As autoridades ucranianas declararam nesta sexta-feira (04) que as forças russas tomaram o controle da usina nuclear de Zaporizhzhia, localizada em Energodar, que é considerada a maior do tipo na Europa. Um incêndio atingiu o local depois de uma série de bombardeios russos, mas que já esta sobre controle. Não há registro de vazamento de radiação no local. Três militares ucranianos morreram e outros dois ficaram feridos. Hoje, a invasão russa ao território ucraniano chega ao nono dia.

A Rússia, por outro lado, responsabilizou a Ucrânia, dizendo que militares do país incendiaram um prédio da usina. Os russos alegam que controlam a central nuclear desde o final de fevereiro.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse que Moscou apelou para “terrorismo nuclear” ao bombardear a usina e que os russos quererem “repetir” a tragédia nuclear de Chernobyl, ocorrida em 1986. A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) criticou os russos pela ação contra a central nuclear. 

Nesta sexta-feira, há também relatos de destruição de equipamentos militares das forças russas por parte de ucranianos em algumas regiões do país. 

Por causa do aumento da tensão após o ataque à usina, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) convocou uma reunião de emergência para ainda nesta sexta-feira. Mais de 1,2 milhão de pessoas já deixaram a Ucrânia após a invasão russa. 

Usina ocupada 

O exército russo ocupou a área da usina nuclear de Zaporizhzhia, informa a agência de inspeção de usinas atômicas da Ucrânia, que afirmou não ter detectado um vazamento radioativo. “O território da central nuclear de Zaporizhia está ocupado pelas Forças Armadas da Federação Russa”, afirmou a agência estatal ucraniana.

Ainda de acordo com a agência os “funcionários operacionais controlam os blocos de energia e garantem seu funcionamento de acordo com as exigências das regulamentações técnicas e de segurança”. Dos seis reatores, o primeiro está fora de operação, os números 2, 3, 5 e 6 estão em processo de resfriamento e o 4 permanece em operação.

O Ministério de Relações Exteriores disse, em comunicado que, “se o processo de resfriamento do combustível nuclear dentro das unidades de energia da central nuclear for perturbado”, poderá haver danos radioativos e “consequências irreparáveis para o meio ambiente da Europa”. 

Além dos seis blocos de energia, há, no local, uma instalação de armazenamento de combustível irradiado. “Qualquer dano a esta instalação pode levar à liberação de radiação nuclear. Um desastre nuclear dessa escala pode exceder todos os acidentes anteriores em usinas nucleares”, alertou o ministério. 

A usina de Zaporizhzhia fica a 150 quilômetros ao norte da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. As autoridades ucranianas haviam informado nas primeiras horas desta sexta-feira que forças russas atacaram a usina e que um prédio de cinco andares ao lado dela estava em chamas em decorrência dos bombardeios. O fogo foi controlado.

Autoridades nucleares ucranianas informaram ainda que nenhum vazamento de radiação foi detectado após as chamas. “Alterações na situação da radiação não foram registradas.”

Fonte: uol.