O Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência é celebrado no próximo 21 de setembro, assim a campanha do Setembro Verde lançou a seguinte pergunta: “O que eu posso fazer para garantir uma sociedade mais inclusiva?”. 

Pensando nesta questão, a professora da CEMEB Zilda Arns, em Várzea Paulista Tânia Regiane, com ajuda do marido construiu uma cadeira de rodas feita de canos de PVC, que tem feito sucesso na escola. 

Iniciativa faz parte do projeto ‘Acessibilidade para todos e em todos os lugares’. “Eu quis trabalhar a inclusão na minha sala. Na escola não havia cadeirante, mas todo ano tem algum tipo de inclusão, então eu queria que as crianças soubessem lidar com a situação”, explica. 

Ela também conta que explicou aos alunos vários tipos de deficiência, como é o caso da professora Albano, que é deficiente física e usa muletas para se locomover, pois teve paralisia infantil. 

“Ela veio até nossa sala, conversou com as crianças, mostrou o aparelho, falou sobre sua deficiência e suas dificuldades, mas também falou o que ela consegue fazer, porque estamos falando de pessoas diferentes em algumas coisas, mas que conseguem fazer tudo o que a gente faz, temos que ter um olhar para essas pessoas”, afirma.

Inclusão na sala de aula

Como ela queria ensinar sobre inclusão para as crianças, ela decidiu construir uma cadeira de rodas que coubesse uma boneca. Ela consultou o marido, comprou os canos, desenhou o projeto da cadeirinha. 

“Conseguimos construí-la e deu tão certo que minha filha gostou e pediu ao meu marido para construir um carrinho de bonecas para ela também de cano de PVC, de tanto sucesso que acabou fazendo”, revela.

No ‘Acessibilidade para todos e em todos os lugares’ as crianças cuidam do boneco, que é considerado um aluno. “Quem cuida dele é o ajudante do dia, que fica encarregado de levar o boneco para merenda, para aula de educação física. Eles fazem de conta que é um aluno de verdade. O que trabalho com eles é que não é um boneco, é como se fosse uma criança da idade deles que está na cadeira de rodas”, detalha. 

Os alunos nomearam o boneco de Luca, por conta do personagem da turma da Mônica que também é deficiente físico. Como há dois anos a unidade escolar não tinha acessibilidade, os alunos andaram com Luca pela escola observando o que poderia ser transformado – parque, pátio, banheiro, entre outros locais. 

“Fizemos roda de conversa para ver o que a escola tinha que melhorar para que um cadeirante pudesse usá-la ou outra pessoa que tivesse algum tipo de deficiência. Então fizemos uma reunião com a diretora Silvia e as crianças listaram o que poderia ser feito”.

Hoje, com a escola adaptada e acessível, foi possível fazer o mesmo percurso com facilidade. Além disso, a turma também aprendeu sobre as placas de identificação (de deficiente físico, idoso, grávida, entre outras) e colocaram as placas no banheiro exclusivo aos cadeirantes na escola.

Agora, na turma desse ano, é a vez da boneca Ana. “Eu mesma escolhi o nome Ana porque não tinha ninguém com a letra A. Então disse para os alunos: ‘nós vamos receber uma aluna nova na nossa sala e quero que vocês a recebam muito bem’. Nesse momento, saí da sala e voltei com a Ana na cadeirinha de rodas”, relembra. 

Ela também explicou à nova turma que era para tratar a boneca como uma criança. “Nada de tirar da cadeira e pegar no colo, ela é uma amiguinha”, disse. “Na hora dos jogos eles colocam pecinhas para ela, quando vão beber água fazem de conta que estão dando água para ela, no parque brincam de comidinha, na educação física colocam ela na roda de brincadeiras”, completa a professora.