Dia Mundial da Água: cachoeiras da Serra do Japi lutam contra o desrespeito
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Jundiaí

Dia Mundial da Água: cachoeiras da Serra do Japi lutam contra o desrespeito

Excursão e até churrasco já foram flagrados pelos GMs da Divisão Florestal, responsável por cuidar do Castelo de Águas da Serra do Japi

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Preservação ambiental passa, antes de tudo, pela conscientização das pessoas: natureza agradece (Foto: Tribuna de Jundiaí)

Ter uma reserva ambiental praticamente ao lado de casa é, antes de tudo, um privilégio. Mas, também, motivo de muita preocupação. Para celebrar o Dia Mundial da Água, comemorado nesta segunda (22), o Tribuna de Jundiaí mostra o trabalho realizado pela Divisão Florestal da Guarda Municipal de Jundiaí (GMJ) para preservação do “Castelo de Águas” da Serra do Japi e os desafios enfrentados com quem insiste em desrespeitar este santuário natural. Até excursão com ônibus fretado e churrasco já foram flagrados próximo às cachoeiras.

Guiada pelo subinspetor Darlei Antônio, responsável pela Divisão Florestal, e pelo GM André Santos, a equipe do Tribuna de Jundiaí percorreu alguns trechos de terra para chegar a três das principais cachoeiras existentes na Serra: Macumba, Curva e Morangaba. Todas estão localizadas na região do bairro Santa Clara, divisa com Cajamar.

Veja o vídeo:

No local existem várias nascentes com um único curso d’água que leva às cachoeiras. As placas existentes ao longo da avenida Luiz Gobbo orientam sobre a proibição de acesso nas propriedades e também para que não se pratique desmatamento, caça ou manifestações religiosas. No entanto, os abusos são facilmente identificados.

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Cachoeira da Macumba é um lindo cartão postal da Serra do Japi (Foto: Tribuna de Jundiaí)

Churrasco

Na mata, logo ao entrar na trilha para chegar à primeira cachoeira, foi possível identificar latas de cerveja e sacos plásticos. Um pouco mais à frente se via uma garrafa de cachaça, louças quebradas, plástico e velas. “Quando encontramos alguém, a primeira coisa a fazer é orientação. Explicamos que a pessoa não deve estar ali e, principalmente, não deixar nada que possa comprometer a integridade da mata e dos animais. Mas até churrasco já flagramos, aqui”, revelou Darlei.

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Darlei Antônio, subinspetor da Divisão Florestal, mostra local com oferenda (Foto: Tribuna de Jundiaí)

A Cachoeira da Macumba leva este nome justamente porque o local é muito procurado para realização de oferendas religiosas. Em algumas dessas situações, segundo o subinspetor, são deixados alimentos. “Vejam que neste local onde nós estamos a terra foi remexida, provavelmente porque havia comida e algum animal a ingeriu”, comentou.

Na curva

Na Cachoeira da Curva, a situação não foi diferente. Próximo às águas estava um prato com flores, frutas e velas. Ao lado dele, uma garrafa de bebida alcoólica. Uma marmitex também evidenciava que alguém se alimentou ali e abandonou a embalagem. Um pouco à frente, em dois pontos próximos a uma queda d’água havia carvão. A churrasqueira foi improvisada com pedras.

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Curso d’água próximo à avenida Luiz Gobbo leva à Cachoeira da Curva, na Serra (Foto: Tribuna de Jundiaí)

Localizada à margem da avenida Luiz Gobbo, a cachoeira tem este nome porque o ponto de maior visitação fica numa curva. A passagem estreita serve de circulação para veículos de grande porte, como ônibus e caminhões. No sentido de evitar que veículos parassem ali por causa da cachoeira, atrapalhando o trânsito, a Prefeitura reforçou a sinalização com placas de proibido estacionar. Todas, no entanto, foram arrancadas pelas pessoas que insistem em frequentar ali.

Morangaba

O último ponto visitado foi a Cachoeira de Morangaba, a mais famosa até pela história que carrega. A área era particular e reunia muitas pessoas aos finais de semana, que pagavam para se refrescar na cachoeira, na década de 1980. Devido aos acidentes e mortes ocorridas após quedas das pedras, a Prefeitura de Jundiaí desapropriou a área e a manteve desde então fechada à visitação.

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Na década de 1980, cachoeira foi palco de acidentes: desapropriação para evitar mortes (Foto: Tribuna de Jundiaí)

No local, o portão com cadeado e uma placa já identificam que o local não deve ser frequentado. Mesmo assim, foi possível encontrar embalagens de marmitex, garrafas, chinelos e até máscaras de proteção contra a Covid19.

Excursão

Em uma rápida procura nos sites de busca é possível localizar publicações que retratam as belezas das cachoeiras e até incentivam as pessoas a se aventurar e nadar nestes locais. Nos aplicativos de GPS, algumas cachoeiras estão identificadas com fotos e avalições de quem já as visitou. Um incentivo e tanto para fomentar as visitas que, sem autorização, não devem acontecer.

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Mesmo com alto risco de incêndio, pessoas insistem em fazer churrasco nas cachoeiras (Foto: Tribuna de Jundiaí)

“É possível, sim, conhecer as trilhas e cachoeiras, mas tudo de maneira correta e previamente autorizada. No momento, por causa da pandemia, todas as visitações estão suspensas“, destacou Darlei.

Toda esta exposição levou ao absurdo dos guardas municipais terem encontrado, certa vez, um ônibus fretado com dezenas de passageiros prontos para invadir a área de preservação. “Era um pessoal de outro município. Impedimos a descida das pessoas e orientamos o responsável pela excursão que aquilo não era permitido”.

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Antiga bilheteria ainda resiste ao tempo na Cachoeira de Morangaba: agora, área protegida (Foto: Tribuna de Jundiaí)

Cuidar da natureza

Procurado pelo Tribuna de Jundiaí, o babalorixá Salvador Maria, dirigente do Templo de Umbanda Caboclo Flecha Ligeira e diretor fundador da UNI Terreiros (União das Comunidades de Terreiros de Jundiaí e Região), explicou que tudo o que foi visto na Serra do Japi em relação às oferendas está em desacordo com o que a religião prega.

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Salvador Maria (Foto: Arquivo Pessoal)

“A água, para nós e para todos os seres vivos, é de fundamental importância. Nós a usamos (nos rituais) em praticamente tudo: nos banhos, nas oferendas… pois é uma tradição que passa de pai para filho, vinda dos nossos ancestrais. Ela precisa ser de boa procedência, o que não quer dizer que essa que usamos para o consumo do dia a dia não seja. Mas ela passa por diversos tratamentos, além de vir por canos de ferro. Por isso não a usamos”, destacou.

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Babalorixá critica quem deixa oferendas na Serra: “Sem a mata e as águas, não existe axé” (Foto: Tribuna de Jundiaí)

“Até por isso, aprendemos que é preciso preservar a água e as matas, pois sem isso não temos axé. Sobre as oferendas que estão sendo feitas na Serra, não está correto. Não estamos fazendo nenhum trabalho espiritual desde o ano passado, por conta da pandemia, então não faz sentido essas pessoas estarem indo lá. E mesmo que estivéssemos fazendo, a orientação é de que não se acenda vela, não coloque comida nem resíduo algum. Fui bombeiro e sei o perigo que isso acarreta”, completou Salvador.

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Água é utilizada em vários rituais da Umbanda: respeito ao meio ambiente (Foto: Tribuna de Jundiaí)

De acordo com ele, muitas pessoas vêm para Jundiaí com este intuito, completamente alheias à necessidade de preservar o meio ambiente. “É uma parcela pequena, que vem de terreiros de outras cidades e nós daqui é quem pagamos o pato, infelizmente. Temos constantes reuniões com biólogos, discutimos sempre esses e outros temas com a Universidade Federal da Bahia e sabemos o que deve ou não ser feito”.

O babalorixá elogiou o trabalho da Guarda Municipal de Jundiaí e pediu que haja mais debates a respeito do tema. “Sentimos falta disso, de realizarmos encontros que se fale a respeito, discuta soluções. Porque se a pessoa está orientada e mesmo assim faz o errado, ela é passível de punição. Devemos lutar sempre pela preservação do meio ambiente”.

Castelo de águas

Toda a área de preservação é descrita pela Fundação Serra do Japi (órgão da Prefeitura de Jundiaí) como um raro remanescente de Mata Atlântica no interior do Estado de São Paulo.

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Área total da Serra do Japi é de 350 km², dividida entre Jundiaí, Cajamar, Cabreúva e Pirapora (Foto: Prefeitura de Jundiaí)

“De beleza paisagística inegável, formada por uma pequena cadeia montanhosa, a Serra do Japi possui uma formação rochosa composta por diferentes tipos de solo. Sua riqueza hídrica – fator que levou a denominação de ‘castelo de águas’ por parte dos naturalistas europeus, conforme relata o professor Aziz Ab’ Saber, numa clara referência à qualidade e à quantidade de água da região”, diz o texto de apresentação, publicado no site da fundação.

Considerada “Reserva da Biosfera da Mata Atlântica” pela Unesco, está localizada entre os municípios de Jundiaí, Cabreúva, Pirapora do Bom Jesus e Cajamar, a Serra do Japi estende-se por um total de 350 Km². Desse total uma área de 191,7 km² foi tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo).

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