"Se vissem como é um paciente grave com essa doença, pensariam antes de sair"
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“Se vissem como é um paciente grave com essa doença, pensariam antes de sair”

“Insegurança, ansiedade e também a vontade muito grande de ajudar a fazer a diferença neste momento tão complicado”, destaca

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Tatiana Iamonti, é enfermeira da UTI do Hospital São Vicente de Paulo (Fotos: Arquivo Pessoal)

Tatiana Chiaramonti Iamonti, é enfermeira intensivista do Hospital São Vicente de Paulo, em Jundiaí. Aos 31 anos, ela é moradora no Caxambu junto com os pais, que têm 64 anos e pertencem ao grupo de risco.

Há 7 anos na profissão -4 como intensivista – ela trabalha no São Vicente desde o início da carreira, mas jamais imaginou que pudesse passar por algo como a pandemia de coronavírus.

Em entrevista exclusiva, Tatiana relatou o dia a dia no hospital, os cuidados e as angústias dos profissionais de saúde que enfrentam batalhas diárias para salvar vidas.

No entanto, lamentou o desrespeito, por parte de muitos, ao isolamento social.

“É muito triste e também revoltante. Acredito que muitas pessoas não entenderam a dimensão da doença”.

Confira a entrevista na íntegra:

Tribuna de Jundiaí: Como é estar na linha de frente de combate ao coronavírus?

Tatiana Iamonti: Acredito que é um misto de sensações: insegurança, ansiedade e também a vontade muito grande de ajudar a fazer a diferença neste momento tão complicado.

Tribuna: Algum dia, trabalhando na área de saúde, imaginou que algo próximo disso pudesse acontecer (em relação à pandemia)?

Tatiana: Jamais imaginei passar por isso ou por qualquer coisa parecida.

Tribuna: Como é sua rotina diária de trabalho?

Tatiana: Nessa situação específica, algumas coisas da rotina mantiveram-se normais, mas a grande maioria mudou. Como a UTI adulto se tornou uma UTI somente para pacientes confirmados ou suspeitos de Covid-19, realizamos todas as atividades na unidade. Todas as refeições são feitas na unidade. Passamos grande parte do plantão paramentados. Entramos na unidade para início do plantão e só saímos de lá para irmos para casa. O que eu vejo é que mesmo mudando algumas rotinas, todos que estão lá, estão comprometidos em fazer o seu melhor, sejam nós enfermeiros, sejam os fisioterapeutas, sejam os técnicos de enfermagem, o pessoal da higiene, os médicos e mais do que nunca queremos nos unir para passarmos por isso.

Tribuna: Vocês ficam com medo de se contaminar ou de transmitir a doença aos familiares?

Tatiana: Com certeza temos medo, não só de nos contaminarmos, mas, principalmente, de pensar que podemos transmitir para outras pessoas.

Tribuna: Quais cuidados diários você toma dentro e fora do hospital e também na sua casa?

Tatiana: Dentro do hospital: fazemos o uso constante de máscara (seja a máscara cirúrgica ou a máscara tipo N95 onde ela é indicada). Temos todo um cuidado no momento da paramentação e principalmente na desparamentação dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), pois é o momento onde estamos mais suscetíveis à contaminação. Lavamos, como sempre, constantemente as mãos, fazemos a higiene com álcool em gel. Intensificamos a limpeza do setor como um todo, principalmente as aéreas que mais tocamos: maçanetas, mouse, teclado do computador, telefone, canetas, etc. E, ao término do plantão, tomamos banho antes de vir para casa. Nos dias que não estou de plantão e preciso, por exemplo, ir ao mercado, tento praticar o que é recomendado a todos: não tocar o rosto, mantenho sempre a distância das pessoas, ando sempre com um álcool gel, as embalagens e alimentos que são possíveis lavar, lavo com água e sabão e o que não é possível, higienizo com álcool. Mantenho sempre minhas roupas separadas das roupas das demais pessoas aqui em casa e as lavo separadas. Quando chego da rua, vou direto para o banho. E me mantenho praticamente isolada dentro de casa, para evitar ao máximo o contato com meus pais.

Tribuna: Você tinha contato com os funcionários contaminados e que infelizmente morreram? 

Tatiana: Com o vigia (Fábio), eu o conhecia de vista, não tinha amizade. Com o técnico de enfermagem (Tiago) eu já tinha trabalhado junto em outro setor do hospital por um tempo. Mas, acho que independente de ter contato/amizade ou não, ter um colega nesta situação não é fácil para ninguém. Claro que quando você já tem uma ligação com a pessoa, isso se torna muito mais difícil ainda. E temos que pensar que eles, como qualquer outro paciente internado, são a família de alguém.

Tribuna: Qual recado você daria à população de Jundiaí e região?

Tatiana: Meu recado: FIQUEM EM CASA! Essa doença é séria e mata. Não é porque não vemos nosso inimigo, que ele não existe. Eu falo que se as pessoas vissem como é um paciente grave com essa doença, pensariam antes de sair. E ficar em casa não significa churrasco com amigos, reunião com toda a família, passeio dentro do mercado. Sabemos que é difícil ficar longe de quem amamos e queremos perto, mas nesse momento é necessário esse distanciamento.

Tribuna: Como é para vocês, que se arriscam todos os dias, verem notícias de que a população não esta respeitando a quarentena?

Tatiana: É muito triste e também revoltante. Acredito que muitas pessoas não entenderam a dimensão da doença, não só pelo fato da doença matar um grande número de pessoas, mas também pelo risco da sobrecarga do sistema de Saúde, como vimos acontecer na Itália, por exemplo. Sabemos que não temos leitos de UTIs e ventiladores mecânicos suficientes para toda a população .

Tribuna: Qual fato mais te tocou nesses dias de trabalho em meio à pandemia?

Tatiana: Não sei se um fato sozinho, mas muitas coisas. Ter que me manter o mais isolada da minha família, ver colegas ficando doentes, graves; ver que estamos nos esforçando ao máximo e que tem muita gente achando que tudo isso é desnecessário.

Tribuna: Quando essa crise acabar, quais serão os maiores aprendizados, na sua opinião?

Tatiana: Acho que vamos aprender a valorizar mais as pessoas, mais os encontros (seja entre família, amigos), melhorar os hábitos de higiene. E, sinceramente, eu espero que, após tudo isso, haja mais valorização aos profissionais da área da Saúde como um todo.

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