No Dia Mundial da Oração, comemorado sempre na primeira sexta-feira de março, o Tribuna de Jundiaí conta a comovente história de Marcelo Dominguez, que esteve entre a vida e a morte após um acidente de carro. Passados seis anos da tragédia, a família ainda agradece pela demonstração de fé dos amigos e familiares que, junto com o trabalho dos médicos do Hospital São Vicente de Paulo, é considerada responsável por salvá-lo da morte.
Hoje com 31 anos, Marcelo vive uma vida normal. Quem o viu na maca do hospital, em 2015, logo após o capotamento do carro que dirigia, não acreditava que ele pudesse sobreviver. “Ele ficou desfigurado. Na ficha do hospital colocaram como desconhecido, porque não tinha como saber quem era”, lembrou a mãe, Rosa Maria Caricati Ferrari Dominguez.
“Quando ele chegou aqui, estava no nível mais profundo de coma que existe. Um nível onde muito raramente o paciente consegue sobreviver. Mesmo neste quadro, que envolvia ainda inúmeras fraturas e infecções, e contra todas as expectativas ele teve uma melhora surpreendente, para não dizer inacreditável”, afirmou, na época, o médico Eduardo Leme Ferreira, da UTI Neuro do Hospital São Vicente de Paulo, em entrevista à TVTec Jundiaí.
Milagre
Por videochamada, ontem (4), Marcelo falou com o Tribuna. Sentado no sofá da casa, em Jaguaré, Zona Oeste da capital paulista, ele vestia a camisa do São Paulo Futebol Clube – time do coração. “Eu sou um milagre de Deus e de Nossa Senhora Aparecida”, disse, com um sorriso.
À época atuando como comprador sênior de uma empresa de São Paulo, ele veio a Jundiaí – onde a família tem amigos – para participar de uma festa de aniversário. Foi primeiro à missa, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Vila Hortolândia, e depois se encontrou com os colegas.
Ao retornar à capital, já na madrugada de domingo, dia 9 de agosto (Dia dos Pais), ele dormiu ao volante e bateu em uma carreta. O choque violento fez com que Marcelo fosse arremessado para fora do veículo, o que causou traumatismo crânio-encefálico e politraumatismos pelo corpo todo.
“Vimos ele estirado em uma maca e ouvimos dos médicos que, infelizmente, não havia nada o que fazer, era só aguardar… mas, para a gente, havia uma força muito grande dele para continuar vivo, pois o Marcelo havia ficado pelo menos três horas na rodovia, onde ali mesmo ele teve de passar por uma cirurgia. Rasgaram sua garganta para fazê-lo voltar a respirar, além da drenarem o sangue. O milagre já começou ali”, afirmou o pai, Wilson Dominguez.
Orações
Sem notícias do rapaz, que não atendia as ligações ou respondia as mensagens, a família só soube do ocorrido quando o pai entrou em contato com a concessionária CCR AutoBan. Foram três meses e meio de internação na UTI do Hospital São Vicente, com Marcelo lutando diariamente pela vida.
Do lado de fora do hospital, a história do acidente se espalhava entre amigos, familiares e conhecidos da Paróquia Nossa Senhora de Fátima. “A família do Nivaldo Massucato, nosso amigo aí em Jundiaí, é muito religiosa e eles começaram a rezar o terço, pedindo pela vida do Marcelo. Foi outro milagre!”, contou Rosa.
“No domingo, quando aconteceu (o acidente), minha família estava reunida para comemorar o Dia dos Pais. Ali tinha evangélicos, católicos, pessoas que não acreditavam em Deus… todos gostavam muito do Marcelo e quando fomos ao hospital, eles já se ajoelharam e começaram a rezar o terço, espontaneamente. Todos sentiram que precisavam se apegar a uma força maior, naquele momento”, afirmou Gláucia Massucato.
“Foi um dos casos mais marcantes que eu atendi no São Vicente, tamanha a gravidade do Marcelo, de como ele chegou para a gente e o longo período de hospitalização que foi necessário. Com o passar do tempo, ele foi surpreendendo”, relatou o psicólogo Antonio Matheus de Vechi.
“Medicamente era muito pouco provável que ele viesse a melhorar, mas toda essa corrente de oração serviu como uma ajuda. A fé acaba levando a um aumento da capacidade de defesa que o indivíduo tem contra infecção e que pode, portanto, ter ajudado nesse processo”, ressaltou o médico Eduardo Leme Ferreira.
Vida normal
Marcelo, hoje, vive uma vida normal, segundo a mãe. A reabilitação é feita desde 2016 e envolve atividades a semana toda, com acompanhamento de fonoaudióloga, psiquiatra, neuropsicóloga, urologista e fisioterapeuta devido às poucas sequelas do acidente.
Para o futuro, ele planeja poder voltar a trabalhar – agora com o pai, numa transportadora – e constituir uma família. Marcelo brincou, também, que comemora aniversário em duas datas: 23 de julho, quando nasceu, e 9 de agosto, ao renascer.
“Meu marido foi a pé para Aparecida, em 2018, em agradecimento por esse milagre. E eu disse, ainda quando ele estava na cadeira de rodas, que Deus me daria forças para vê-lo voltar à igreja andando, quando fôssemos devolver a imagem de Nossa Senhora de Fátima que o padre Márcio (Odair Ramos, então pároco) abençoou e nos deu ao visitá-lo. E o Marcelo fez exatamente isso, sendo aplaudido por todos que estavam na igreja”.
Dia da Oração
Segundo o portal Canção Nova, o Dia Mundial de Oração é realizado, a cada ano, na primeira sexta-feira de março, em mais de 170 países. Ele surgiu no século XIX, em 1887, através de um grupo de mulheres cristãs dos Estados Unidos e Canadá, reunindo cristãs de diferentes raças, culturas e tradições religiosas de todo o mundo, para orarem em conjunto e compartilharem esperanças e temores, alegrias e tristezas.
“No entanto, após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), com a consciência de que o mundo sofria dos mesmos problemas, muitas associações femininas se uniram para fazer um dia especial onde se orasse por todos aqueles que necessitavam. Nascia, assim, na década de 1920 do século XX, o Comitê do Dia Mundial da Oração”, descreveu.