No Dia do Bombeiro, comandante de Jundiaí encerra carreira e agradece: "presente de Deus"
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Jundiaí

No Dia do Bombeiro, comandante de Jundiaí encerra carreira e agradece: “presente de Deus”

Jundiaiense de nascimento, bombeiro que iniciou carreira aos 15 anos de idade, se aposenta no posto mais alto da cidade

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"O principal é sabermos respeitar a dor da vítima e de seus familiares", afirma Eli Tavares (Fotos: Fabiano Maia e Corpo de Bombeiros SP)

O jundiaiense Eli José Tavares, 47 anos, encerra nesta quinta-feira (2), como comandante do Corpo de Bombeiros de Jundiaí, a carreira que iniciou aos 15 anos de idade, quando ingressou na Academia de Polícia Militar, em fevereiro de 1988.

Se a data já era especial para ele, se tornou ainda mais por uma grata coincidência: 2 de julho é o Dia do Bombeiro Brasileiro. E foi exatamente neste dia que saiu a publicação, no Diário Oficial do Estado de São Paulo, da sua aposentadoria como coronel, justamente no comando do batalhão da sua cidade natal.

Eli Tavares já havia trabalhado no Corpo de Bombeiros em Jundiaí, em 2009, como capitão.

Eli José Tavares, em uma das missões de salvamento (Foto: Fabiano Maia)

Também rodou o Estado de SP, com passagens por Ribeirão Preto, Franca, Piracicaba, Santa Bárbara D’Oeste, Americana, São Paulo capital, além de um longo período na Escola Superior de Bombeiros em Franco da Rocha.

Em junho de 2018, foi designado para assumir o comando da Unidade de Jundiaí.

“Hoje é um dia especial para todos nós bombeiros. A profissão de bombeiro é um verdadeiro presente de Deus que permite a alguns poucos privilegiados poder dedicar seu tempo para prestar auxílio a pessoas que estão muitas vezes em um momento tão crítico e desesperador de suas vidas. É por isso que para nós militares a farda deve ser respeitada, pois é um dom de Deus. Desonrá-la é ofender o próprio Criador. Encerrar minha carreira neste dia é mais um presente que recebo de Deus”.

No vasto currículo, além da formação e mestrado e doutorado em Segurança Pública, estão diversos cursos de especialização em salvamento, resgate – em altura e mergulho autônomo, por exemplo – além da formação como Oficial.

Eli Tavares é tímido e não gosta de enfatizar suas conquistas. Mas, participou de resgates marcantes como os dois acidentes com voos da TAM, em 1996 e 2007, do desabamento de um prédio no Largo do Paissandu, em 2018, do incêndio no parque de tanques no bairro Alemoa, em Santos, também em 2018, além de comandar um dos grupos especializados que buscaram vítimas em meio à lama da tragédia de Brumadinho – entre outras ocorrências de relevância mundial.

“Uma das primeiras lições que aprendi logo no início da Academia de Polícia Militar do Barro Branco, quando tinha apenas 15 anos, foi a de que, quando solicitassem um voluntário, fosse sempre o primeiro a levantar a mão e assim o fiz durante meus 32 anos e cinco meses de profissão”, destaca.

“Em todas as ocorrências, independente da repercussão, o principal é sabermos respeitar a dor da vítima e de seus familiares, guardo na lembrança a imagem de algumas vítimas, marcas que fazem parte da carreira de qualquer profissional bombeiro”, recorda.

“Não sei se fiz a diferença na vida de alguma pessoa, mas deixei o meu melhor por onde passei”

Após ter  ajudado tanta gente, Tavares se diz grato e recompensado.

“Tenho a sensação de que mais recebi do que pude entregar. Tive a oportunidade de aprender com mestres bombeiros que verdadeiramente são capazes de trocar sua própria vida para efetuar um salvamento e muitas vezes, na posição de comandante, minha preocupação ia além do desenrolar da ocorrência, com a segurança destes destemidos profissionais”.

Entre o salvamento de rua e o comando, no qual é o responsável pelas tomadas de decisão, a importância da profissão se equivale, segundo Eli Tavares.

“Independente do posto ou graduação, o militar é um servidor, e seu maior prazer é atuar na atividade fim”, reforça.

Realidade e ficção

Perguntado qual a diferença entre a vida real e as séries de bombeiro americanas, Eli Tavares é enfático.

“Eu não assisto muito TV, mas posso te garantir que na ficção a fumaça não tira a visão do telespectador, o fogo não queima, os gases não intoxicam, o ambiente não tem cheiro”.

Como todo bom servidor bombeiro, Eli Tavares não gosta de ser classificado como “herói da vida real”.

“Pelo contrário, até combatemos estes títulos porque somos profissionais extremamente treinados e técnicos, não temos super-poderes, embora entendemos que quando recebemos este tipo de referência da população em geral é por total carinho e reconhecimento pelo trabalho da Corporação”, diz.

Para quem quer encarar o desafio de se tornar um bombeiro de verdade, Eli Tavares dá conselhos inesperadamente simples:

“Eu recomendo que ame a vida e a cada dia que vestir a farda, agradeça a Deus pela enorme bênção”.

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