Desde 2020, a empresa 3M promove uma campanha de valorização da mulher na ciência, para dar visibilidade às cientistas que dedicam suas vidas ao STEM. A metodologia STEM é um currículo multidisciplinar que foca em Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (Science, Tecnology, Engieering and Matematics).

Segundo dados da UNESCO, mulheres representam apenas 35% dos profissionais que cursam o ensino superior em STEM.

O projeto 25 Mulheres na Ciência convoca mulheres cientistas com carreiras e projetos na América Latina e no Canadá. Neste ano, a iniciativa promove uma edição especial abraçando projetos com soluções para questões de Sustentabilidade Ambiental.

“Essa foi uma das formas que a 3M encontrou para continuar inspirando meninas, jovens e mulheres a estudar as disciplinas STEM, e mostrar a importância da diversidade para a inovação em áreas ocupadas predominantemente por homens”, conta Marcia Ferrarezi, Gerente de P&D da 3M Brasil.

Neste ano, uma das 25 Mulheres na Ciência é Gabriela Lujan Brollo, de Jundiaí!

Conheça a cientista

Gabriela tem Mestrado na França, Doutorado na Inglaterra, Pós-Doutorado, artigos publicados, docência em nível superior, mas sua história com a ciência começa muito antes.

A jundiaiense é filha de professores de ensino fundamental, por isso, sua paixão começou dentro de casa. “Ser uma boa aluna foi prioridade na minha educação”, comentou, em entrevista exclusiva ao Tribuna de Jundiaí.

Gabriela terminou o Ensino Médio sendo destaque nas disciplinas de matemática, física e química. Por isso, de acordo com ela, escolher um curso superior na área de Engenharia foi uma “tendência natural”.

Em 2006, ela iniciou sua jornada no curso de Engenharia Mecânica da UNICAMP, em Campinas. Mas sua primeira surpresa ao chegar na sala de aula não foram os números. “Numa turma de 140 alunos, havia por volta de 10 mulheres. Esse foi meu primeiro ‘choque’ de realidade com o desequilíbrio de gênero na Carreira STEM”, conta.

Em seu primeiro ano da faculdade, um Professor convidou Gabriela para uma Iniciação Científica, com uma bolsa da instituição. “Ao pisar no laboratório, a carreira científica me conquistou, foi amor à primeira vista! A partir desse momento, juntei minha sede de conhecimento ao propósito de gerar impacto positivo através da Ciência.”

Trajetória acadêmica

Durante a graduação, a jundiaiense participou de congressos acadêmicos nacionais e internacionais e publicou artigos científicos. Assim, foi selecionada para uma bolsa de estudos para participar de um intercâmbio acadêmico na ENSMM (École Nationale Supérieure de Mécanique et des Microtechniques), na França.

Lá, participou de um estágio em um Centro de Pesquisa Global de uma grande empresa do setor siderúrgico. “A excelência acadêmica e relevância tecnológica do projeto desenvolvido no estágio resultaram na publicação de um artigo científico e em um convite da ENSMM para que eu recebesse o título de Mestre, mediante defesa perante banca acadêmica na instituição. O resultado é que recebi um diploma de mestrado antes de concluir a graduação”, destaca Gabriela.

Em 2013, foi aprovada em programa de intercâmbio para realizar parte do seu Doutorado na Inglaterra, na University of Leicester. “Após receber o título de Doutora, em 2017, continuei na Carreira Científica, participando de dois projetos de Pós-Doutorado, também na UNICAMP. Ao todo, publiquei mais de 20 artigos científicos nacionais e internacionais e atuei como revisora de várias revistas científicas.”

Referências no STEM

Em todo seu processo acadêmico, ficou cada vez mais evidente para Gabriela como as carreiras de mulheres, principalmente na carreira científica na área de STEM, acaba sendo dificultada em relação à carreira dos homens. “A cada nível subido na carreira, tive cada vez menos colegas e gestoras mulheres, sendo eu mesma uma exceção e às vezes a única mulher da equipe ou laboratório”, ressalta.

“Todas as minhas referências de inspiração eram profissionais do gênero masculino, pois não conhecia mulheres com quem me identificasse e que pudessem me inspirar a progredir e evoluir profissionalmente. Essa falta de identificação com figuras femininas me fez muitas vezes duvidar se eu realmente era capaz de conseguir uma bolsa de estudos, ou ocupar uma determinada posição ou concorrer a uma promoção. Eu persisti, mas conheci muitas colegas que desistiram em meio a tantas dificuldades e resistências.”

Essa situação inspirou Gabriela a atuar como agente de mudança na promoção da carreira de meninas e mulheres na área STEM. “Minha ação se potencializou ao participar como membro do conselho consultivo e líder de projetos no coletivo independente HubMulher, que promove o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 da ONU”, destaca.

“Conhecendo um pouco da minha trajetória, dá pra perceber que eu sou a prova viva de que o conhecimento pode transformar a vida de uma pessoa. Mas, minha sede de conhecimento por si só não seria suficiente. Ela só foi materializada em ação e em geração de impacto positivo, após receber inúmeras oportunidades de financiamento e reconhecimento ao longo da minha jornada acadêmica e profissional”.

Premiada por projeto de Sustentabilidade

Em 2021, Gabriela estreou sua oportunidade de aplicar seu conhecimento científico em Sustentabilidade, ao participar de um programa de Inovação Aberta de uma das maiores empresas de mineração do mundo, em parceria com instituições de ensino nacionais e globais como SENAI CIMATEC (um dos maiores centros de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Brasil), o MIT – Massachusetts Institute of Technology (dos EUA) e Imperial College London (do reino Unido).

Ao final do programa, ela recebeu o 2º lugar do Prêmio de Projeto mais Inovador do SENAI CIMATEC, como reconhecimento ao potencial de transformação e geração de impacto em Sustentabilidade. “A realização e repercussão deste projeto me fizeram conseguir oportunidades profissionais como consultora focada em promover a sustentabilidade em diversas indústrias, alinhando ciência e inovação na resolução de desafios estratégicos, sendo essa minha atuação até agora.”

Prêmio 25 Mulheres na Ciência 3M

Todas a sua luta e disciplina levou Gabriela até a conquista do Prêmio 25 Mulheres na Ciência da 3M. O projeto da jundiaiense permite a coleta segura e análise eficaz de pelotas verdes de minério de ferro na linha do processo industrial de pelotização. Assim, aumentando a eficiência do forno de queima das pelotas, reduzindo o consumo de gás combustível.

Sua ideia reduz as emissões de GEE de um processo altamente emissivo em GEE, presente de
forma extensiva na indústria de base, com potencial de escalabilidade promissor do impacto da solução.

“Vindo de uma empresa de alcance global, [o prêmio] tem um papel importantíssimo na divulgação da importância das mulheres na Carreira STEM, na conscientização da sociedade sobre a importância da igualdade de gênero, na motivação e inspiração de novas estudantes e profissionais que queiram ser cientistas na área e no fortalecimento do ecossistema nacional e global, contribuindo para a criação de um mundo melhor para todos”, destacou Gabriela.