Neste domingo (11), a cidade Serrana, em São Paulo, finalizou a vacinação em massa prevista pelo Projeto S, junto do Instituto Butantan. A iniciativa inédita no país imunizou 28.380 pessoas, dos 30 mil munícipes cadastrados para receber a Coronavac. O restante dos cadastrados que não receberam a vacina (cerca de 2%), foram pessoas que desistiram entre a primeira e segunda dose.
As pessoas cadastradas e que receberam o imunizante representam 59,51%% da população de Serrana, que conta atualmente com 45.644 habitantes.
De acordo com o estudo, a imunização em massa começou no dia 17 de fevereiro, setorizada em quatro regiões diferentes da cidade. Os lotes utilizados pelo estudo foram exclusivos e não interferiram na distribuição das doses para outras cidades do país. As pessoas que foram imunizadas neste projeto serão monitoradas pelo período de um ano, com o auxílio de um programa de inteligência artificial criada com o WhatsApp.
Projeto S
A iniciativa do Instituto Butantan tem o objetivo de analisar a eficácia da Coronavac contra a transmissão da Covid19, e a queda no número de mortes pela doença na cidade. Os pesquisadores também deverão analisar a eficácia da Coronavac contra as variantes da Covid19, principalmente a do Amazonas, aproveitando a taxa de imunização da cidade, acima de qualquer outra do Brasil.
“Serrana vai ser a prova de fogo para sabermos se conseguimos controlar estes casos”, relatou Ricardo Palácios, diretor de ensaios clínicos do Butantan. A última dose da vacina do projeto foi aplicada por volta das 15h40 deste domingo.
Veja quais são os principais tópicos analisados pelo instituto para o projeto:
- eficiência da vacinação na redução de casos de Covid19 e no controle da epidemia;
- queda na transmissão do vírus de uma pessoa para outra;
- impacto na redução da carga de doença, como através da ocupação de leitos hospitalares e número de consultas médicas;
- adesão da população à vacinação, reações adversas e efeitos indiretos na economia e na circulação de pessoas;
- testar ferramentas de combate a epidemias, como um aplicativo de controle da vacinação, de acompanhamento de reações, de censo geolocalizado em tempo real, entre outros;
- interação da vacina com a variante P.1 (do Amazonas).
Não puderam ser imunizados menores de idade, gestantes ou mulheres que estão amamentando, pessoas com doenças graves e pessoas que apresentaram febre 72 horas antes da vacinação. Isso porquê essas pessoas não participaram das fases de teste anteriores dos estudos da Coronavac, portanto, não há indícios dos impactos do imunizante nestes casos. Os resultados do estudo só começarão a ser divulgados a partir de maio, segundo o instituto.
Mudanças no sistema de saúde
Mesmo não associando a imunização em massa aos impactos no sistema de saúde da cidade, profissionais dos hospitais de Serrana relatam queda nas internações e na incidência de casos graves da doença na cidade. Dados também mostram que a cidade não tem registro de intubação pela doença há cerca de duas semanas.
O efeito é esperado após a vacinação, mas o Instituto Butantan informou que ainda não é possível tirar conclusões sobre o estudo. “A vacinação não vai produzir efeito imediato. Ela precisa agir no organismo de cada um, para que se produzam anticorpos capazes de controlar a infecção”, afirmou Palácios.
Por que Serrana?
A cidade foi escolhida para ser base do projeto do Instituto Butantan por ser um município com baixo número populacional, e estar próxima de Ribeirão Preto, que é referência nacional em saúde.
Além disso, em um inquérito sorológico realizado pelo Butantan no ano passado, a cidade apresentou índices preocupantes de transmissão da Covid19.
“É um marco histórico e um divisor de águas, não só na saúde, mas no desenvolvimento econômico, social e educacional do município. Esperamos ser referência na criação de protocolos para o pós-vacinação”, diz o prefeito Léo Capitelli (MDB).