Os violeiros de Jundiaí, Marina Ebbecke e Gabriel Souza, foram selecionados entre os 50 violeiros do Estado de São Paulo e garantiram o prêmio na primeira etapa do concurso Revelando São Paulo, considerado o maior festival de cultura tradicional e de raiz do Estado. A partir desta terça-feira (15) Marina e Gabriel concorrem também ao prêmio de votação popular com seus vídeos.
Marina Ebbecke detalha que o festival Revelando SP é uma iniciativa da Associação Paulista Amigos da Arte, através do governo do Estado de São Paulo, e faz parte do parte do programa “Juntos pela Cultura 2020”. Trata-se de uma festa popular que reúne a pluralidade da mesa paulista, assim como o artesanato, a música, o folclore e as danças tradicionais de várias regiões.
Cerca de 250 grupos participam do evento, incluindo grupos de batuques, folias, jongos, congos, cururus, comunidades indígenas, irmandades religiosas, quilombolas, violeiros e orquestras de violas, ciganos, fandangos.
Neste ano, por conta da pandemia, ela conta que uma das alternativas encontradas para realizar o evento de forma virtual foi o Concurso de Viola Caipira Revelando São Paulo, aberto a todos os violeiros moradores do Estado de São Paulo. Para isso, cada violeiro poderia enviar uma vídeo performance de até 20 minutos tocando o instrumento.
(Foto: Luiz Silva)
“O Revelando é um evento importante de tradição paulista que acontecia em São Paulo todo ano. Para nós é muito importante participar pois é um reconhecimento a nível estadual. Esperamos que esta oportunidade abra bastante portas na carreira”, afirma a violeira que participou da final do concurso dia 5 de dezembro no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, em um evento que foi transmitido de forma online pela ViradaSP Santa Bárbara do Oeste pela plataforma Cultura Em Casa. Os 10 violeiros finalistas se apresentaram para um corpo de jurados formado por violeiros e especialistas em cultura popular.
Segundo Gabriel Souza, uma das novidades desta edição do concurso foi a abertura dada à viola instrumental. “Os concursos geralmente têm como foco as duplas caipiras e a música raiz. Esse me parece que foi mais aberto à diversidade que é a viola no Estado de São Paulo. Ter ficado entre os 50 é uma honra imensa e me deixa bastante feliz e motivado para buscar mais espaço na cena da viola instrumental. Outra alegria imensa é ver minha parceira de viola estar entre as 10 finalistas. Espero que esse e outros festivais sejam cada vez mais recorrentes no meio da viola caipira”, celebra.
Marina avalia que atualmente a viola caipira vive um momento rico com várias vertentes de atuação artística, diversidade de estilos e abordagens com o instrumento. “Participar do concurso é enriquecedor, pois tem instrumentistas excelentes representando essa diversidade. Agora é torcer para conseguirmos a premiação através da votação popular”, comenta.
Para Gabriel, é uma honra estar entre os 50 selecionados para a etapa de votação popular junto com tantos outros violeiros tão talentosos. “É um grande incentivo para continuar fazendo a música da maneira que acredito. Agora espero que os jundiaienses nos ajudem com seus votos para que ou eu ou a Marina possamos trazer este prêmio da votação popular aqui para Jundiaí.”
Conheça Marina e Gabriel
Marina Ebbecke é violeira, bacharel em viola brasileira pela Universidade de São Paulo, onde teve como professor o violeiro e pesquisador Ivan Vilela. Participou da fundação da Orquestra de Violeiros Terra da Uva em 2011 onde atuou como violeira e produtora até 2019. Atua profissionalmente como professora particular de viola caipira e é parte do corpo docente da Associação de Música Pio X.
Em 2017 realizou estágio como arte-educadora na exposição “O Grivo – Objetos de Medida” no Sesc Jundiaí. Trabalhou também com o Sesc Campo Limpo, nas oficinas de musicalização do “Clube da Viola”, em maio, outubro, novembro e dezembro de 2019. Desde 2017, junto com Gabriel Souza, é anfitriã e produtora do “Violada – Circuito Autoral das Violas Brasileiras” em Jundiaí.
A música e a viola de Marina Ebbecke refletem um pouco da personalidade “estradeira” da violeira, já que além de usar a linguagem tradicional do instrumento aprendida com a música caipira, as canções se constroem estética e poeticamente a partir de todas as outras fontes musicais das quais ela bebeu.
Gabriel Souza é violeiro e violonista, tem formação em viola caipira e violão erudito pela EMESP, cursou Graduação em Música na UNESP e Mestrado na Faculdade de Educação da USP. Atuou como violeiro no grupo Massapê entre os anos de 2012 e 2013. É integrante da Orquestra Filarmônica de Violas desde 2012 tendo participado, em 2016, da gravação do disco Encontro das Águas.
Em 2017, passa a trabalhar junto com a também violeira Marina Ebbecke, fazendo trabalhos com viola instrumental, canções autorais e também música tradicional caipira. É mestre em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, licenciado em Educação Musical pelo Instituto de Artes da UNESP. Desde 2017, junto com Marina Ebbecke, é anfitrião e produtor do “Violada – Circuito Autoral das Violas Brasileiras” em Jundiaí.
Influenciado por grandes violeiros contemporâneos como João Paulo Amaral, Ivan Vilela, Roberto Corrêa, Ricardo Vigninni e Neimar Dias, Gabriel busca sua própria identidade como artista e violeiro buscando explorar possibilidades melódicas e harmônicas que ora caminham por dissonâncias e ritmos pouco utilizados na música tradicional de viola, ora buscam homenagear os belos duetos em duas vozes eternizadas no cancioneiro caipira. Além de composições para viola solo, Gabriel compõe também duos de viola que trabalham com variações de timbre e intensidade que buscam estabelecer um verdadeiro diálogo entre duas violas.
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