Foto: Ricardo Stuckert/PR
Foto: Ricardo Stuckert/PR

Um grupo formado por mais de 40 deputados federais que apoiam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pretende apresentar um pedido de impeachment contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em decorrência de suas declarações no último domingo, dia 18. Lula comparou a guerra entre Israel e a Palestina ao Holocausto.

Os parlamentares fundamentam o pedido citando um trecho da lei que aborda crimes de responsabilidade, que define como crime “cometer ato de hostilidade contra nação estrangeira, expondo a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade”.

O grupo considera a declaração de Lula como “injustificável, leviana e absurda”, caracterizando-a como uma ofensa aos judeus e aos descendentes das vítimas do nazismo, além de contribuir para o crescimento do antissemitismo no Brasil, conforme destaca o texto.

Durante um evento em Adis Abeba, na Etiópia, Lula afirmou que não há outro paralelo para o que está ocorrendo em Gaza, exceto o que foi feito pela Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial. A declaração gerou forte reação, especialmente entre os deputados signatários do pedido de impeachment.

Carla Zambelli (PL-SP), uma das parlamentares que assinaram o documento, destacou que “não se pode comparar o incomparável” e ressaltou a gravidade da afirmação, considerando-a uma afronta à maior tragédia da humanidade, o Holocausto, que vitimou 6 milhões de judeus, além de diversas minorias.

O especialista em Direito Eleitoral, Alberto Rollo, aponta que, para caracterizar o crime de responsabilidade, seria necessário mais do que o discurso de Lula, sendo preciso envolvimento efetivo, como o envio de armas, soldados ou ajuda à manutenção do conflito. Até o momento, Rollo destaca que as ações se limitam ao âmbito discursivo.

O Congresso também reagiu às declarações de Lula. No Senado, o grupo parlamentar Brasil-Israel condenou e classificou o pronunciamento como “tendencioso e desonesto”. Além disso, o presidente de Israel, Binyamin Netanyahu, e entidades judaicas no Brasil, como a Confederação Israelita do Brasil (Conib), também repudiaram as palavras do presidente brasileiro, considerando-as vergonhosas e sérias, acusando Lula de banalizar o Holocausto e ferir o povo judeu e o direito de defesa de Israel.