Foto: Hospital São Vicente
Foto: Hospital São Vicente

Em um cenário onde as redes sociais se tornaram uma fonte predominante de informação, é crucial questionar a qualidade e a veracidade dos conteúdos consumidos. As plataformas digitais oferecem uma vasta gama de informações, desde entretenimento e notícias relevantes até a disseminação de fake news.

Recentemente, a Neurodiversidade, conceito que abrange diferentes modos de funcionamento da mente humana, incluindo o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), tem sido mal interpretada, causando confusão entre a população. O neurocirurgião Dr. Denis Isao Ueoka, do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), destaca a importância de um diagnóstico clínico adequado, afastando a possibilidade de autodiagnósticos baseados em suposições.

TDAH ou desatenção natural?

A vida moderna, repleta de sobrecarga de informações e situações estressantes, frequentemente leva à distração, uma resposta natural do ser humano a tais estímulos. No entanto, nem todas as distrações indicam TDAH. O transtorno neurobiológico, de causas genéticas, é caracterizado por sintomas como falta de atenção, inquietação e impulsividade, surgindo na infância e podendo persistir na vida adulta. Um diagnóstico correto e o tratamento adequado são essenciais, pois o TDAH pode impactar significativamente o desenvolvimento do paciente.

“Existe uma região do cérebro responsável por inibir alguns comportamentos. Na criança, é bastante comum a distração excessiva. Elas ficam com as mãos e pés agitados, inquietas e têm dificuldade de permanecer sentadas, especialmente durante atividades escolares, além de apresentarem dificuldade de seguir instruções e cumprir tarefas. Cabe aos professores observar esses comportamentos e aos pais ficarem atentos, especialmente se houver histórico familiar”, explica Dr. Denis.

Causas e fatores de risco

Embora não haja estudos conclusivos que confirmem a transmissão genética do TDAH, há uma prevalência maior entre parentes de crianças com a condição. Pesquisas indicam que gêmeos univitelinos têm uma maior tendência a manifestar a doença, mas a causa genética exata permanece incerta. “Outros possíveis fatores etiológicos incluem o uso de álcool e drogas durante a gravidez, sofrimento fetal e exposição ao chumbo, embora nenhuma dessas causas tenha uma evidência sólida como principal responsável pelo desenvolvimento do TDAH”, comenta Dr. Denis.

Tratamento

A terapia cognitivo-comportamental é uma das abordagens principais para o tratamento do TDAH. A colaboração com psicoterapeutas e, em alguns casos, fonoaudiólogos é essencial para investigar outras condições, como déficits auditivos. As técnicas de terapia cognitiva ajudam a aumentar a capacidade de atenção e a desenvolver as atividades propostas. É fundamental que essas ações sejam bem direcionadas, pois crianças com TDAH se dispersam facilmente e têm uma necessidade constante de interromper atividades.

Além da terapia, medicamentos específicos são frequentemente usados para ajudar a melhorar o desempenho das crianças, reduzindo a impulsividade e a hiperatividade e aumentando a concentração. No entanto, Dr. Denis alerta sobre o uso irresponsável de medicações como a Ritalina, especialmente entre adultos que, devido a dificuldades no trabalho, ansiedade ou depressão, recorrem ao uso inadequado do medicamento. “Embora existam adultos com TDAH, é essencial uma avaliação criteriosa para identificar os fatores que contribuem para o baixo desempenho. O acompanhamento médico é indispensável”, conclui Dr. Denis.