A Polícia Civil de Várzea Paulista (SP) abriu um inquérito para investigar o caso de vereadores da cidade que foram acusados por um assessor político de estarem devendo dinheiro a empresários.
Nesta semana, áudios começaram a circular pelas redes sociais, divulgados pela TV TEM, o assessor político, identificado como Edson Antônio de Souza, o Edson Peru, cobra alguns vereadores que estariam devendo dinheiro a empresários que fizeram doações para as campanhas deles.
Os vereadores citados nos áudios são Gilberto Moraes, Fernando Pasqualino, Luiz Ferreira da Silva “O Hulk”, Claudenir Cassiano “O Nil”, Silso das Neves e Mauro Aparecido da Silva. Eles negam qualquer tipo de envolvimento com Edson Peru.
Os vereadores já haviam registrado um boletim de ocorrência por injúria, calúnia e difamação, mas precisavam registrar queixa por crime na delegacia para que a polícia pudesse dar sequência no inquérito policial.
Áudios
Os áudios acusam os seis vereadores. Neles, o assessor político cobra um acordo dos parlamentares que supostamente não foi cumprido.
“Vereador Giba, boa noite, tudo bem? Quem ‘tá’ falando aqui é o Edson Peru, tá? Giba, deixa eu falar uma coisa para você: eu ‘tô’ com um problema muito sério, porque quando o Silso das Neves era presidente da Câmara, ele veio até mim em Santos falando que tinha dívida de campanha e teria que pagar essa dívida de campanha do prefeito Juvenal, do vereador Giba, do vereador Pasqualini, e teria que molhar a mão de todos esses outros vereadores que é da base do governo, entendeu?”, diz.
Edson Peru comenta também que conseguiu R$ 150 mil com cinco empresários das cidades de Santos, Guarulhos e Ribeirão Pires e que, em troca, os empresários teriam vantagens em contratos da Prefeitura de Várzea Paulista. Ainda de acordo com o assessor, o dinheiro foi repassado para o vereador Silso das Neves (PRB).
“Ele veio aqui vendendo o que ele não tinha, vendendo carta convite, vendendo reforma, de contrato de reforma de escola, de ônibus, de lixo, de piscinão, muitas coisas. Eles veio aqui dizendo que tinha tudo isso na mão para negociar. Para isso precisava pagar as dívidas de campanha que ficaram do prefeito Juvenal e dos vereadores do grupo do prefeito”.
Os áudios viralizaram na cidade e a população foi na Câmara para cobrar uma posição dos vereadores durante sessão. Alguns subiram na tribuna para se defender.
Desde 2016, as doações para políticos durante campanhas só podem ser feitas por pessoas físicas, com limite de até 10% do rendimento do doador. As empresas estão proibidas de contribuírem.
De acordo com a Lei de Licitações, jamais deve ter algum tipo de combinação nas concorrências. Isso é considerado crime e, além de multa, pode render de dois a quatro anos de prisão.
Em contato com a TV TEM, o assessor político Edson Peru, confirmou ser o autor dos áudios e disse que está sendo pressionado pelos empresários que doaram o dinheiro.
A Polícia Civil de Várzea Paulista diz que já identificou o autor das mensagens e espera agora que os vereadores apresentem a queixa crime para então prosseguirem com a investigação. Nenhum deles soube informar que dia a queixa crime vai ser apresentada.
Juvenal também aparece nos áudios
O prefeito Juvenal Rossi, que foi citado em um dos áudios, declarou que desconhece os fatos apresentados e que os áudios foram distribuídos por perfis falsos de adversários políticos.
Ele ainda afirmou que vai acionar os meios jurídicos para tomar as devidas providências legais.
Empresários
Dos cinco empresários que dizem que cederam dinheiro, apenas um deles, do setor de transportes, deu entrevista para a TV TEM, e disse que doou R$ 50 mil para um vereador de Várzea Paulista e que reconhece que a atitude é ilegal.
Ele ainda afirmou que está se reunindo com outros colegas que também doaram dinheiro para decidirem o que vão fazer daqui em diante.
As informações são do portal de notícias G1.