BBB21: Especialista de Jundiaí explica impactos do programa na 'vida real'
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BBB21: Especialista de Jundiaí explica impactos do programa na ‘vida real’

Em apenas 20 dias, casos no programa evidenciam necessidade de discussão sobre pressão psicológica e empatia.

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Participantes do BBB 21
Foto: Reprodução/ Rede Globo

Mais do que nunca, o termo “cancelamento” passou a fazer parte de várias discussões pelo Brasil, principalmente após os últimos acontecimentos registrados na nova edição do reality show Big Brother Brasil (BBB), exibido pela Rede Globo de Televisão. Iniciado dia 25 de janeiro deste ano, o programa já reúne uma série de polêmicas e muita briga entre os fãs de cada um dos participantes. Mas o que é o tal “cancelamento”?

De acordo com o Mestre em Psicologia, Guga Menga, essa seria a definição de “fazer justiça com as próprias mãos”. No entanto, a prática está cada vez mais comum no ambiente online, principalmente nas redes sociais. Ainda segundo o especialista, esse tipo de atitude é muito problemática e pode causar danos irreversíveis.

“A população, diante de um comportamento que ela considera inadequado, não só critica, mas faz com que aquele indivíduo que manifestou determinado comportamento seja punido. Isso faz com que nos contextos online isso reverbere muito rapidamente”, explica Guga.

“Hoje em dia, como a internet se divide em respostas muito binárias – curtir ou não curtir – então você não tem meio termo, ali. Esse extremismo acaba fazendo as estratégias de cancelamento serem muito cruéis. E essa questão corre muito rápido, viraliza, como um massacre de muita gente em cima de um único indivíduo a partir de um comportamento, de um recorte da vida dele, de uma fala inadequada.”

Os exemplos mais claros disso estão nas ações propostas por diferentes grupos dentro da “casa mais vigiada do Brasil”. A edição deste ano conta com famosos, como os cantores Projota e Karol Conká, que representam lutas de classe muito importantes no País. No entanto, em poucos dias o jogo parece ter mexido demais com a cabeça dos jogadores, que causaram muitas desavenças, assim como os anônimos do programa.

Como forma de jogar, foram usados menosprezo, isolamento e humilhação. Mas o que alguns participantes fizeram para sofrer tudo isso?

No caso do Lucas Koka, o ator causou algumas discussões e falou muito do que não devia. Brigou por motivos fúteis e, sobretudo, se exaltou enquanto estava bêbado. Em represália, recebeu como punição ser excluído nas refeições, ignorado e execrado em rede nacional, ao vivo. Terminou fora do jogo, como veremos abaixo.

Toma Lá, Dá Cá

No Big Brother Brasil 21, o “cancelamento” aconteceu como uma via de mão dupla. De um lado, os jogadores cancelaram colegas no confinamento. Do outro, o público reagiu imediatamente a isso e também usou a mesma estratégia contra os participantes.

A jornalista Adriana Caroline tinha esperanças por essa edição do programa. “Eu tinha muita expectativa para este ano, principalmente porque era a edição com a maior quantidade de integrantes negros da história do programa. Ou seja, era possível que tivéssemos boas discussões com a pauta do racismo, sexismo e outras desigualdades do sistema”.

“Antes mesmo de começar eu comentei com muita gente que era necessário entender que as divergências entre opiniões aconteceriam, mesmo. Antes de qualquer coisa, eles são seres humanos. Não é justo que cobrem de nós, pessoas negras, um posicionamento sempre similar. Negros compartilham a construção social da negritude e é isso.”

Além disso, Adriana relata que acredita que todos correm o risco de serem cancelados, atualmente. “Se a gente voltar um pouquinho na história, vai entender que a ideia inicial desse movimento era uma forma de chamar a atenção para causas como justiça social e preservação ambiental. Eu acho que o movimento não tem fundamento se você não dá a oportunidade da pessoa repensar e refletir o que foi feito, por exemplo. Claro que há algumas situações em que isso não cabe, mas no geral, acho que seria fundamental para o crescimento pessoal de todos”.

Confinamento não ajuda os ‘Brothers’ (nem a gente)

Depois de todo o caos da pandemia causada pela Covid19, as pessoas entenderam o que significa estar confinado. Desta forma, muitas pessoas experimentaram alguns efeitos colaterais dessa “privação de liberdade” – alguns mais do que outros.

Para quem sofre com problemas psicológicos – ou os desenvolveu em algum momento – ficar em casa não foi nem um pouco prazeroso. “Ter a liberdade restrita e, mais do que isso, ter acesso a poucos estímulos sem dúvida gera uma série de respostas no organismo do indivíduo. Faz com que ele possa, em alguns pontos, potencializar ações e em outros minimizar reações”, comenta Guga Menga.

Agora, imagine ficar preso dentro de uma casa com 19 pessoas que você não conhece, com o acréscimo de competição por um prêmio milionário? De acordo com Menga, o discurso de que o confinamento interfere na psique do ser humano é real. Um dos exemplos é o ator e cantor Fiuk, que já comentou durante o programa que sofre de depressão. Nas últimas semanas, o assunto foi um dos mais comentados nas mídias sociais – principalmente o Twitter.

Em um ambiente como o BBB, essa doença pode se agravar de formas inimagináveis, se não tratada corretamente. Consegue imaginar a pressão? Mas não é só aí que o programa interfere.

Gatilhos da vida real, do lado de fora

Esse tipo de estímulo criado e desenvolvido pelo programa, acompanhar as piadas de mau gosto, os comportamentos problemáticos e as discussões pode sim afetar os telespectadores.

“Algumas situações consideradas ‘gatilhos’ são aquelas que desencadeiam, dentro do indivíduo, uma série de reações a partir de registros de memória, de interpretação, de percepção, de traumas. Então, sem sombra de dúvidas, a gente tem que ter muito cuidado com aquilo que é mostrado, com aquilo que é evidenciado”, explica o psicólogo.

“As pessoas normalmente se identificam e esse processo, para quem tem algum tipo de trauma ou processo repressivo dentro do organismo, pode desencadear uma série de demandas internas”.

Onde acaba o entretenimento?

Adriana Caroline conta que acompanha o reality show há muito tempo. “Algumas edições acompanhei mais, outras menos, mas no final das contas, sempre estive ali”.

Ela diz ficar nervosa acompanhando o reality show. “Mas acho que o BBB, apesar de tudo, traz muitas das nossas questões sociais, sabe? Acho que se parar e olhar de um outro ângulo, a gente consegue abrir várias discussões interessantes, principalmente sobre comportamento”.

Sobre essa afirmação, Guga Menga destaca: “O Big Brother é um programa de televisão, mas também um experimento. Ele é inspirado numa série de experimentos sociais onde você passa a criar uma observação 24 horas do comportamento humano. Eu costumo dizer que mais do que observar o que acontece ali dentro, o Big Brother é uma lupa que reflete uma série de comportamentos externos. Então é tão interessante observar os participantes, observar como a sociedade reage àquilo que ela vê. E mais do que isso: como é que a sociedade reage com o poder que é dado à ela, de comandar o jogo e de determinar consequências. É um processo muito interessante, mas também muito perigoso”.

Uma linha tênue

Ainda nesta edição, que tem apenas 20 dias de vida, a questão de entretenimento versus abuso psicológico também entrou em pauta. Mais uma vez no Twitter, que se mostra a rede social da opinião geral, a hashtag Abuso Psicológico Não É Entretenimento entrou para os assuntos mais comentados do país nas últimas semanas.

No episódio, a pressão dos participantes do confinamento em volta do ator Lucas Koka fez com que ele desistisse do prêmio de R$ 1,5 milhão. Depois de um beijo no participante Gilberto, Lucas sofreu ataques de Lumena (que é psicóloga, e lésbica) e da cantora Pocah. Ambas insinuaram que o beijo e as afirmações de Lucas, dizendo ser bissexual, eram parte de seu jogo apenas. Assim, depois de muito choro e dúvidas, Lucas decidiu apertar o botão da porta do confessionário e sair da casa da Globo, para voltar para sua própria casa.

Na opinião de Guga, o Big Brother Brasil deixou de ser entretenimento há muito tempo. “Os conceitos da nossa sociedade sobre violência e abuso estão sempre se refinando. Desde sempre, o Big Brother proíbe agressão física, mas esquece e acaba não se atualizando no contexto de violência e agressão que não são físicas; as violências psicológicas, as humilhações que já existiam antes. Mas a sociedade está muito mais alinhada com essa percepção. O que a gente viu com o Lucas foi, sem sombra de dúvidas, um processo de tortura, de humilhação, de coerção, de bullying, muito grave. E realmente, o entretenimento a partir do sofrimento humano não se justifica”, comenta.

Que reflexão o BBB nos deixa?

Na edição de 2020, as participações que passaram pelo programa reforçaram e até mesmo ensinaram muita gente do lado de dentro e de fora, sobre as consequências de machismo, sexismo e outros problemas sociais. Já as personalidades do BBB 21 dão demonstrações de reproduzir esse tipo de comportamento.

“Esse processo de construção e desconstrução é de todos nós. Estamos em uma posição confortável olhando para as pessoas dentro da casa e julgando. Mas é muito comum”, afirma o psicólogo Guga Menga. “Por isso a gente tem que acabar com a cultura do cancelamento. Porque o amadurecimento ideológico, comportamental, acontece com o tempo, e com uma série de controvérsias que nós mesmos temos, de dúvidas, de inseguranças. Temos que desenvolver senso crítico e fortalecer a ideologia é um processo de acessar certas controvérsias e incoerências que são super comuns na vida humana”, finaliza.

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