A taxa de pessoas recuperadas do novo coronavírus em Jundiaí chegou a 95,9% nesta quarta (12). Dos 38.174 casos confirmados de contaminação desde o início da pandemia – em março do ano passado – o sistema de saúde municipal já garantiu a recuperação de 36.643 pessoas. Os dados fazem parte do boletim epidemiológico divulgado pela Prefeitura.
Por isso, o Tribuna de Jundiaí traz histórias emocionantes de fé e superação de jundiaienses que conseguiram voltar para casa depois de momentos de muito medo e tensão. Confira:
“Eu lutei muito” – Marcelo Ferreira
Marcelo Ferreira é jornalista e começou a sentir os primeiros sintomas em casa, dia 14 de março de 2021. Na Unidade Sentinela do Jardim do Lago, ele foi orientado a se isolar e fazer o teste. Três dias depois, saiu o temido resultado positivo para a doença.
Além de Marcelo, a esposa Fernanda, os dois filhos e os sogros também foram contaminados. Depois de ficar uma semana em isolamento domiciliar, o jornalista procurou o Hospital São Vicente de Paulo – onde permaneceu internado por 14 dias.
“Rezei o tempo todo”, disse. “Foram momentos muito difíceis! Por duas vezes os médicos quiseram me entubar, mas eu resisti! Lutei muito com a doença, para melhorar a oxigenação e evitar o procedimento”, afirma.
Infelizmente, o sogro não resistiu e faleceu enquanto Marcelo ainda estava no hospital. Além disso, descobriu numa chamada de vídeo com um dos filhos que a esposa também havia sido hospitalizada. De acordo com ele, o pânico foi ainda maior: “Tive muito medo de perder minha esposa”.
Marcelo e Fernanda tiveram altos e baixos no quadro clínico, que era atualizado em grupos de amigos no WhatsApp. Todos estavam em orações pela melhora do casal. A equipe de profissionais do São Vicente, segundo o jornalista, também foi responsável por um “milagre”.
“Se estou vivo agora devo primeiramente a Deus, que me ouviu, a todas as pessoas que torceram por mim e a essa equipe do Hospital São Vicente que salvou a minha vida!” relata. “Lá tem verdadeiros anjos que nos ajudam a enfrentar a doença. Cada um da equipe médica, enfermeiros, técnicos, pessoal da limpeza, fisioterapeutas e até a nutricionista, todos me ajudaram demais a vencer essa difícil batalha da minha vida!”
Tanto Marcelo quanto Fernanda, que também ficou 14 dias internada, puderam voltar para casa com alguns dias de diferença. Mesmo que todos já tenham sido contaminados, o medo e os cuidados foram redobrados. “Estamos ainda mais cautelosos, porque, infelizmente, o risco de reinfecção existe. Temos muito medo!”
“Visita de um anjo” – Paulo Nascimento
Paulo Rogério Nascimento é advogado e músico de Jundiaí. Por ter comorbidades e estar no grupo de risco, com obesidade, diabetes, hipertensão e bronquite asmática, sempre procurou se cuidar ao máximo para evitar a contaminação pela Covid.
Por três dias, ele teve sintomas gripais, dores de cabeça e sinais de febre. Exatamente pelo fato de tomar todas as precauções, diz que não faz ideia de onde pode ter contraído o vírus. Paulo fez um exame particular dia 5 de março e, em minutos, teve o resultado positivo. Depois de cinco dias do diagnóstico, precisou ser internado no Hospital Pitangueiras (Sobam) e durante os 20 dias de internação passou por muita coisa.
“Eu fiquei vários dias com o oxigênio no limite máximo e, mesmo assim, sentia muita falta de ar e a saturação não subia”, relata. Após cinco dias de internação, o médico disse à esposa de Paulo que precisariam entubar o paciente mas, por causa das comorbidades, as chances de sobreviver diminuiriam.
Até por isso, estavam evitando ao máximo realizar o procedimento. “Eu não tinha noção que estava tão grave e minha esposa somente falou que precisava reagir. Ela não me disse que estava com risco de ser entubado, pois sabia que isso me abalaria muito e, provavelmente, prejudicaria minha recuperação”, conta.
Na mesma noite, uma enfermeira do hospital, de nome Lúcia, foi até o quarto de Paulo. Ela conversou com ele, também não contou sobre o procedimento, mas reforçou que ele precisava reagir, que era “para pensar em minha família, minha esposa, meu filho e todos que queriam minha recuperação”.
Segundo o advogado, ela deu algumas dicas de respiração que facilitariam o aumento da saturação. “Passei a madrugada toda sentado e fazendo a respiração que ela me ensinou: ‘cheira uma rosa e assopra uma vela’. No dia seguinte, o médico informou à minha esposa que a saturação havia melhorado e, naquele momento, não precisaria mais da intubação. Na hora falei à minha esposa que Deus havia mandado um anjo falar comigo”.
Pouco antes de receber alta do hospital, Lúcia voltou ao quarto para vê-lo. Ela disse a ele que foi ao quarto naquela noite porque sabia do quadro de saúde e das chances de passar pelo procedimento. Reforçou, segundo Paulo, que não seria bom para ele. Na saída do hospital, Paulo recebeu uma emocionante homenagem dos profissionais da saúde (veja vídeo abaixo).
Imagens: Reprodução/Facebook/Paulo Rogério Nascimento
Depois disso, Paulo voltou para casa e para a família. “Graças a Deus me sinto muito bem! Estou fazendo fisioterapia, sei que meu pulmão ainda não está totalmente recuperado mas consigo ter uma vida quase normal. Com a fisioterapia, senti uma melhora muito significativa!”