
Cinco grupos de movimentos sociais jundiaienses assinaram uma nota de repúdio às atitudes dos vereadores Douglas Medeiros (PSDB), Madson Henrique e Enivaldo Ramos de Freitas, o Val (ambos do PSC), que causaram polêmica após falas preconceituosas na sessão da Câmara Municipal, realizada ontem (29). Ouvidos pelo Tribuna de Jundiaí, os parlamentares defenderam a posição e negaram ter cometido qualquer desrespeito.
A nota não cita o pastor Roberto Conde Andrade (REP), que também participou da estratégia traçada pela chamada “Bancada da Bíblia” – em alusão ao termo criado no Congresso Nacional para definir a união de parlamentares que pregam a defesa dos valores cristãos e da família.
Assinam o documento, que deve ser entregue ao Legislativo, responsáveis pelos movimentos Rede Valentes, Coletivo Valérias, Aliados, Promotoras Legais Populares – Jundiaí e Região e CEMP (Centro de Estudos Maria Padilha), além de Helena Alves.
“Apresentamos nosso total repúdio às atitudes dos vereadores acima citados, em razão de mais um ardil utilizado para terem a oportunidade de atacar as famílias homotransafetivas, como têm feito sistematicamente. Também repudiamos o desrespeito às funções que exercem e que lhes foram outorgadas pela população que exige, desses vereadores, o cumprimento das obrigações atinentes à vereança e ao decoro parlamentar”, destacaram os movimentos, em um dos trechos da nota.
Preconceito
As falas foram feitas na sessão após um pedido de urgência, feito por Madson, ter sido negado no Plenário. A intenção era discutir e votar uma moção de repúdio contra a divulgação de vídeo da rede de fast food Burger King, sobre ideologia de gênero (a proposta não estava na relação de projetos aptos para discussão naquele dia). A maioria votou contrária ao pedido, o que impediu a discussão do tema na sessão – que prosseguiu com a execução da pauta do dia.
Como represália, Douglas, Madson, Val e Roberto Conde usaram a discussão sobre a moção de Quézia de Lucca (PL), que tratava de apoio ao combate à violência contra a mulher, para recriminar a atitude do Burger King. “Nós não somos homofóbicos, mas tem de respeitar o padrão da Bíblia, que é homem e mulher”, disse Roberto Conde (REP).
Em outro trecho da nota, os movimentos citam perseguição dos parlamentares. “… desvirtuaram completamente um importante debate sobre o tema, para tratar de assunto alheio à moção, mas que interessa aos ditos vereadores, porque mantêm uma constante cruzada de perseguição às famílias LGBT, ao arrepio da Constituição Federal e da Lei do Racismo, que criminaliza atitudes homofóbicas”.
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O presidente da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, Cícero Camargo da Silva (PL), disse ontem que até o momento nenhuma denúncia relacionada ao episódio chegou ao conhecimento da comissão.
Outro lado
Procurados pelo Tribuna de Jundiaí, os vereadores se pronunciaram a respeito. “Votei favorável à moção (da Quézia) porque o texto converge com o que acredito, que é a pauta da família. Todo mundo sabe que a gente carrega essa bandeira. Fiz a defesa pertinente, dentro do contexto e daquilo que acredito. Não vi falta de respeito nenhuma”, comentou Madson Henrique.
“Essa campanha propagandística está bombardeando a família brasileira, para tentar moldá-la segundo as suas depravações. As apelações a que recorrem os perversores revelam o quão pouco vantajosa é a sua posição e, por isso, não podemos permitir que nos intimidem! Vamos continuar defendendo os nossos valores, a nossa moral, a nossa tradição cristã, falando sem nenhuma vergonha sobre toda essa imposição indevida. Não nos calaremos diante da ditadura do politicamente correto nem deixaremos amordaçarem as nossas bocas. Podem gastar milhões com propaganda e publicidade, podem mobilizar toda a mídia nacional e local, nada disso pode deter a força avassaladora da verdade, nem mudar aquilo que é correto”, discursou Douglas Medeiros – que é integrante da Comissão de Ética da Câmara.
Val Freitas disse que respeita a diversidade de pensamentos. “Nós não desvirtuamos a moção apresentada pela Quézia, porque é um assunto correlato e a discussão foi negada para que entrasse na pauta. Os vereadores não aprovaram a emergência e alguns cristãos votaram contra, foi isso que reclamei. Mas nós nunca desrespeitaremos o direito da pessoa de ser o que quiser, isso é homofobia. Apoiamos a moção da Quézia e aprovamos com louvor porque entendemos que a ideologia de gênero não deve ser propagada por crianças. A ação do Burger King é uma afronta à mulher, desde a criança, e tinha tudo a ver com o tema que estava sendo discutido naquele momento. Aprendemos, dentro dos valores cristãos, que devemos respeitar o outro como a nós mesmos. Não houve desrespeito”.
 
					 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		