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Jundiaí

Com trabalho dobrado, motoboys de Jundiaí recebem menos e ameaçam greve: “Não é justo”

Trabalhadores cobram melhoria das condições para que os profissionais possam exercer suas atividades com “o mínimo de dignidade possível”

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Lia, Carlos e Cristiane: "Todos acham que o motoboy está ganhando muito dinheiro neste tempo, mas não é bem assim" (Fotos: arquivo pessoal)

Uma das classes trabalhadoras mais requisitadas da atualidade devido à pandemia da Covid-19, os motoboys de Jundiaí ameaçam uma paralisação em massa no próximo feriado de 1º de maio.

A concentração será em frente ao Parque da Uva, às 9 horas. De lá está previsto que os entregadores circulem nos principais pontos de entrega, bairros da cidade e, posteriormente, paralisarem as atividades, todos com os aplicativos desligados como forma de protesto.

Uma das principais queixas dos trabalhadores é contra as taxas impostas pelos aplicativos, consideradas abusivas por eles.

Os trabalhadores acreditam que, com a popularidade do serviço de delivery, houve um aumento significativo de colaboradores na área e, com isso, de acordo com os organizadores, o valor pago pelos aplicativos por quilômetro rodado diminuiu, além dos preços considerados mínimos nos valores de entregas e as taxas de deslocamento que “estão cada vez mais longe do ideal”, isso quando existe a taxa.

“Diminuíram as nossas taxas de entrega. Isso faz com que o trabalhador se desdobre para fazer o maior número de entregas possíveis no dia. Desta forma, ficamos muito vulneráveis a acidentes e arriscamos demais a nossa vida. Estamos sendo prejudicados com essa redução”, diz o motoboy Carlos, um dos organizadores da manifestação. 

Segundo ele, os trabalhadores também relatam a diferença entre os que trabalham no modo “fixo” e os que trabalham no modo “nuvem”, pelos aplicativos.

“Os motoboys que trabalham em modo “fixo”, atualmente são como ‘escravos’ dos aplicativos, eles precisam cumprir horário fixo. Nuvem é aquele que só trabalha quando está disponível, que exerce a atividade em horas livres, como complemento de renda. Os motoboys fixos têm preferência nas chamadas e os que atuam apenas em horários livres ficam prejudicados, com menos corridas para fazer. Nossa reivindicação é para melhorar situação de todos”, ressalta ele, que complementa: 

“Ainda tem o problema que o aplicativo está colocando várias rotas em um mesmo motoboy. Não é justo. Este era um trabalho para vários motoboys e não para somente um, que está se matando”, garante Carlos.  

Outra reivindicação dos motoboys é quanto a quantidade de bloqueio dos aplicativos, muita das vezes, de acordo com eles, desnecessários.

“Temos tempo para realizar as entregas, isso gera uma pressão enorme no ‘boy’ que acaba arriscando demais a sua vida todos os dias no trânsito da cidade. Deixamos nossa família em casa e precisamos retornar, vivos e com saúde, porque no outro dia precisamos trabalhar novamente. Se de alguma maneira atrasarmos a entrega, ficamos bloqueados por algum tempo sem poder trabalhar. Isso atrapalha demais nosso planejamento financeiro familiar, contamos muito com esses recursos”, relata Carlos.

a  motogirl Lia Sousa, que trabalha há 8 anos na área, conta que foi bloqueada por um dos aplicativos e até hoje não sabe o porquê disso ter acontecido.

“Eu trabalhei o dia todo no aplicativo e fiz várias entregas de um supermercado da cidade, compras pesadas dentro da mochila, sempre cumprindo os prazos de entrega e sem rejeitar nenhuma entrega. Quando cheguei em casa, para minha surpresa, recebi uma mensagem do aplicativo que estava bloqueada. Reportei para o aplicativo o porquê do bloqueio e as justificativas foram as piores possíveis. Fiquei sem entender nada, não fiz nada de errado. Me senti muito mal com isso, fiquei desesperada pois este é o meu ‘ganha pão’ e é uma profissão que eu amo demais”, cita a profissional.

Outra reivindicação está relacionada à melhoria das condições para que os profissionais possam exercer suas atividades com “o mínimo de dignidade possível”.

“Somos trabalhadores como quaisquer outros, deveríamos ter um espaço aonde pudéssemos sentar para almoçar, um local para tomar água e que tenha pelo menos um banheiro. Já vi muito motoboy sentado na calçada almoçando, pois não tem condições de voltar para casa. Se desligar o aplicativo para voltar para casa, almoçar e fazer as suas necessidades básicas, perdemos as chamadas e não conseguimos cumprir nossa meta financeira do dia”, diz Lia. 

Outra motogirl, há quase um ano na atividade profissional, Cristiane, diz que falta muita assistência básica para os trabalhadores, principalmente neste tempo de pandemia:

“Somos linha de frente neste tempo de Covid-19, não temos assistência alguma e estamos na rua mesmo assim, além das taxas que são baixas. E não recebemos ajuda para comprar álcool em gel ou máscaras. Muitos estabelecimentos estão proibindo nossa entrada sem máscaras. Muitos não tem condição para comprar”, conclui. 

Suporte profissional

Com toda esta precariedade e os perigos nos quais os trabalhadores enfrentam todos os dias, muitos destes profissionais sentem falta de um suporte específico em caso de emergências como roubo, furto, reparos e acidentes, por parte dos aplicativos.

“Não pedimos que os aplicativos supram nossos gastos e prejuízos. Gostaríamos de contar com a ajuda deles apenas para casos específicos e comprovados. Quantas vezes ficamos ‘na mão’ com nossas motos por causa de um pneu furado, acidentes e furto do nosso equipamento de trabalho. Sabemos que o ressarcimento  se dá a quem tem seguro privado, mas, entendemos que em casos extremos, os aplicativos poderiam custear pequenos consertos, socorro do veículo e até a volta para casa, principalmente em caso de roubo do veículo”, afirma Carlos.  

Neste período crítico em que a sociedade vive, os motoboys se sentem um pouco mais valorizados pela população, porém, pedem para que como em qualquer área profissional, sejam destacados os profissionais que trabalham de maneira correta.

“Existem muitos ‘boys’ na cidade, muitos mesmo. Sabemos das nossas responsabilidades e do respeito que temos que ter com o que carregamos, com o estabelecimento que contrata nosso serviço, com o aplicativo e principalmente com o cliente que vai receber o pedido. Acontece que muitos não têm essa consciência, infelizmente. Existe um exagero por parte de muitos, chacoalham demais a bag, não cumprem as leis de trânsito, e deixam algumas falhas. Pedimos só um pouco mais de respeito por parte da população para que toda a categoria não seja generalizada por causa de uma minoria. Me sinto muito bem com o que trabalho, amo o que faço. Recebo muitos elogios por onde passo por ser mulher e trabalhar fazendo entregas, isso é muito gratificante. Todos os dias acordo motivada para fazer o meu melhor”, lamenta Lia.   

Segundo Cristiane, há pessoas que acreditam que os motoboys estão conseguindo ganhar mais dinheiro do que em outros tempos. Ela não concorda com isso:

“Todos acham que o motoboy está ganhando muito dinheiro neste tempo, mas não é bem assim. Tudo nós tiramos do nosso bolso, alimentação, gasolina, pneu… Se precisamos trocar um pneu, com as atuais taxas que nos pagam, nos tiram o lucro do dia ou até mais. Já cheguei a andar 10 km para ganhar R$8”. 

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