
Nesta sexta-feira (29), Dia Nacional do Combate ao Fumo, o Tribuna de Jundiaí entrevistou a cardiologista Dra. Vanessa Pesciotto, do Hospital Regional de Jundiaí e do AME Jundiaí, sobre os riscos que o tabagismo representa para a saúde do coração.
Uma pesquisa recente do Ministério da Saúde mostrou que a prevalência de mulheres brasileiras fumantes de cigarro eletrônico quase dobrou, passando de 1,4% para 2,6% entre 2023 e 2024. Além disso, o público feminino também contribuiu para o aumento no consumo de cigarros convencionais, que saltou de 7,2% para 9,8%.
A “nova epidemia” do cigarro eletrônico
De acordo com a especialista, “vivemos uma nova epidemia disfarçada de modernidade, que atinge pacientes cada vez mais jovens com a falsa impressão de não haver riscos para a saúde”.
Ela explicou que estudos já revelam níveis de nicotina até seis vezes maiores em usuários de cigarros eletrônicos, quando comparados a fumantes de cigarro convencional. Um levantamento recente do Incor, em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, apontou dados preocupantes, como aumento da pressão arterial, aceleração do processo degenerativo dos vasos sanguíneos, arritmias, maior prevalência de asma, distúrbios de ansiedade e depressão, além da associação direta com AVCs, tromboses e diferentes tipos de câncer.
Riscos em todas as fases da vida da mulher
A médica ressaltou que o tabagismo traz impactos graves em todas as fases da vida da mulher. “A gestante que fuma aumenta o risco de complicações como tromboses, hipertensão, embolias, partos prematuros e recém-nascidos pequenos para a idade gestacional”, disse.
Segundo ela, quando a exposição à nicotina começa já na adolescência, o corpo jovem inicia precocemente um processo inflamatório nos vasos sanguíneos, acelerando o envelhecimento e favorecendo o surgimento de doenças como hipertensão e aterosclerose.
Pesciotto alertou ainda que mulheres em idade reprodutiva têm risco aumentado de trombose, hipertensão, infartos e embolias, especialmente quando o tabagismo está associado ao uso de contraceptivos hormonais. O hábito de fumar também está ligado ao surgimento de menopausa precoce.
A cardiologista lembrou ainda dos efeitos do tabagismo passivo, que expõe crianças e adultos a riscos semelhantes aos de quem fuma diariamente.
O mito do cigarro eletrônico “menos nocivo”
A especialista destacou que muitas pessoas ainda acreditam que os cigarros eletrônicos são menos nocivos, mas a realidade é oposta. “O início geralmente se dá em populações mais jovens, despertadas pela curiosidade. A maioria não associa o cigarro eletrônico à nicotina pelo fato de não produzirem fumaça com odor do cigarro convencional”, afirmou.

Do ponto de vista cardiológico, ela reforçou que esses dispositivos expõem jovens a níveis ainda mais altos de nicotina, acelerando o desenvolvimento de graves doenças cardiovasculares e respiratórias.
Estratégias de combate e políticas públicas
Pesciotto defendeu a importância de políticas públicas de educação e lembrou que “a comercialização e o consumo de cigarros eletrônicos são proibidos no Brasil”. Para ela, além de conscientizar jovens usuários, é fundamental envolver seus responsáveis e adultos que ainda acreditam que o dispositivo não causa dependência.
Dez passos para parar de fumar
A médica reforçou as recomendações do Ministério da Saúde para quem deseja abandonar o cigarro. Entre os passos estão:
- Ter determinação;
- Marcar um dia para parar;
- Cortar os gatilhos do fumo;
- Escolher um método de apoio;
- Encontrar substitutos saudáveis;
- Evitar pensar em cigarro;
- Buscar apoio de amigos e familiares;
- Melhorar a alimentação;
- Procurar acompanhamento médico;
- Participar de grupos de apoio.
Ela lembrou que “todos os médicos — cardiologistas ou não — conhecem os riscos do tabagismo e precisam orientar os pacientes de forma clara, aproveitando todas as oportunidades para tratar o hábito como a doença que é, oferecendo alternativas medicamentosas e não medicamentosas”.
O desafio da dependência
Apesar das campanhas e tratamentos disponíveis, a dependência química da nicotina torna o processo desafiador. “Infelizmente, a nicotina é uma droga potente e muitos pacientes, mesmo motivados, apresentam recaídas. O importante é não desistir”, ressaltou.
Segundo ela, compreender que o cigarro é um inimigo da saúde é o primeiro passo. Em seguida, é fundamental contar com suporte profissional para entender o contexto da recaída e seguir tentando. “Não existe fórmula mágica, mas há várias opções de tratamento. Muitas vezes não se consegue na primeira tentativa, mas as tentativas não podem ser abandonadas”, destacou.
Informação e futuro
Para a cardiologista, a informação é a principal arma contra o tabagismo. Ela defendeu políticas públicas consistentes, manutenção da proibição da venda e consumo de cigarros eletrônicos e ações educativas desde a infância.
“A vida de uma mulher passa por várias fases e, em todas elas, fumar não causa apenas prejuízos à própria saúde, mas também impacta quem convive ao seu redor. Não se trata apenas de escolhas individuais, mas da proteção de um futuro com menos infartos, AVCs e mortes por doenças evitáveis”, concluiu.

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