Presidente Lula discursando na África
Foto: Ricardo Stuckert/PR

Em entrevista coletiva neste domingo (18) em Adis Abeba, capital da Etiópia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas à operação militar israelense contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. Lula traçou um paralelo entre a morte de palestinos e o extermínio de judeus perpetrado pelo líder da Alemanha Nazista, Adolf Hitler, durante o Holocausto, entre 1933 e 1945, quando 6 milhões de judeus foram mortos.

“O que está acontecendo em Gaza não aconteceu em nenhum outro momento histórico, só quando Hitler resolveu matar os judeus”, declarou Lula. O presidente brasileiro também criticou Israel por não se submeter às decisões da ONU e defendeu a criação de um Estado palestino. Para Lula, o conflito não se configura como uma guerra entre soldados, mas sim como um massacre: “É uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças”, disse. “Não é uma guerra, é um genocídio”, completou.

A viagem de Lula pela África incluiu encontros com o presidente do Egito, Abdel Fatah al-Sisi, no Cairo, e com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina (AP), Mohammad Shtayyeh, em Adis Abeba.

Em sua fala ao lado do presidente do Egito na quinta-feira (15), Lula condenou o ataque do Hamas contra Israel e o sequestro de centenas de pessoas, classificando-o como ato terrorista. No entanto, o presidente também criticou a ação israelense: “Não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel. A pretexto de derrotar o Hamas, está matando mulheres e crianças, coisa jamais vista em qualquer guerra que eu tenha conhecimento”, disse.

A guerra no enclave palestino teve início em 7 de outubro de 2023, quando terroristas do Hamas invadiram território israelense, matando 1.200 pessoas e sequestrando 240. A ação é considerada o pior ataque contra judeus desde o Holocausto e o pior ataque terrorista da história de Israel. Em resposta, Tel-Aviv iniciou uma operação militar na Faixa de Gaza, com bombardeios aéreos e invasão terrestre, que resultou na morte de mais de 28 mil palestinos, segundo o ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

A comparação feita por Lula entre a ação de Israel em Gaza e o Holocausto gerou repúdio da Confederação Israelita do Brasil (CONIB), que a considerou “inaceitável e ofensiva”. A entidade classificou a declaração como “uma distorção da realidade” e “uma injustiça com o povo e o Estado de Israel”.

A guerra em Gaza e a comparação feita por Lula geraram grande repercussão internacional, com diversos líderes e entidades se manifestando sobre o conflito e a declaração do presidente brasileiro.