Casal que vivia em situação de rua aluga casa e recomeça a vida em Jundiaí
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Casal que vivia em situação de rua aluga casa e recomeça a vida em Jundiaí

Com a ajuda da Casa de Passagem SOS de Jundiaí, eles saíram das ruas e estão vivendo em uma casa alugada

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Casal que morava na rua aluga casa e recomeça a vida em Jundiaí
À esquerda, Elber no dia da mudança; à direita, o casal em foto na SOS (Fotos: Reprodução/Facebook e Tribuna de Jundiaí)

Na última semana, o usuário da Casa de Passagem SOS de Jundiaí, Elber Junior, de 42 anos, seguiu para uma casa alugada após aproximadamente seis meses em situação de rua.

Com a ajuda da SOS e das pessoas que doaram para a entidade, ele conseguiu móveis, utensílios e eletrodomésticos usados, a fim de mobiliar sua nova moradia e ter suporte para sua nova vida.

Ao lado de Elisângela Veronez, de 32 anos, que ficou em situação de rua por aproximadamente 6 anos, os dois recomeçam uma nova vida e seguem em busca de novos sonhos, fora das ruas e das drogas.

“É na dificuldade que você cria coragem, é no sofrimento que você cresce. E é sempre legal o recomeço, ninguém quer ficar nessa aí. Quero pensar que é o recomeço, que é a última vez que fico na rua”, explicou Elber.

Para Elisângela, no começo saber que ia para uma casa foi assustador, já que depois de tantos anos estava habituada a ficar na rua. “Eu cheguei a chorar, é uma coisa muito diferente. Eu estranhei, mas agora eu estou muito bem, é outra vida”, disse.

Juntos, eles estão sem usar drogas há um mês. Os dois se conheceram na instituição e, agora, fazem uma série de planos juntos, em uma nova casa e em uma nova vida.

A recaída

Elber trabalha há oito anos como orientador de acesso em frente ao Instituto Luiz Braille, auxiliando cadeirantes, deficientes visuais e outros usuários do instituto diariamente. Mesmo informal, consegue uma boa renda.

Ele estava em outro relacionamento há 10 anos e morava junto com sua ex-companheira. Ocasionalmente, como ele contou, usavam crack. Mas aí começaram os desentendimentos e o uso da droga começou a ser frequente.

“Um dia eu cheguei em casa e ela tinha ido embora, sem me avisar, depois de tantos anos juntos. Isso me desencadeou uma enorme revolta. A revolta me levou para a fúria e a fúria me levou para as drogas. Eu comecei a surtar sozinho em casa, comecei a usar drogas todos os dias, até que chegou em um ponto crítico e eu comecei a dormir na rua”, relembrou.

“Eu não era morador de rua, estava em situação de rua. Mesmo com a casa montada, eu já não conseguia mais entrar nela, tinha um ar estranho para mim. Então resolvi abandonar tudo e entreguei a casa. Fiquei assim, na rua, por uns 6 meses”, continuou.

Até que chegou um momento que Elber percebeu que tinha o potencial para sair da rua e decidiu que não queria mais aquela vida.

“Comecei a ficar de saco cheio. No dia que eu cansei de vez eu conheci a Elisângela e ela estava mais ou menos na mesma pegada que eu. Eu sabia que precisava de alguém, porque não conseguiria me focar sozinho, e foi bom que nos conhecemos”.

Além disso, durante todo o período ele contou com a ajuda da SOS, que além de banho e alimentação, auxiliou fazendo uma espécie de poupança para ele, onde ele guardava seus ganhos diários que serviram para pagar o primeiro aluguel.

“Em coisa de 15 dias eles tinham dinheiro para morarem juntos”, contou Melina Nucci, terapeuta ocupacional da SOS e que acompanhou todo o processo de conquista da nova moradia.

Elber, a terapeuta ocupacional Melina e Elisângela (Foto: Tribuna de Jundiaí)

O recomeço

“Ele me mostrou um caminho diferente, Eu vi que ele poderia me ajudar a mudar e segui em frente. E a partir daí tudo começou a acontecer, eu estou muito feliz por tudo isso”, contou sua companheira.

No entanto, Elber diz que o recomeço para uma pessoa que vive em situação de rua e é usuária de drogas é quase sempre muito difícil.

“Falta muitas vezes uma ajuda para quem está recomeçando. As pessoas têm preconceito com quem está na rua e os usuários. A parte social em relação a essas pessoas deveria ser revista, com uma política que não condene o usuário, mas que o encoraje. O apoio familiar, o apoio da sociedade, é praticamente zero. É mais gente para te apontar do que apoiar”, desabafou.

E ele ainda pede: “Os móveis que eu tenho foram fornecidos pela SOS, com a doação das pessoas. É muito importante que as pessoas doem e auxiliem a instituição, com móveis, alimentação e roupa. Eles precisam”.

Agora, os planos são inúmeros. “Agora é começar a sonhar, fazer projetos e planos. Mesmo sabendo da dificuldade, a gente cria esperanças. Meus planos são guardar dinheiro, para sair do aluguel e também para me preparar para eventuais dificuldades. Enquanto estivermos sozinhos na caminhada, é sempre importante estar preparado para o amanhã”, diz.

O trabalho da SOS

Melina explica que a casa tem o objetivo de auxiliar as pessoas em situação de rua que, assim como Elber, contam com um objetivo em curto prazo. “Seja para um emprego, para voltar para a família, comprar uma passagem de ônibus… Nós damos um prazo e ajudamos com o que eles necessitam”, explicou.

Para os que estão em busca de emprego, a instituição faz RG para os que não têm o documento, auxilia na montagem do currículos, leva ao Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) e até faz planejamento financeiro para auxiliar os que recentemente conseguiram um trabalho e precisam aprender como gerenciar a renda.

“No caso do Elber, ele já tinha um emprego informal. Então nós demos a oportunidade para que ele se reestruturasse aqui antes de voltar para o aluguel”, continuou a terapeuta ocupacional.

Outro ponto abordado por Melina é a nomenclatura dada às pessoas que vivem em situação de rua. Ela diz que o termo ‘morador de rua’ deveria ser evitado.

“Usando esse termo você define a pessoa como morador mesmo, como se fosse algo definitivo, mas ela está em situação e pode sair se ela tem o suporte necessário”, reiterou.

A terapeuta também pontuou que Jundiaí tem uma rede bem estruturada para as pessoas em situação de rua: além das 32 vagas na SOS, há outras instituições que fazem um trabalho parecido de acolhimento, como o Centro Pop e a Casa Santa Marta.

Na SOS, ela diz que histórias como a de Elber são inúmeras, mostrando a importância do acolhimento e do apoio para ajudar quem quer sair da rua. “Muitos deles vem nos visitar, para nos mostrar que estão bem, que estão trabalhando. É sempre uma alegria”, finalizou Melina.

Os interessados em ajudar a Casa de Passagem SOS com doações podem ligar no (11) 4521-4182. Caso veja alguém em situação de vulnerabilidade social e que precise da ajuda da instituição, o número é (11) 98531-0146.

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