Em outubro, comemora-se o Dia do Empreendedor, e assim como em todo o Brasil, Jundiaí tem lindas histórias de superação de pessoas que enfrentaram muitos obstáculos para ter o próprio negócio e “ser o próprio chefe”.

Uma dessas pessoas é Niceia Querino, que já teve muitos empregos, mas se encontrou como manicure e fez do cuidado com os outros seu ganha pão hoje em dia. Niceia conta que gosta de cuidar das unhas desde muito nova, e além das suas, fazia as unhas das amigas quando criança. Com o passar do tempo, começou a se aprofundar na área.

“Quando comecei a trabalhar em empresas, minhas colegas de trabalho gostavam das minhas unhas e nas horas de intervalo eu fazia as delas também. Sempre por hobby, nunca por profissão. Só depois de muitos anos veio como trabalho mesmo.”

Mas, como dito no comecinho dessa matéria, Niceia passou por coisas nada boas até encontrar seu espaço para empreender.

Momentos difíceis

Depois de um relacionamento abusivo e violento, onde era perseguida e ameaçada de morte, Niceia conseguiu se mudar com os três filhos para um porão de dois cômodos na casa de tias dela. No entanto, a situação da casa não era boa.

“A casa estava fechada há anos e acabou ficando toda destruída. O porão onde eu e meus filhos moramos por anos era todo embolorado, tinha só uma porta e era fechada com um pedaço de pau pregado na parede”, conta.

Além das condições precárias da casa, a família passou por maus bocados ali. “Sofremos muito, passamos muita fome. Muitas vezes sem energia elétrica, sem água, porquê eu não tinha de onde tirar. Mas graças à Deus sempre tivemos grandes amigos que me ajudavam muito com as crianças, às vezes me mandavam alimentos, roupas”, explica.

“Passei por uma fase que eu cozinhava em uma latinha com um furo, ela era colocada dentro de um bloco e nela eu colocava álcool com algodão, papel ou pedaços de madeira pra fazer comida para as crianças”, desabafa Niceia.

Essa situação complicada perdurou por cerca de 10 anos, mas foi ali que Niceia começou a construir sua carreira aos poucos.

‘Foi difícil, mas tudo aprendizado’

Naquela casa, Niceia começou a atender como manicure, e mesmo a situação crítica do local não tirou dela a força de vontade para empreender e se especializar na sua área. Seu material de trabalho foi doado por uma mulher a procurou, fez as unhas com Niceia e ouviu sua história.

“Sentiu desejo de me ajudar. Ela também era manicure e suas irmãs são professoras de manicure. Então elas me deram todo o meu material, desde a cadeirinha de manicure, até aos esmaltes e me deram curso também”, conta.

Esse foi mais um passo que possibilitou sua especialização e eficiência no trabalho.

“O início de todas as coisas é bem complicado, acho que eu acreditar no meu potencial foi a prova mais difícil que enfrentei.”

“Quando começaram a aparecer algumas clientes eu atendia na minha casa. Eu não me envergonhava de onde eu morava, eu e meus filhos éramos felizes ali, apesar de tudo que sofremos, porque nós tínhamos uns aos outros. Mas eu me sentia um pouco mal das pessoas que eu não conhecia serem atendidas em um local como aquele. É um trabalho que exige muita higiene, e apesar da casa estar limpa, a aparência não dizia isso”, conta.

Com o passar do tempo, Niceia conquistou mais clientes, e sua vida começou a mudar drasticamente – para melhor. Ela e os filhos conseguiram sair do porão e se mudar para uma nova casa. Ela também se casou novamente e a clientela começou a aumentar ainda mais, o que deu a oportunidade de reformar a casa para um melhor atendimento.

Á domicilio

Com a reforma da nova casa, Niceia precisou parar com os atendimentos, por causa da poeira e da bagunça de obra. Foi então que uma de suas fieis clientes sugeriu uma solução.

“Uma cliente me deu a ideia de eu começar a atender a domicílio e eu achei a ideia muito boa! Pelo menos não ficava sem trabalhar.”

Durante um tempo, Niceia ia até as casas das clientes para atender a pé, levando todo seu material e seus filhos. “O meu caçula no carrinho de bebê, a caixa de esmaltes na parte de baixo do carrinho; todas as outras coisas que precisava para o atendimento, cada um carregando alguma coisa. Muitas vezes com um sol de rachar, e muitas vezes na chuva também. Foi difícil, mas tudo aprendizado!”

Essa foi outra iniciativa que trouxe coisas boas para a profissional, que conseguiu comprar um carro para atender melhor e expandir sua clientela para mais bairros da região.

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Uma publicação compartilhada por Nika Manicure à Domicílio (@niceia.querino.arcos_manicure)

Volta por cima

“Hoje está sendo um bom momento. Se você olhar minhas primeiras unhas eu melhorei bem e isso é gratificante. Deus está sempre me surpreendendo, tenho clientes todos os dias da semana, sou muito grata por estar sempre me aperfeiçoando”, relata Niceia.

A história inspiradora e de superação de Niceia é mais um exemplo de empreendedorismo e força de vontade. E seus próximos passos já estão planejados. “Um dia quero ter meu próprio espaço, ensinar outras meninas e abençoa-las como um dia fizeram comigo”.

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Mais do que tudo, Niceia é exemplo de empreendedorismo feminino, uma pauta que é muito comentada nos últimos tempos. Empreender dá oportunidades para mulheres que desejam independência financeira e social, o que está acontecendo com cada vez mais frequência.

De acordo com o Sebrae, de todos os MEIs (Micro Empreendedor Individual) cadastrado em Jundiaí, 47,83% são mulheres. Na área da Niceia, mais de 2,4 mil MEIs ativos atuam como cabeleireiros, manicures e pedicures na cidade.

Além disso, mais de 25 mil dos profissionais autônomos registrados com MEI de Jundiaí têm a faixa etária entre 30 a 70 anos, mostrando que nunca é tarde para ver uma oportunidade.

Conheça o trabalho de Niceia em sua página no Instagram: @niceia.querino.arcos_manicure.