À esquerda, Enzo em tratamento para receber a doação de medula óssea; à direita Enzo pós-transplante.
Enzo está curado e saudável (Foto: Arquivo pessoal)

Neste sábado, 21 de setembro, é comemorado o Dia do Doador de Medula Óssea e não poderíamos relembrar a história de Enzo e seu irmão gêmeo, Pedro, que foi o seu doador de medula óssea. 

Enzo enfrentou uma batalha entre 2019 a 2020 contra a leucemia, quando tinha apenas 5 anos, passando pelo Grendacc, hospital referência em oncologia infantil de Jundiaí. Em busca de sua cura, uma onda de solidariedade se fortificou em busca de conseguir o valor do remédio blinatumomab, que não era fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) naquela época. 

Com o medicamento em mãos, o transplante foi realizado e foi um sucesso. Hoje, Enzo está saudável e totalmente curado, prestes a tocar o sino da vitória e, em entrevista ao Tribuna de Jundiaí, sua mãe Rosana Nunes conta como foi todo esse processo e a importância da doação de medula óssea. 

Enzo durante internação (Foto: Arquivo pessoal)

“Eles são unidos desde o ventre até a medula”

Rosana explica que os primeiros dias após o transplante foram de cuidado extremo com idas e vindas ao hospital para estar monitorando a medula, realização de exames e, claro, cuidar da alimentação e seguir repouso. “A recuperação foi perfeita e ele não teve nenhuma complicação”, recorda.

Enzo precisou de uma dieta especial nessa recuperação pós-transplante (Foto: Arquivo pessoal)

Mas antes de chegar neste período de recuperação, Rosana contou que teve dúvidas em passar por esse processo com o seu outro filho e afirma que, mesmo ele sendo muito pequeno, ela sempre conversou e tentou explicar de uma maneira que ele entendesse que ele salvaria a vida do irmão. 

“Eu sabia que para salvar um filho o outro tinha que internar para realizar o procedimento e, eu como mãe, fiquei com dúvidas e medo porque não queria arriscar meu outro filho, mas tivemos muitas conversas com profissionais sobre como seria o processo e eles falaram que não teriam riscos para o doador”, detalha. 

O procedimento consiste em retirar células do sangue do doador. A recuperação seria de até dois dias. “Não teria nenhum corte profundo ou perigo para a sua saúde e isso aliviou meu coração de mãe”, afirma Rosana. 

A família no Hospital de Amor, em Barretos – SP (Foto: Arquivo pessoal)

Agora para o Enzo, a preocupação não foi embora. “Mesmo sendo irmão com uma medula 100% compatível ainda existia um pequeno risco de rejeição, mas graças a Deus foi perfeito e muito bem acompanhado lá no Hospital de Amor, em Barretos. Lá é referência em transplante e fomos bem atendidos e cuidados”, completa Rosana. 

A medula pegou com 9 dias, segundo a mãe de Enzo (Foto: Arquivo pessoal)

Rosana ainda recorda que os filhos ficaram separados por alguns meses devido ao isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19, o Enzo precisava evitar ao máximo a exposição por conta dos riscos. 

Veja o momento do reencontro de Enzo com o seu irmão, doador de medula óssea:

Enzo reencontra seu irmão Pedro, seu doador, após meses sem se ver devido à pandemia (Foto: Arquivo Pessoal)

Hoje eles estão com 9 anos e são inseparáveis e Rosana destaca a importância de ser um doador de medula e em saber que o doador não corre riscos.

Enzo e Pedro estão com 9 anos (Foto: Arquivo Pessoal)

“A alegria de saber que eles são unidos desde o ventre até a medula é uma grandeza de Deus, um renascimento. Sempre falo para o Pedro sobre a sua importância na vida do irmão. Uma médica do Grendacc disse que ganhei na loteria quando soube que o irmão era compatível e eu ganhei mesmo com essa benção. Espero que muitas outras pessoas possam encontrar o seu salvador”, finaliza. 

Enzo e Pedro em passeio pela cidade (Foto: Arquivo pessoal)

Como ser um doador de medula óssea?

Atualmente, há duas formas de realizar a doação de medula óssea, sendo por punção ou aférese. 

  • A punção é um procedimento realizado sob anestesia e a medula óssea é retirada do interior do osso da bacia. É necessário fazer a internação de 24 horas e o pós-procedimento pode ser dolorido nos primeiros dias. 
  • A aférese é um método que o doador de medula utiliza uma medicação por 5 dias, aumentando a produção de células-tronco no sangue. A doação é feita pela máquina de aférese que colhe o sangue de duas veias do doador, separando as células-tronco e devolvendo componentes do sangue. O procedimento não necessita de internação ou anestesia.

E hoje, das 10h às 14h, o Grupo Medula Óssea Jundiaí, está realizando o cadastramento de novos doadores de medula no Sesc Jundiaí (Av. Frederico Antônio Ozanan, 6600), em parceria com o Hemocentro da Unicamp. 

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