Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, admitiu nesta terça-feira (16) que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subestimou a gravidade da crise na Terra Indígena Yanomami e não conseguiu resolver o problema conforme previsto para o ano de 2023. Além disso, ela afirmou que a situação não deve se resolver completamente em 2024.

“Não é só falar que [a crise] não se resolveu em 2023. De fato, não se resolveu. E provavelmente não se resolverá em 2024, considerando a situação complexa que temos. Mas pegamos o território nessa situação. Achamos que era só uma crise sanitária, mas tinha toda essa questão do garimpo impregnado”, declarou Guajajara durante uma transmissão no Instagram, ao lado do Secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba.

A Ministra destacou que o governo está transitando de “ações emergenciais” para “ações permanentes de acompanhamento e fiscalização”, discutidas dentro da Casa Civil, liderada por Rui Costa. O Ministério assumirá a responsabilidade pela implementação de uma Casa de Governo em Roraima, que visa monitorar de perto a situação e prestar assistência aos indígenas.

“Levamos décadas para termos esse cenário, então talvez sejam necessárias décadas para se reverter o problema. Estamos lidando com uma questão histórica”, acrescentou Guajajara.

Até novembro de 2023, o Ministério da Saúde reportou 308 óbitos de yanomamis. As notificações de doenças respiratórias, casos críticos de diarreia e contaminações por malária aumentaram significativamente durante o primeiro ano da gestão de Lula.

De acordo com um levantamento da Sesai (Secretaria de Saúde Indígena), foram registrados 27.649 casos de malária; 5.598 casos de síndrome respiratória grave; 20.524 casos de síndrome gripal; e 9.550 casos de doenças diarreicas agudas.

O secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde afirmou que o aumento nas notificações reflete um avanço no monitoramento por parte do governo federal.

“Começamos a fazer a busca ativa, eram dados que não tínhamos antes. Ruim era quando não tinha essa busca ativa, nem notificação ou tratamento. Se temos a notificação, a chance de conseguirmos salvar esse indígena são bem maiores”, afirmou o secretário durante a transmissão da ministra.

Em janeiro, ao assumir a presidência, Lula e uma comitiva de ministros visitaram Boa Vista (RR) para uma reunião na Terra Indígena Raposa Serra do Sol e anunciaram medidas emergenciais para abordar a questão do povo indígena. Cerca de um ano depois, em uma reunião com os ministros do governo, o presidente afirmou que os problemas relacionados aos yanomamis serão tratados como uma questão de Estado.