
O governo federal decidiu montar uma tropa de choque com membros para minimizar os danos e blindar o presidente Jair Bolsonaro, que está em desvantagem numérica na CPI da Covid, no Senado. Apenas 4 das 11 vagas de titulares do colegiado são ocupadas por senadores considerados mais confiáveis pela base de Bolsonaro.
Dentro da CPI, Ciro Nogueira (PP-PI), Jorginho Mello (PL-SC), Marcos Rogério (DEM-RO) e Eduardo Girão (Podemos-CE) serão a primeira linha de frente em defesa do governo. Mesmo com divergências internas nas estratégias de defesa do governo, o presidente escolheu o ministro como articulador político do Planalto com os senadores, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni.
A justificativa da escalação é que Lorenzoni tem mais experiência em negociações com parlamentares. O ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, foi designado para coordenar respostas e unificar os discursos do governo junto aos ministérios.
De acordo com Ramos, as pastas tinham até a última sexta-feira (23) para preparar as respostas e devem iniciar esta semana já com a argumentação do governo pronta.
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado e autor de um dos requerimentos que originou a CPI, afirmou que o governo entregou um “roteiro” para ser seguido. Até mesmo parte da base de apoio à Bolsonaro no Senado interpretou a lista como um tipo de confissão de crimes. Um líder governista ainda chamou o documento de “coisa de gente maluca”.
Defesa
O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e seu então braço direito, o coronel Élcio Franco, devem ser “memória” da defesa do governo na CPI, com histórico de documentos e acontecimentos, na intenção do Planalto. Pazuello e Franco deverão ser uns dos principais alvos de senadores críticos ao governo na CPI.
De acordo com a reportagem do UOL, os senadores governistas enviaram ao Planalto fotos e vídeo de Eduardo Pazuello andando por um shopping sem máscara. Com isso, procuravam exemplificar como é difícil compreender certas atitudes de integrantes do governo no meio da pandemia.
O governo federal também conta com declarações e atuações de outros ministros para tirar o foco de eventuais erros de Bolsonaro. Assim, a estratégia é não “personalizar” a CPI acima apenas do presidente. Alguns dos atuais ministros que devem ser chamados para depor na CPI são Marcelo Queiroga (Saúde), Carlos França (Relações Exteriores) e Paulo Guedes (Economia).
O governo deverá apontar um mau uso de verbas por estados e municípios durante a pandemia. Já a oposição focará em pontos como negacionismo de Bolsonaro, atraso de vacinas, falta de remédios e gastos com cloroquina. Ambos os grupos deverão recorrer à ajuda de órgãos técnicos para a obtenção de dados, como o TCU (Tribunal de Contas da União).