Fotógrafo confundido com bandido não recebeu pedido de desculpas: "preconceito combatido diariamente"
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Jundiaí

Fotógrafo confundido com bandido não recebeu pedido de desculpas: “preconceito combatido diariamente”

As fotos de Gabriel circularam por grupos nas redes sociais com o alerta de que ele estaria fotografando casas para roubar os imóveis

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Clientes da borracharia do pai foram prestar apoio, o incentivando a não deixar a situação impune

Ainda sob o calor da repercussão do caso em que foi confundido com um bandido ao praticar fotografia no bairro Eloy Chaves, em Jundiaí, o jovem Gabriel Souza, 17 anos, afirma que não recebeu nenhum pedido de desculpas das pessoas que o acusaram.

O adolescente negro, em entrevista exclusiva ao Tribuna de Jundiaí, ressaltou que o “preconceito precisa ser combatido diariamente”.

“Eu achei ótima (a repercussão) pelo fato de terem visto a injustiça que sofri, por ser um cara trabalhador e honesto”, reforça.

Gabriel mora com a família em Cabreúva, mas trabalha com o pai na borracharia da família, no Eloy Chaves. (Foto: Arquivo pessoal/Reprodução/Folha de S. Paulo)

Segundo ele, moradores e clientes da borracharia do pai foram prestar apoio, o incentivando a não deixar a situação impune.

O garoto acredita ter sido vítima de racismo.

“No bairro Eloy tem muitos fotógrafos, tanto amadores quanto profissionais e eles sempre fotografam de tudo e em todos os lugares possíveis e nunca foram interceptados ou confundidos com atitude suspeita”, relata.

Ele já trata com um advogado as providências jurídicas após passar pela situação.

“Pessoas que compartilham notícias falsas podem ser condenadas a indenizar a vítima”, confirma o advogado Salvador Ferreira de Sousa Junior ouvido sobre o caso pelo Tribuna.

As fotos de Gabriel circularam por grupos nas redes sociais com o alerta de que ele estaria fotografando casas para roubar os imóveis.

Na verdade, ele estava colocando em prática suas aulas de fotografia, fazendo imagens de uma praça no bairro Eloy Chaves.

De acordo com o advogado, as pessoas responsáveis pela difusão dessas falsas informações podem responder em diversas esferas, inclusive criminalmente, por crimes contra a honra.

Quem compartilhou a notícia “sem a necessária diligência para verificar a veracidade dos fatos”, pode responder civilmente e ter de pagar indenização à vítima.

O advogado orienta que ninguém pode se sentir no direito de fazer ‘justiça com as próprias mãos’.

“Ainda que tivesse havido algum tipo de crime, não cabe fazer ‘justiçamento’ pelas redes sociais contra pessoa que sequer passou por processo judicial”, explica.

Polícia investiga

Depois que Gabriel soube que suas fotos estavam circulando em grupos de moradores como suspeito de roubar casas no bairro, ele e o pai procuraram por duas delegacias.

Em uma delas, a família foi informada de que não havia crime e se negaram a tomar providências.

Em outra, o jovem foi orientado a pausar as fotografias por pelo menos uma semana e, depois disso, levar consigo um certificado de algum curso de fotógrafo, um crachá, nota fiscal da câmera e andar sempre acompanhado.

Com a repercussão do caso, a história mudou.

A Delegacia Seccional de Jundiaí (SP) não só vai abrir uma investigação para entender se houve crime de racismo, mas também  para averiguar o motivo da conduta de outras unidades da Polícia Civil.

Para o advogado Salvador Ferreira está claro que “o grupo optou por excluir o rapaz do ambiente atribuindo-lhe a prática de um crime”.

“Essa situação não é rara e pode ser vista cotidianamente no noticiário: o Estado viola o direito dos mais fracos e ainda conta com o apoio da população economicamente dominante”, afirma.

“Numa coletividade historicamente racista e, mais especificamente, em terrenos elitistas, as pessoas que mais sofrem com este tipo de discurso são as negras e pobres”, defende o especialista criminal.

Histeria coletiva

A psicóloga Fátima Batista lamentou o ocorrido com o jovem Gabriel, caso que considerou o acontecimento de uma forma de “racismo velado”.

“A ‘histeria coletiva’ é uma explosão de sentimentos, de conteúdos reprimidos. Elas podem vir à tona por emoções expressadas como medo, por exemplo”, ressalta.

Segundo ela, a “explosão de sentimentos” acontece em grupo, quando há uma identificação.

“Quando há situações em comum surge um elo que faz com que as pessoas busquem um objetivo em comum. Neste caso, a segurança”, explica.

“As pessoas perdem a individualidade, que poderia gerar um questionamento, uma avaliação sobre o caso. O medo é transformado em hostilidade coletiva”.

“É porque eu sou pobre. É porque meu filho é pobre”.

Claudete Mendes trabalha como caseira de uma escola que, coincidentemente, também está localizada no bairro Eloy Chaves, em Jundiaí.

Acusações falsas a partir de boatos dos alunos também causaram constrangimento à sua família.

“Os alunos estavam em uma área proibida, próximo à caixa d’água, meu filho de 20 anos os viu e chamou a atenção, pedindo que eles deixassem o local, pois avisaria os professores. Ele gesticulou com os dedos apontados”, conta Claudete.

Os ‘dedos apontados’ serviram para que um boato logo se espalhasse.

“Disseram que o caseiro tinha uma arma”.

Os pais fizeram uma reclamação formal na escola no dia 3 de setembro deste ano.

O caso foi esclarecido às famílias pela diretora, pela caseira e pelos alunos, que foram convocados.
“Mesmo depois de dizer o que realmente havia acontecido, os pais disseram que não importava, que meu filho era usuário de entorpecentes”, explica.

Segundo ela, em nenhum momento os pais procuraram mais informações sobre o ocorrido.

Eles, com a certeza de que o caseiro tinha posse de uma arma, abriram uma ocorrência na escola e também na delegacia de ensino.

“Uma pessoa para acusar a outra assim, é ter certeza da impunidade. Não pensa no ser humano. É porque eu sou caseira, porque eu sou pobre, porque meu filho é pobre”, comenta.

Sobre o caso de Gabriel, ela reforça. “É grave demais o que essas pessoas estão fazendo. Imagina se esse menino é preso. Ele ia ser preso porque estava tirando foto?”.

Insegurança

No Facebook, muitos os moradores também se manifestaram, defendendo que fotografar casas é uma atitude suspeita.

“Eu teria chamado a polícia de qualquer maneira, seja quem for. Moro no Ermida e minha casa foi assaltada segunda-feira. Fomos feitos de reféns, nos amarraram, amordaçaram, ameaçaram. Tenho três crianças e um casal de idosos em casa. Só Deus sabe o que passamos”, escreveu uma mulher.

Outro internauta também se manifestou de forma semelhante.

“Apesar de não morar no Eloy, participo do grupo e vi as mensagens postadas. O fato aconteceu dias após um assalto ocorrido no bairro e estavam alertando sobre uma pessoa fotografando casas e ficaram preocupadas com o fato em si. Em nenhum momento houve preconceito racial, apenas preocupação com a segurança”.

Um outro internauta comentou: “Tenho duas filhas pequenas em casa. Independente de quem for, se ficar tirando foto da minha casa, vou chamar a polícia. Ainda mais nos dias de hoje, que pra trocar um pneu estão matando”, um homem comentou.

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