Mulher sorrindo em ambiente interno, usando óculos, lenço colorido no cabelo e camiseta preta com a frase “Na dúvida, PRETO!”. Ao fundo, há uma mesa com uma planta e itens de escritório.
Priscila Cristiane Ferreira Honório, psicóloga do Hospital Regional de Jundiaí (Foto: Arquivo pessoal/Priscila Honório)

A saúde da população negra no Brasil é diretamente afetada por desigualdades históricas, estereótipos e barreiras estruturais que comprometem desde o acolhimento até o diagnóstico e o tratamento. Apesar dos avanços trazidos por políticas como a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), ainda existem mitos que impactam negativamente a qualidade do atendimento.

Para Priscila Cristiane Ferreira Honório, psicóloga do Hospital Regional de Jundiaí, administrado pelo Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês, reconhecer o impacto do racismo é fundamental para promover equidade. “A discriminação racial afeta o modo como as pessoas chegam aos serviços, como são acolhidas, como têm sua dor validada e até quais tratamentos recebem. Desconstruir mitos é essencial para fortalecer políticas de equidade e garantir que todos tenham acesso às mesmas oportunidades de cuidado”, afirma.

Mitos e verdades que influenciam o cuidado em saúde

A seguir, a especialista reúne seis pontos que ajudam a esclarecer conceitos fundamentais e reforçam a importância de combater o racismo também como ação de saúde.

1. Pessoas negras sentem menos dor — Mito

A ideia não tem qualquer base científica. Pesquisas mostram que parte dos profissionais de saúde, mesmo sem perceber, acredita que pessoas negras “suportam mais dor”, o que resulta em atrasos de diagnóstico e subprescrição de analgésicos, agravando o sofrimento e afetando tratamentos.

2. A população negra morre mais por causas evitáveis — Verdade

Dados indicam maior mortalidade por doenças preveníveis, como hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e complicações maternas. Essas desigualdades refletem falhas históricas de acesso e qualidade do cuidado.

3. Mulheres negras têm maior risco de morrer no parto — Mito

Embora a mortalidade materna seja mais alta entre mulheres negras, a causa não é biológica. Fatores sociais — como dificuldade de acesso ao pré-natal, subestimação da dor e discriminação — são os principais responsáveis pelo cenário.

4. Homens negros têm maior risco de câncer de próstata — Verdade

Cerca de 60% dos casos ocorrem em homens negros. Há fatores biológicos que influenciam o risco, mas questões sociais, como diagnósticos tardios e menor acesso a exames, também pesam significativamente.

5. Hipertensão é naturalmente mais frequente em negros — Mito

A maior prevalência existe, mas está ligada a desigualdades sociais, estresse crônico e menor acesso ao cuidado, não apenas a fatores genéticos. Reduzir a discussão à biologia invisibiliza o peso das desigualdades.

6. Racismo dificulta o diagnóstico precoce — Verdade

Pessoas negras enfrentam mais obstáculos para realizar consultas, exames e acessar especialistas. Essas barreiras aumentam o tempo entre os primeiros sintomas e o diagnóstico, prejudicando o tratamento de doenças crônicas, infecciosas e oncológicas.

Sobre o Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês

O Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês (IRSSL), fundado em 2008 pela Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês, atua para fortalecer e qualificar o Sistema Único de Saúde (SUS). A organização filantrópica tem como missão ampliar ações sociais e compartilhar excelência em saúde pública, guiada por valores como solidariedade, excelência e resultado. É reconhecida como uma das principais organizações sociais de saúde do país.