A história da humanidade está marcada pela presença constante da música como objeto de lazer, expressividade, religiosidade e comunicação. Em todas as culturas, de alguma forma ou de outra, a música aparece como parte importante da experiência humana.
Por isso, a tentativa de misturar os avanços tecnológicos com o consumo de música não é algo surpreendente – alguns dos primeiros eletrodomésticos a se tornarem populares dentro de nossas casas foram os tocadores de discos, os rádios analógicos e outras soluções musicais. O mundo do áudio analógico, onde cada canção é registrada fisicamente em um objeto como um disco ou cilindro, ainda é lembrado com saudosismo e até voltou a ser explorado por novas gerações com o boom do mercado de vinis e toca-discos modernos. No entanto, como mostram dados da ExpressVPN, a conveniência, qualidade e aspectos sociais do áudio digital já não podem ser superados – o consumo de música via streaming se tornou a forma mais popular de consumir uma música, juntamente com os tradicionais arquivos de áudio no smartphone. No entanto, será que há uma diferença entre os múltiplos tipos de arquivo de música? Vale a pena pagar mais por um serviço de streaming que oferece áudio Lossless? Confira.
Como funciona o áudio digital
O advento do áudio digital é um marco importante na história da música e da tecnologia. Sua jornada começou na década de 1960, quando pesquisadores começaram a explorar maneiras de representar o som por meio de números. A ideia por trás disso era aproveitar a capacidade dos computadores de manipular dados numéricos para gravar, armazenar e reproduzir música de maneira mais precisa e conveniente. Foi em 1982 que os primeiros CDs (Compact Discs) foram lançados comercialmente pela Sony e Philips, marcando o início da revolução do áudio digital. Os CDs usaram um processo de conversão chamado de “amostragem”, que divide o som em pequenos pedaços de tempo e mede a altura da onda sonora em intervalos regulares. Essas medidas são então arredondadas e registradas como números digitais.
Comparado ao áudio analógico, que usa sinais contínuos para representar o som, o áudio digital é menos suscetível a distorções e perda de qualidade ao longo do tempo. Isso ocorre porque os números digitais podem ser copiados e reproduzidos sem degradação significativa, ao contrário das gravações analógicas, que podem se deteriorar com o tempo. No entanto, isso não quer dizer que todo arquivo de áudio digital é equivalente – por exemplo, embora um CD seja capaz de armazenar cerca de 750 MBs de áudio, um arquivo MP3 possui em média apenas 3,5 MBs por faixa. Isso ocorre porque diferente algoritmos de computador são utilizados para criar métodos mais eficientes de armazenamento, essas diferentes codecs de áudio podem usar matemática complexa para reduzir o tamanho do arquivo sem perder nenhuma informação do áudio original, algo conhecido como arquivo lossless, ou então, propositalmente descartar frequências e outros aspectos da música que não são muito perceptíveis pelo ouvido humano, reduzindo drasticamente o tamanho dos arquivos.
Os arquivos de áudio altamente eficientes permitiram a revolução da música portátil através de tocadores de MP3, iPods, smartphones e, atualmente, transmissão em tempo real através de apps como o Spotify e Apple Music mesmo através de dados móveis. No entanto, em 2023, há tantas opções de serviços e arquivos que descobrir qual é o melhor pode ser confuso. Os principais arquivos de áudio disponíveis no mercado são:
Arquivo MP3
Os arquivos MP3, desenvolvidos na década de 1990, são os mais conhecidos e utilizados arquivos de áudio digital que revolucionaram a maneira como armazenamos e compartilhamos música. Sua principal vantagem está na capacidade de compressão, que reduz significativamente o tamanho dos arquivos, economizando espaço de armazenamento e permitindo o fácil compartilhamento pela internet. No entanto, essa compressão pode levar à perda de qualidade sonora perceptível, especialmente em configurações de alta fidelidade, o que é uma desvantagem para audiófilos e profissionais de áudio. Ainda assim, os arquivos MP3 continuam sendo uma escolha popular para a maioria das pessoas devido à sua conveniência e acessibilidade. Apesar de muitos apps de streaming ainda utilizarem o formato, principalmente por sua ampla compatibilidade com quase qualquer eletrônico, o MP3 está caindo em desuso por exigir maior consumo de dados móveis para atingir a mesma qualidade que formatos mais modernos.
Arquivo AAC
Os arquivos AAC (Advanced Audio Coding) surgiram como uma evolução dos arquivos de áudio digitais na década de 2000. Eles oferecem uma qualidade de áudio superior em comparação com os arquivos MP3, mantendo tamanhos de arquivo relativamente pequenos. Isso se deve a algoritmos de compressão mais eficientes, que preservam melhor os detalhes sonoros. Como vantagem adicional, os arquivos AAC têm um suporte mais amplo para recursos avançados, como múltiplos canais de áudio e taxas de bits variáveis. No entanto, uma desvantagem é que, em alguns casos, dispositivos mais antigos podem não oferecer suporte nativo para AAC, mas essa limitação tem se tornado menos comum com o tempo. Globalmente, os arquivos AAC têm ganhado popularidade devido à sua qualidade de áudio superior em relação aos MP3, se tornando a principal codec utilizada por aplicativos como o Spotify.
Arquivo Opus
Os arquivos OPUS são um formato de áudio digital relativamente novo, desenvolvido em 2012 como um codec de áudio de código aberto e alta eficiência. Eles são projetados para fornecer uma excelente qualidade de áudio em taxas de bits baixas, tornando-os ideais para streaming de áudio e comunicação pela internet. As vantagens dos arquivos OPUS incluem uma qualidade de áudio notável em relação ao tamanho do arquivo, adaptabilidade para diferentes tipos de conteúdo (de fala a música) e baixa latência. Isso os torna especialmente adequados para chamadas de voz e videoconferências. No entanto, a desvantagem é que, devido à sua relativa novidade, nem todos os dispositivos e aplicativos suportam nativamente o formato OPUS, embora a adoção esteja crescendo rapidamente à medida que mais serviços online o adotam. Este formato está rapidamente se tornando o mais utilizado por gigantes da tecnologia como a Google, que usa o OPUS para garantir a alta qualidade de áudio do YouTube Music e a estabilidade de chamadas no Google Meet mesmo quando a conexão de internet dos usuários não está boa.
Arquivos ALAC e FLAC (Lossless)
Os formatos ALAC (Apple Lossless Audio Codec) e FLAC (Free Lossless Audio Codec) são ambos formatos de áudio “lossless”, o que significa que eles comprimem arquivos de áudio sem perder qualidade sonora. O ALAC foi desenvolvido pela Apple, enquanto o FLAC é um formato de código aberto amplamente suportado. A principal vantagem desses formatos é que eles permitem uma compressão significativa de arquivos de áudio sem nenhum comprometimento perceptível na qualidade. Isso é ideal para audiófilos e profissionais de áudio que desejam preservar a integridade de suas gravações originais. No entanto, como desvantagem, essa categoria de arquivo pode exigir até cinco vezes mais espaço de armazenamento que um MP3 ou AAC, e apesar do tópico ser amplamente debatido, não há evidências científicas de que o ouvido humano seja capaz de apreciar o aumento de qualidade supostamente oferecido pelo áudio lossless. De todo modo, essa categoria de arquivo é a preferida por profissionais da área e é oferecida como recurso premium em plataformas como o Apple Music e Tidal.
Agora você já conhece os principais arquivos de música do mercado e pode escolher aqueles que melhor atendem suas necessidades e dispositivos. Para profissionais ou para quem usa equipamentos topo de linha, o FLAC ou ALAC exigem maior armazenamento mas entregam qualidade superior, já o OPUS oferece alta qualidade mesmo quando o armazenamento ou internet são limitados. Por fim, o tradicional MP3 pode ser usado quando o arquivo deve estar pronto para ser ouvido em qualquer aparelho feito nas últimas duas décadas – sem problemas de compatibilidade.
