O médico José Hilton de Paiva, prefeito afastado de Uruburetama (CE), está preso há quatro dias acusado de abusar sexualmente de pacientes durante consultas ginecológicas.
Ele foi preso preventivamente na tarde de sexta-feira (19), após o pedido do Ministério Público do Ceará (MPCE). A prisão foi determinada pelo juiz José Cléber Moura do Nascimento, que considerou a medida necessária para preservar as provas e evitar influência do prefeito nas investigações.
No interrogatório, o médico confessou à polícia que fez as filmagens durante 30 anos, mas disse que “parou há dois anos”. “Ele diz que isso virou um vício”, afirmou Joseanna Oliveira, delegada responsável pelo caso.
José Hilton ainda tentou se defender das acusações durante declaração: “É um momento de… não sei nem explicar. Parte delas, a maior parte, era consentida. Se não fosse, eu não ia chegar aqui e mentir para a imprensa”, disse.
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O advogado do médico, Leandro Vasques, entrou com um pedido de prisão domiciliar na Justiça. Segundo a defesa, José Hilton tem 70 anos e sofre de doenças cardíacas e na próstata. Para Vasques, o prazo para que as vítimas apresentassem a queixa contra o médico já se esgotou.
“Nós não estamos defendendo essa prática criminosa. Nós apenas estamos sustentando que ela prevê que, para que possa ser apurado, o fato tem que ter um intervalo de 6 meses no máximo para se instaurar a investigação. E isso já se superou, já se operou a decadência, portanto o direito de se apurar isso evaporou-se. Estrangulou-se no tempo”, afirmou o advogado.
A Justiça do Ceará, porém, negou o pedido da defesa e manteve a prisão preventiva do médico. No sábado (20), ele passou por uma audiência de custódia na Comarca de Itarema (CE).
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Crimes cometidos pelo médico
Ele foi preso pelos crimes de estupro de vulnerável e violação sexual mediante fraude. A polícia também apreendeu computadores e fichas médicas de pacientes em Uruburetama. Os 63 vídeos gravados pelo acusado passarão por perícia.
“É conhecido como estelionato sexual, porque é igual, no estelionato, a vítima, ela é enganada, então ela passa alguma coisa pro infrator, né, a mesma coisa aqui nessa questão sexual. Ela está lá deitada, fragilizada, tem um médico dizendo que ela está doente e que aquele tipo de procedimento é necessário pra que ele possa verificar qual é a doença que ela tem, entendeu?”, comentou Rogéria Neusa, delegada de Uruburetama.
Após as denúncias, os órgãos reagiram às acusações contra o prefeito. O PCdoB expulsou José Hilton do partido e o Conselho Regional de Medicina impediu que ele exerça a profissão por seis meses.
Além disso, a Associação Cearense de Ginecologia informou, na última terça-feira (16), que o médico não tem a especialidade ginecológica, apesar de ter atuado por 30 anos na área.
Relatos de abusos
De acordo com relatos, José Hilton abusa das pacientes desde a década de 1980. Mas, as primeiras denúncias ocorreram em 1964, mas o caso foi arquivado logo em seguida.
Várias mulheres afirmaram que não denunciaram por medo ou porque dependiam do prefeito para manter emprego ou ter acesso a serviços públicos.
As vítimas do prefeito afastado também prestaram depoimentos e relataram como aconteciam os abusos: “Na cama, não é aquela maca normal, que tem posição de botar as pernas, né? Era na cama mesmo. E eu nunca pensei que eu tinha sido violentada por uma pessoa que a gente tinha confiança!”, disse.
Já outra vítima, que não quis divulgar a identidade, disse que está aliviada após a prisão do acusado. “Eu tô aliviada. Eu lavei minha alma. Foi provado que eu não caluniei nem difamei ele. O que eu falei foi a verdade”.
Fonte: G1
