Pequena jundiainse que nasceu com 560 gramas é considerada milagre da medicina 1
Pequena jundiainse que nasceu com 560 gramas é considerada milagre da medicina 1

A pequena Isabella de Aguiar é considerada um verdadeiro “milagre médico” pela equipe do Hospital Universitário (HU) de Jundiaí: ela nasceu com apenas 25 semanas e 560 gramas. Depois de 102 dias internada, a bebê recebeu alta na última semana.

Considerada um caso médico raro, já que bebês com essa idade gestacional poucas vezes sobrevivem, o dia em que Isabella pôde ir para casa com a mãe foi de muita alegria entre a equipe do hospital, que preparou uma surpresa para toda a família.

A médica pediatra Aline Nunes Neves Ranielli, que trabalha há 11 anos no hospital, diz que nunca tinha vivenciado um caso assim de perto. Isabella é o menor bebê que já nasceu no HU.

“É como se a gente tivesse presenciado um milagre. Falando em estatísticas, a probabilidade de sobrevivência é muito baixa. A prematuridade por si só já é uma doença muito perigosa, já que os órgãos do bebê não estão formados e se formam fora do ambiente adequado, que é o útero da mãe”, explica.

Isabella nasceu tão prematuramente porque sua mãe, Ellen Cristina de Aguiar, de 36 anos, teve uma complicação grave de pressão arterial elevada durante a gravidez, a chamada Síndrome de HELLP, uma condição rara.

Por conta disso, o parto foi adiantado para a 25ª semana, já que havia graves riscos para Ellen e para Isabella caso a gestação continuasse.

Depois do parto, foram longos 102 dias, acompanhando de perto cada mínima etapa do desenvolvimento de Isabella e cada grama que ela ganhava de peso.

“Por isso a alta dela foi muito emocionante para todos nós. Ainda mais que ela teve poucas sequelas. Então, ela tem o potencial para crescer sem mais complicações”, analisa.

“No momento ela ainda está dependente do oxigênio, estamos fazendo outros acompanhamentos, mas ela sobreviveu e foi para casa”, continua a pediatra.

Isabella ainda bem prematura, em fase de desenvolvimento (Fotos: Arquivo Pessoal)

A mãe de Isabella diz que no início não acreditava que sua filha pudesse sobreviver.

“Logo que ela nasceu e eu pude ver ela na UTI, vi ali que a situação era muito crítica. Ela era muito pequena, eu nunca tinha visto um bebê tão pequeno. Passar por isso é diferente, eu não acreditava que ela poderia sobreviver”, conta.

Mas, aos poucos, a equipe dava o melhor de si para fazer com que Isabella sobrevivesse. Nesse momento, de acordo com Ellen, o apoio de todos foi imprescindível.

“Eles sempre me deram muita força, me diziam para ter força e fé. Então nesse início ela precisava amadurecer o pulmão, ganhar peso. Mas é um dia após o outro, uma luta diária. Tinha dias que ela ganhava 5 gramas, tinha dias que não ganhava nada”, relembra.

Mesmo com toda a dificuldade, a pequena Isabella lutou com todas suas forças para sobreviver. “Ela lutou muito. E às vezes eu mesma quase perdia a força, mas ela abria os olhinhos e me dava esperanças para continuar”, comemora.

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“Sair como ela saiu, perfeita, sem sofrer com nenhuma bactéria ou uma sequela grave… É um milagre. Eu acredito que se Deus trouxe ela aqui, é porque ela tem um propósito”, continua a mãe.

Durante os 102 dias de internação, a mãe diz que o calor humano da equipe do hospital foi primordial. “Eles sempre foram sensacionais, observavam ela em cada mínimo detalhe. E no dia da alta ainda teve aquela surpresa. Foi muito emocionante. Um misto de vários sentimentos”.

À esquerda, Isabella já maior e, à direita, ela com a pediatra no dia de sua alta (Fotos: Arquivo Pessoal)

Para a pediatra, o caso de Isabella foi um êxito excepcional para a equipe médica, em um hospital do SUS (Sistema Único de Saúde).

“Pensar que a gente conseguiu oferecer isso para ela, em um hospital gratuito, é muito gratificante”, diz.

Em casa desde sexta-feira, Isabella passou o primeiro final de semana com a família fora do hospital. Ellen diz que foram dois dias de grande alegria.

“Foi maravilhoso, só festa, festa e mais festa. Eu não saí de perto dela. Em casa você pega, beija. Tem sido incrível ela aqui em casa”, conta a mãe que, com muita alegria, pode finalmente aproveitar sua filha em casa, sempre pertinho.

“Só de olhar ela dormindo eu fico feliz”, finaliza Ellen.