Papa Leão XIV acena para fiéis após cerimônia no Vaticano
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A nova biografia Leão XIV: Cidadão do Mundo, Missionário do Século XXI oferece uma visão reveladora do pontífice americano que hoje lidera a Igreja Católica. Lançada em espanhol, com edição em inglês prevista para o próximo ano, a obra traz reflexões inéditas do papa Leão XIV sobre casamento, família, diversidade, doutrina e política eclesial.

Papa Leão XIV e sua visão sobre casamento e família

Logo nas primeiras páginas, Leão XIV deixa clara sua posição tradicional sobre o matrimônio: “O casamento é para um homem e uma mulher”. Ele define a família como “pai, mãe e filhos”. Essa declaração reforça a doutrina da Igreja, embora o papa mostre disposição para escutar visões divergentes, sem alterar os fundamentos da fé católica.

Inclusão sem ruptura: LGBTQ+, doutrina e acolhimento

O papa afirma que todos são bem-vindos na Igreja — “todos, todos, todos”, inclusive católicos LGBTQ+. Contudo, reitera que não prevê mudanças na doutrina que condena atos homossexuais. Para ele, o foco está em respeitar a dignidade de cada pessoa como filho ou filha de Deus, não em sua orientação sexual.

Um papa entre o conservadorismo e a escuta

Leão XIV adota uma postura ponderada diante da polarização atual. Tanto liberais quanto tradicionalistas podem se sentir descontentes com sua recusa em promover mudanças radicais ou reafirmações categóricas. Segundo ele, “as águas já estão agitadas o suficiente”. Sua missão é conduzir, não sacudir a barca de Pedro.

Papa Leão XIV faz sua primeira bênção da sacada do Vaticano
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A origem mestiça de Leão XIV: identidade e superação

Em trechos pessoais, o papa relata como descobriu sua ascendência haitiana e cubana. Episódios de preconceito vividos por sua família moldaram sua sensibilidade em relação à diversidade racial e religiosa. “Ver as pessoas como pessoas” é um ensinamento que ele carrega desde a infância.

Mulheres no clero: escuta sim, mudança não

Sobre a possibilidade de ordenar mulheres, Leão XIV é cauteloso. Reconhece que é necessário mais estudo sobre o diaconato feminino e reforça que, por ora, não pretende alterar o ensinamento oficial. Ele apoia a nomeação de mulheres para cargos de liderança na Igreja, mas sem romper com a tradição.

Tradição em latim e sua instrumentalização política

A missa em latim continua permitida com autorização especial, mas o papa demonstra preocupação com o uso político da liturgia tradicional. “Isso se tornou uma ferramenta política, e isso é muito lamentável”, afirma.

Leão XIV e os conflitos globais

A guerra na Ucrânia e a crise em Gaza são abordadas com sobriedade. O pontífice admite os limites do Vaticano como mediador e critica a ineficácia dos esforços diplomáticos. Sua primeira viagem internacional poderá ser à Turquia, reafirmando seu compromisso com o diálogo inter-religioso.

A crise dos abusos sexuais e a responsabilidade pastoral

Leão XIV reconhece os abusos sexuais como uma “crise real” e lamenta a dor das vítimas. Ao mesmo tempo, alerta que buscar soluções apressadas pode ser contraproducente. Seu foco está em um processo responsável, embora contínuo.

Papa americano: influência e distanciamento político

Por ser americano, Leão XIV acredita que poderá ter mais influência sobre a hierarquia eclesial dos EUA. Apesar disso, rejeita qualquer envolvimento com a política partidária. Em conversa com JD Vance, reforçou a centralidade da dignidade humana acima de ideologias.

Relação com Donald Trump e Francisco

Questionado sobre uma possível proximidade com Donald Trump, o papa foi direto: “Não necessariamente”. O relacionamento com Francisco também foi respeitoso, mas não íntimo. Antes de falecer, o papa argentino lhe deu um último conselho: “Nunca perca seu senso de humor”.