Como parte da programação do Novembro Negro e da Semana da Consciência Negra da Prefeitura deste ano, a Unidade de Gestão de Cultura (UGC) promoveu a palestra “A Jundiaí Colonial e Imperial Escravocrata”, mediada pelo diretor do Departamento de Museus da UGC, Paulo Vicentini, a partir de documentação do Arquivo Histórico municipal, disponível para acesso gratuito para interessados sobre o tema.
A atividade foi realizada no sábado (12), como parte da programação proposta para o mês pela Assessoria de Políticas para a Igualdade Racial, do Núcleo de Articulação de Políticas Públicas da Unidade de Gestão da Casa Civil (UGCC), e contou com as participações de diversos interessados no tema, no Município e região.
“A escravização de africanos e afrodescendentes está entre os mais nefastos e lucrativos crimes perpetrados contra a Humanidade. No Brasil, último País a aboli-la, suas consequências perduram até hoje, manifestadas na desigualdade social, racismo, xenofobia e ignorância. Costumo compará-las aos efeitos da força da gravidade: apesar de nem sempre sentidas, elas estão permanentemente atuando sobre nós”, argumentou Vicentini.
Durante a palestra foram apresentadas cerca de 40 fontes documentais do Arquivo Histórico, Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Torre do Tombo de Portugal e dos acervos de vários jornais de época. Segundo Vicentini, todas as fontes apresentadas, exceção feita ao Auto de Criação de Jundiaí, oriunda de Lisboa, integram a coleção formada a pedido do então prefeito Miguel Haddad.
“A Prefeitura à época planejava instituir a lei que reservaria vagas em concursos públicos para candidatos afrodescendentes e queria, por meio da pesquisa, envolver a sociedade. A lei se tornou realidade em 2002, com o número 5.745, sendo Jundiaí o primeiro Município brasileiro a instituí-la. Porém, por uma razão ou outra, esses fundos se perderam, abrindo um hiato na transmissão dessas informações. Desde 2018, entretanto, a Cultura vem investindo numa nova infraestrutura para ampliar o rol de pesquisas e evitar que isso volte a ocorrer. Estas fontes são presença constante nas exposições temáticas e ações da Cultura”, salientou o diretor.
“Foi um ato político republicano e abolicionista. O padrinho de casamento foi o então delegado Antonio Mendes Pereira, sistematicamente acusado de leniência com escravizados fugidos e quilombolas”, adiantou Vicentini, antes de esclarecer a referência ao professor Carlos Escobar ao longo da matéria.
“Escobar foi homenageado em Santos, onde ganhou uma rua com seu nome, por sua luta em prol da alfabetização e politização dos escravizados, assim como pelo fim da escravidão no Brasil. Em Jundiaí, era ocupante de uma cadeira de ensino provincial. Vale lembrar que seu nome e suas ações sempre eram citadas como exemplo de ação política pelos mestres Carlos Franchi e Mariazinha Congílio”, afirmou.
Também causaram surpresa os documentos apresentados sobre os quilombos em regiões que pertenciam a Jundiaí. De acordo com eles, o quilombo de Itupeva pode ter se mantido por mais de um século; naquele mesmo período, no início de 1887, quilombolas de Itatiba seriam duramente atacados por tropas oriundas de Campinas.
De acordo com o diretor, os quilombolas de Itatiba foram descritos pela reportagem de O Correio Paulistano, por exemplo, como “os mesmos que desde há muito infestavam Campinas e Jundiaí”.
“Note que os quilombolas são comparados a uma praga. É bom que se diga, sempre: eram sujeitos históricos em busca de sua justa liberdade. Não podemos confundir as reais vítimas, os escravizados, com os verdadeiros algozes dos conflitos…Os senhores de escravos. Foram eles que empregaram a violência durante séculos para escravizar africanos e afrodescendentes”, afirmou Vicentini, antes de ir além:
Vicentini destacou que o número de pessoas que compunham os quilombos é uma questão menos importante quando se trata da essência dos mesmos, que está na liberdade que seus integrantes alcançaram e na possibilidade de regerem suas próprias vidas, ainda que de forma temporária.
Em relação aos movimentos republicano e abolicionista em Jundiaí, Vicentini afirma que há fortes indícios de sua presença desde o início da década de 1860.
Vicentini encerrou a palestra apresentando fontes que podem servir de referências geográficas à cidade, ao pontuar que o Traslado do Auto de Criação da Vila de Jundiaí, de 1656, coloca textualmente o primeiro pelourinho defronte à Capela erguida por Rafael de Oliveira.
“Mas é bom estarmos atentos ao fato de que a tortura e a sevicia contra os africanos e afrodescendentes independia de marcos. Temos fontes que comprovam práticas de tortura, assassinatos e linchamentos na região. Seja em fazendas, seja em canteiros de obras, como um escabroso caso ocorrido durante a construção da Santos – Jundiaí, ou mesmo na área urbana, como aquele de 1880, quando um escravizado foi brutalmente assassinado em Jundiaí. Apesar de a imprensa local denunciar e de o fato repercutir nacionalmente, nunca encontramos o registro de sepultamento dessa vítima”, ressalva o diretor.
De qualquer forma, Vicentini ressaltou tanto a violência inerente à escravidão quanto as múltiplas táticas dos escravizados na luta por liberdade e autonomia.
“Temos que evitar que o Brasil varra para debaixo do tapete tamanho passado de violência e racismo. A Prefeitura e a UGC, insisto, vêm dando suas contribuições. Ajudar a recuperar as vozes de tantos sujeitos históricos, especialmente as das vítimas, é um processo demorado. Porém, as instituições municipais estão conscientes e comprometidas com a causa, bem como estão incentivando a participação das comunidades e pesquisadores interessados no tema”, finalizou o diretor.
O assessor de Políticas para a Igualdade Racial de Jundiaí, Jensen Silva, reforçou a importância da atividade no contexto da programação do Novembro Negro. “Atividades como esta que fomentam o conhecimento sobre a Cultura e História da comunidade negra são as mais importantes do calendário e serão realizadas com cada vez mais frequência. Este encontro com o Paulo, por exemplo, não é o primeiro que realizamos e dele surgiram temas extremamente importantes para a comunidade”.
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