
No Brasil, cerca de 17% dos jovens entre 10 e 19 anos enfrentam algum transtorno mental, entre eles a depressão infantil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o que representa aproximadamente 5,6 milhões de adolescentes.
Esses números são do relatório “On My Mind: The State of the World’s Children“, publicado em 2021 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
E com isso, a psicóloga clínica especialista em desenvolvimento infantil e em inteligência social de Jundiaí, Natália de Oliveira Corrêa Rueda, em entrevista ao Tribuna de Jundiaí, deixa claro quais são os primeiros sinais de depressão infantil, o que os pais devem fazer e qual a melhor maneira de cuidar da saúde mental dos pequenos.
Natália explica que os sinais mais comuns da depressão em crianças é a falta de concentração, principalmente em atividades pedagógicas, dificultando a interação com os demais do grupo.
“Pode ter algo acontecendo ali com aquela criança em casa, se a criança está apresentando grande sonolência ou também a falta desse sono. A insônia demonstra que a criança está passando por alguma dificuldade, assim como a falta de apetite”, detalha o sinal de alerta.
Outro ponto que os pais devem prestar atenção é no momento das brincadeiras, segundo a psicóloga. “Se ela não tem disposição para brincar é um alerta para os pais, pois toda criança tem energia e necessita da socialização. O brincar é importante e, se ela apresenta alguma resistência, é um sinal”, completa.
No entanto, Natália conta que alguns comportamentos podem fazer parte da personalidade da criança. “Às vezes ela é mais tímida, gosta mais de brincar sozinha do que em grupo branco, então a gente precisa identificar o que faz parte dela e o que não faz, como ela se comporta no contexto família”, afirma.
A psicóloga detalha que o que pode diferenciar o traço de personalidade é quando a criança é extrovertida e começa a ficar mais quieta, mais sensível, por exemplo. Os pais devem buscar ajuda profissional para entender e sempre manter o diálogo com a criança de forma acolhedora.
Motivos que podem desencadear a depressão infantil
Natália aponta que um dos principais motivos para a depressão ambientar é mudanças e dificuldades no ambiente familiar. “As crianças muitas vezes apresentam resistência às mudanças de casa, de escola, então precisamos identificar a causa: Quais são esses fatores? O que está desalinhando a rotina dessa família? Precisamos olhar para a criança e entender o que ela está sentindo”, diz.
E também tem os fatores externos, como pandemia, redes sociais e até mesmo bullying.
Como prevenir a depressão infantil?
Para a psicóloga Natália, a prevenção é um trabalho conjunto entre profissional da saúde mental/ emocional e com os adultos, responsáveis pela criança, e que façam parte de sua rotina, como professores, tutores e familiares.
“É importante que os adultos que fazem parte desse contexto da criança, seja na casa ou escola, ajudem ela com estímulos para voltar a fazer as atividades, na socialização e conversar de forma lúdica sobre os sentimentos, principalmente na hora de dormir”, detalha Natália.
Todas essas atitudes ajudam a criança a ficar mais calma e mais à vontade para se abrir com os pais. “O diálogo é onde começamos a identificar o que a criança está passando e conduzi-la a lidar com os seus desafios da melhor forma”, explica Natália.
E vale lembrar que para a confirmação do diagnóstico é necessário realizar uma consulta com o pediatra, neuropediatra ou psiquiatra infantil, pois somente eles podem dar um direcionamento do diagnóstico e entender se virou algo patológico ou não.
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