
Na quarta-feira (19), o general Gonçalves Dias renunciou ao cargo de ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. O anúncio foi feito após a divulgação de um vídeo que o mostra no Palácio do Planalto, durante as invasões golpistas de 8 de janeiro.
O pedido foi feito após uma reunião com Lula e chefes de outras pastas, no Palácio do Planalto. O general da reserva é o primeiro ministro a deixar o governo no terceiro mandato de Lula. Desde os atos de 8 de janeiro, em que apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, a atuação do GSI é alvo de críticas.
A presença e a atuação do general Gonçalves Dias no Palácio do Planalto no dia dos atos foram divulgadas em vídeo pela CNN Brasil. As imagens mostram Gonçalves Dias e funcionários do GSI circulando entre os invasores durante a invasão. Um dos funcionários do GSI conversa com invasores e os cumprimenta. Além disso, outro trecho do vídeo mostra servidores do órgão entregando água aos vândalos.

O que o GSI diz?
O GSI divulgou uma nota para justificar a presença do chefe do órgão no Palácio do Planalto. De acordo com o gabinete, as imagens mostram a “atuação dos agentes de segurança que foi, em um primeiro momento, no sentido de evacuar os quarto e terceiro pisos do Palácio do Planalto”.
No entanto, em nota emitida logo após o pedido de demissão, a Secretaria de Comunicação da Presidência diz que “a violência terrorista que se instalou no dia 8 de janeiro contra os Três Poderes da República alcançou um governo recém-empossado, portanto, com muitas equipes ainda remanescentes da gestão anterior, inclusive no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que foram afastados nos dias subsequentes ao episódio”.
Militares no 8 de janeiro
O GSI, formado majoritariamente por militares, é o órgão responsável pela segurança das instalações da Presidência da República, e até o início de 2023, também fazia a segurança pessoal do presidente e de seus familiares. No entanto, Lula decidiu ter sua segurança composta por policiais federais, alguns que já o acompanharam durante a campanha presidencial.
O envolvimento de militares com os atos golpistas é um tema preocupante para o governo Lula, que teme uma atuação ideológica por parte das Forças Armadas. Vídeos gravados durante o dia 8 de janeiro mostram, por exemplo, o então comandante do Batalhão de Guarda Presidencial (BGP), pedindo uma atuação mais branda da Polícia Militar do Distrito Federal com os invasores.
Gonçalves Dias é militar. Ele entrou para o Exército em 1969 e já ocupou cargos como Secretário de Segurança da Presidência da República do governo Lula e chefe da Coordenadoria de Segurança Institucional da ex-presidente Dilma Rousseff. Ele chegou a ocupar o cargo de Comandante da Sexta Região Militar e comandou o 19° Batalhão de Infantaria Motorizado. Atualmente, está na reserva (como os militares chamam a sua aposentadoria).