Neste sábado, dia 27 de agosto, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) completa 17 anos atuando em Jundiaí. O serviço é responsável pelo atendimento médico pré-hospitalar de emergência. Assim, a cada ano de atividade, realizou cerca de 19.200 atendimentos.

Os socorristas e telefonistas do SAMU dedicam seus dias ao resgate de vidas nas mais diversas situações. E para esses profissionais, todo dia é dia de agradecer e celebrar a vida. Hoje, o Tribuna de Jundiaí traz emocionantes relatos dos primeiros atendimentos de dois profissionais do SAMU Jundiaí. Confira.

‘Marcos no início da minha carreira’

Reginaldo Benedito de Assis (40) é coordenador de enfermagem e da central de controle operacional do SAMU de Jundiaí. Ele está no serviço há aproximadamente 15 anos. Reginaldo começou sua jornada de trabalho no Hospital São Vicente (HSV) como auxiliar de enfermagem. Desde então, busca aprofundar seus níveis de conhecimento e crescer na área.

Assim, ele se formou como técnico e, mais tarde, como enfermeiro, já atuando no Serviço de Atendimento a Móvel de Urgência (SAMU) desde a inauguração.

Confira seu relato

“Ocorreu por volta de 2007, atuava ainda como técnico de enfermagem no Suporte Básico de Vida que até hoje se faz muito importante para o atendimento à população, junto ao Suporte Avançado de Vida, possuindo uma capacidade ampla para assistência ao paciente independentemente do nível de complexidade do mesmo, ajudando no socorro imediato até a chegada no hospital. O atendimento naquele dia era de suspeita de um aborto em bairro muito longe, com estradas de terra e mato.

Ao chegar no local, procuramos pela vítima que se encontrava acompanhada de um homem, possivelmente seu companheiro. Nos deparamos com uma moradia muito precária e quase inabitável, compreendemos naquele momento que se tratava de pessoas em vulnerabilidade social. Apenas para ressaltar, o local não possui nem 1,5 m² para ambos conviverem juntos. Encontramos a vítima deitada ao chão com sinais de aborto, inclusive já havia entrado em trabalho de parto. Analisamos o bebê que veio a nascer com 6 meses, ainda muito pequeno e frágil, pálido e sem sinais de vida. Nos preparamos para transportar o bebê que apresentou um pequeno espasmo muscular, vindo a se mexer em meus braços.

Naquele momento, foi um susto muito grande, para mim um suspiro de vida em meio a morte, e toda a conduta foi retomada naquele instante, prosseguimos com os primeiros socorros ao bebê e a mãe. Já na ambulância a caminho do hospital, busquei oferecer todo o suporte para a criança, enquanto a mãe era assistida em outra viatura. O limpamos e o aquecemos, precisamos reanima-lo e solicitar o Suporte Avançado de Vida. Com a ajuda da equipe, utilizamos muitas medicações, além de profissionais especializados em pediatria e neonatal que ajudaram em todos os processos até a chegada ao hospital.

Agradecimento

Aquele dia foi um entre muitos marcos no início da minha carreira, pois pude sentir desde o medo, em conseguir oferecer todo o suporte às vítimas, se tratando ainda de uma pequena vida em minhas mãos, em ser forte e corajoso, até a alegria em conseguir reanima-lo, medica-lo e sentir o coraçãozinho dele bater, lutando pela vida. Foi um dia de muito aprendizado e conquista profissional também, ao lado de profissionais que hoje agradeço por me ensinarem tanto, por me ajudarem a ser quem sou hoje.”

Homenagem

“Imenso prazer fazer parte dessa equipe, da ‘família SAMU’. Sempre tive em minha mente e coração que a minha missão estava neste lugar e estou aqui para dar o meu melhor com esse presente que recebi do universo, serei eternamente grato pelas muitas oportunidades nesse local, por todo o aprendizado que me fez crescer cada vez mais, oferecendo sempre o bem ao próximo, amor, responsabilidade, respeito, ética, compromisso, disciplina e sabedoria, tanto para prestar assistência àqueles que necessitam, quanto em ajudar a coordenar esse serviço importante para o nosso município.

Agradeço a todos os profissionais do SAMU, sem exceção de nenhum, todos possuem o seu papel primordial nesse serviço, um auxiliando o trabalho do outro para melhor assistência à população. Desde a equipe em que oferece o primeiro atendimento por telefone, auxiliando na demanda das viaturas, até os enfermeiros, médicos da nossa base que juntos, buscamos oferecer sempre a humanização, o cuidado ao próximo, nos motivando sempre a sermos profissionais melhores, sempre evoluindo.”

‘Precisei ser forte’

Angela Raquel da Silva Santos (36), iniciou suas atividades no SAMU Jundiaí em 2008, como telefonista auxiliar de regulação médica. Assim, auxiliava no primeiro atendimento à vítima, atendendo no número 192.

Confira seu relato

“Um dos eventos que me marcou logo no início do meu trabalho, ainda inexperiente na função e ansiosa pelo “novo”, foi uma ligação que atendi de uma vítima, uma senhora portadora de asma que solicitou o serviço em meio a uma crise asmática. Naquele momento, precisei ser forte e manter a calma para transparecer segurança à vítima e ao mesmo tempo ser rápida para coletar as informações que eram necessárias e repassar à equipe médica. Me assustei muito com o caso pois em meio ao telefonema, a ligação caiu e não obtivemos mais contato com a mesma. Diante disso, a equipe já a caminho dessa emergência, ofereceu todo o suporte a ela.”

Homenagem

“Me recordo de ocorrências que presenciei pessoalmente em nossa base e hoje posso dizer de coração que todos os nossos profissionais trabalham com amor e humanização a todos os que necessitam, não negam auxílio e se doam por inteiro ao próximo. Gosto muito do meu trabalho e para mim é um prazer fazer parte dessa família há tantos anos.”

SAMU Jundiaí

Fundado em 2005, o Samu conta com 115 colaboradores que se dedicam 24 horas por dia, sete dias por semana, em sistema de revezamento. De acordo com a operação, são 30 médicos, 7 enfermeiros, 26 técnicos de enfermagem, 29 motoristas/socorristas, 1 coordenador médico, 1 coordenador de enfermagem e Centro de Controle Operacional (CCO), 1 coordenador de frota, 1 coordenador administrativo, 1 assistente administrativo, 10 Técnicos Auxiliares de Regulação Médica (TARM) e 7 Rádio Operadores (RO).

Segundo o médico Mário Jorge Kodama, cerca de 80% dos atendimentos envolvem situações clínicas, como suspeita de AVC (Acidente Vascular Cerebral), infarto, dor no peito, mal súbito e falta de ar. Além disso, a maioria das ocorrências envolvem pessoas a partir dos 60 anos.

Toda vez que um usuário aciona o 192, o primeiro contato é com o TARM. Assim, em seguida, os atendentes realizam a regulação médica, com algumas perguntas que definem qual o grau de urgência da solicitação e os próximos passos: se encaminhará uma ambulância e qual o seu tipo (USB ou USA) ou até mesmo resolver a demanda por telefone através de acolhimento e orientação.