Foto de pessoa acendendo baseado
‘Relatório Mundial sobre Drogas 2020’ divulgado na quinta-feira, 25 de junho (Foto: Reprodução/Agência Brasil)

O ‘Relatório Mundial sobre Drogas 2020’ divulgado na quinta-feira (25) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) mostra o impacto da pandemia do novo coronavírus no tráfico e uso de entorpecentes.

Segundo o documento, o fechamento de fronteiras e restrições relacionadas à pandemia causaram escassez de drogas nas ruas, levando ao aumento de preços e à redução da pureza.

“Podem surgir padrões de uso mais prejudiciais à medida que alguns usuários passem para o uso da injeção, ou injetem com maior frequência”, diz relatório.

No entanto, com o aumento do desemprego e a falta de oportunidade no atual cenário, as classes mais pobres se tornaram mais vulneráveis ao uso e ao tráfico e cultivo de drogas para garantir o sustento, aponta relatório.

“A crise da Covid-19 e a retratação econômica ameaçam agravar ainda mais os riscos das drogas, quando nossos sistemas sociais e de saúde estão à beira de um colapso e nossas sociedades estão lutando para lidar com esse problema”, disse a diretora-executiva do UNODC, Ghada Waly.

Ainda de acordo com o relatório, 269 milhões de pessoas usaram drogas no mundo em 2018 – aumento de 30% em comparação com 2009. Além disso, mais de 35 milhões de pessoas sofrem de transtornos associados ao uso de drogas.

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Combate

Valter Schüller, membro do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas (COMAD) de Jundiaí, especialista em dependência química e ex- dependente químico, conta que é muito difícil sair do vício.

Homem palestrando
Valter durante uma de suas palestras de combate às drogas (Foto: Arquivo Pessoal)

Para ele, a principal forma de combate ao consumo de drogas é a criação e implantação de políticas públicas sobre drogas, principalmente a prevenção. Dentre os programas, Valter cita o Programa Educacional de Resistência às Drogas e a Violência (PROERD), feito pela Polícia Militar nas escolas há muitos anos.

A atuação da família também é um dos pontos destacados pelo profissional. “A família deve ser presente no papel de esclarecimento. Tanto a família, quanto a escola e o poder público devem se unir nesse combate. A união de forças na prevenção é o melhor caminho. Cada real gasto em prevenção são vários reais economizados em tratamento”, diz.

Para as famílias, cada sinal deve ser olhado com atenção. “É necessário que sejam avaliadas mudanças de comportamento. Os pais conhecem os filhos e às vezes atribuem a mudança de comportamento à adolescência, mas muitas vezes não é só isso. É prestar atenção realmente, ver se há mudança de atitude, mudança no círculo de amizades. E também olhar sinais físicos, como olhos vermelhos e pupila dilatada”, continua o especialista.

E, em casos de consumo de drogas, o diálogo é sempre primordial, afirma Valter. Mas, se não for o suficiente, devem ser buscados profissionais. “Psicológicos, psiquiatras, para entender um pouco mais. E, em alguns casos, também deve ser buscada a internação. Além do dependente químico, a família também deve buscar ajuda, já que quem costuma conviver com a situação de perto acaba adoecendo também. Todos precisam de apoio psicológico”.

Por fim, Valter cita a importância dos grupos de autoajuda, tanto para usuário, quanto família. “Aqui em Jundiaí existem 3 grupos de Alcoólicos Anônimos e 5 de Narcóticos Anônimos. Também existem dois grupos para famílias, o Nar-Anon  e o Amor Exigente”, finaliza.