A Prefeitura de Jundiaí concluiu, na última terça-feira (13), a primeira formação voltada à Rota Turística Afro, reunindo guias, agências e empreendedores locais. O encerramento marcou não apenas o fim de uma etapa educativa, mas o início de uma nova narrativa turística para a cidade, pautada na valorização da memória e resistência da população negra.
O encontro final foi iniciado com o ‘Circuito da Memória da População Negra em Jundiaí’, ação de educação patrimonial conduzida pela Unidade de Gestão de Cultura (UGC).
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O roteiro passou por locais simbólicos como o Espaço Expressa, o Espaço África do Jardim Botânico e diversos pontos do Centro Histórico, onde os participantes foram recebidos por artistas que promoveram intervenções reflexivas e contaram histórias de personagens importantes da resistência negra local.
Reconhecimento simbólico e institucional
A cerimônia de encerramento aconteceu no histórico Clube 28 de Setembro, o mais antigo clube social negro de São Paulo e o terceiro mais antigo do Brasil, que faz parte tanto da Rota Cultural quanto da Turística. Além dos certificados, os participantes receberam o Selo Baobá, troféu em forma da árvore símbolo africana, representando o compromisso com a inclusão e o protagonismo negro nos roteiros turísticos da cidade.
Segundo Valdir Linardi, proprietário de agência de turismo em Jundiaí, a experiência trouxe um novo olhar sobre a história local:
“O grande diferencial desta formação foi a de ressaltar o legado da população negra para o Município, e isso tudo que aprendi irei incluir em meus roteiros. Parabenizo a Prefeitura por essa iniciativa, por ter usado de sua estrutura para promover a mudança. Digamos que a Prefeitura foi a locomotiva e agora é a gente que anda”.
Também empreendedor do setor, Edu Ribeiro destacou a relação pessoal com a temática. “Há alguns anos venho me dedicando ao turismo pedagógico e, através dele, participado de muitas formações. Numa delas, sobre esta temática, despertei-me para o fato de ter avós pardos e como a história deles e de muitas outras pessoas passaram por apagamento […] Esta Rota Turística Afro é voltada para todos, para que possamos contar a história não contada para todos os públicos”.
A formalização da Rota junto à Unidade de Gestão de Agronegócio, Abastecimento e Turismo (UGAAT) foi também parte do evento. A gestora da pasta, Marcela Moro, celebrou o impacto da formação: “Hoje saímos daqui com outra mensagem: a de Jundiaí como uma cidade múltipla e diversa. A partir de hoje, passaremos a reescrever a história de Jundiaí e da comunidade negra em nossa cidade”.
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Patrimônio, memória e resistência
Representando a UGC, o diretor do Departamento de Patrimônio Histórico, Fernando Peche, reforçou a importância do projeto:
“Este é um dia marcante, que marca a sorte do DPH em contar com um projeto de tamanha relevância, e que reforça o diálogo que a UGC quer ter com a sociedade”.
A mediação das formações foi conduzida pelos servidores da UGC Ana Cristina Brito, Denilson André, Everton de Souza e Valéria de Paula Ignácio, que destacou:
“Não por acaso o encontro final foi marcado nesta data, a fim de ressignificar e refletir sobre o protagonismo do povo negro. A gente não é só sofrimento. A gente é resistência, é sobrevivência”.
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Participações e próximos passos
Estiveram presentes no encerramento autoridades e representantes da comunidade, como a vereadora Mariana Janeiro, a presidente do Clube 28, Edna Oliveira, a presidente do Conselho da Comunidade Negra, Andréa de São Pedro Pereira, e a atual Miss Pérola Negra, Alissa Galdino.
Interessados em conhecer os trajetos podem acessar o site da Rota Turística Afro da UGAAT, com informações sobre visitas, gastronomia, hospedagens e os empreendedores capacitados. Já a Rota Afro – Circuito da Memória da População Negra, da UGC, tem detalhes e formulários disponíveis na Agenda Cultural de Jundiaí.
