que ver que todo o esforço valeu a pena. Se Deus quiser, vai dar certo para mim e para muitos que estão tentando”.

Determinada a realizar seu sonho de cursar Medicina Veterinária, Sofia acredita no poder do esforço e na capacidade de Deus em surpreender. Sua trajetória é um testemunho da força de vontade necessária para superar barreiras e alcançar objetivos.