Lula festeja o crescimento da economia e o povo ainda não
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Opinião

Lula festeja o crescimento da economia e o povo ainda não

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Presidente Lula
Foto: José Cruz/Agência Brasil

As projeções para a economia brasileira são positivas e o governo aproveita para promover as suas conquistas dando publicidade para a posição do Brasil no ranking das maiores economias global, e com isso vai camuflando o problema endêmico da distribuição de rendas. O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024 e apontou que pode atingir US$ 2,331 trilhões de dólares no próximo ano, ultrapassando o PIB da Itália, que está projetado para alcançar US$ 2,328 trilhões nesse ano.

O relatório do FMI destaca que essa projeção se baseia nos fundamentos das políticas econômicas adotadas atualmente no país. Observam que os pressupostos da política monetária estão alinhados com a meta de convergência da inflação dentro da faixa de tolerância até o final de 2024. O relatório também evidencia a consolidação fiscal como uma âncora para a sustentação do crescimento e o aumento da confiança dos agentes econômicos. O avanço da economia vai diluir o déficit público, pois o aumento da produtividade dos meios de produção tem impacto positivo nas pressões da oferta, o que facilita a aplicação de uma politica de créditos e consequente aumento da arrecadação sem a punição dos impostos.

O presidente Lula da Silva (PT) comemorou a previsão e sem perder a oportunidade relembrou que o Brasil estava na 11ª posição do ranking quando assumiu o cargo em 2023, logo após a saída do ex-presidente Jair Bolsonaro. No entanto o mandatário não pode esquecer-se de analisar as bases desse crescimento, pois está sustentado no gasto do governo e no comércio exterior, o que não tem força para sustentar o gigante no ar por muito tempo. O grande desafio do Brasil é aumentar a participação dos trabalhadores na riqueza produzida e assim construir o pilar central de uma economia de mercado desenvolvida como a Itália e o Canadá, as quais o Brasil já superou na corrida do top 10 do PIB, no entanto está bem distante na paridade do poder de compra da sociedade e também nos indicadores como IDH e índice de Gini.

Os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) vieram positivos, entretanto se faz necessário avançar muito para incluir a grande massa de trabalhadores no mercado de bens e serviços que atendem as necessidades do ego e é a propulsão da economia e da inovação. Em 2023, a massa de rendimento mensal domiciliar per capita atingiu o maior valor da série histórica do módulo de rendimento de todas as fontes, da PNAD Contínua, iniciada em 2012, portanto não tem grandes reflexos no mercado consumidor, pois a renda atende apenas as necessidades fisiológicas.

A referência é um rendimento médio mensal real domiciliar per capita de R$ 1848,00, alardeado pelo ministério da propaganda do governo, como o maior valor da série histórica da pesquisa. É complicado, pois essa renda não permite, por exemplo, o financiamento de bens para atender as demandas para a segurança do cidadão, como moradia e mobilidade.

A China comunista em três décadas se tornou a segunda economia do planeta, e o aumento da renda da população está garantindo os avanços da sociedade chinesa, basta observar que a potência asiática já é o maior consumidor de bens de luxo da terra, chegando à exuberância de consumir 35% dos bens supérfluos produzidos na terra. Enquanto a Índia que ocupa a quinta posição nesse ranking não consegue diminuir a miséria na sua imensa população e consumo menos bens de luxo que o Canadá.

Então, espero que o governo brasileiro consiga estabelecer um pacto social capaz de garantir estabilidade para sociedade brasileira e nos permita romper o subdesenvolvimento. No entanto diante dos diversos sinais negativos, vejo a esperança padecer.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.

Opinião

Planejar a cidade

Artigo por Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí

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Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí
Foto: Arquivo pessoal

Ao construirmos uma casa, necessitamos de planejamento e fundações sólidas. Assim também funciona com uma cidade: não há espaço para projetos desorientados, baseados em proposições meramente empíricas e desprovidas de sustentação orçamentária, sem unidade estratégica. O governador Mário Covas dizia que governar exige dizer sim, mas também dizer não. Acrescento que o que se diz, na prática, deve reverberar os…

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Opinião

Os efeitos da escravidão promovida pelos colonizadores continuam impedindo o avanço da economia brasileira

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Foto: Canva

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Opinião

Elon Musk ataca a democracia no Brasil, tentando barrar a BYD e amenizar sua agonia

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Elon Musk
Foto: Reprodução/Youtube

O ambicioso, controverso, arrogante e polêmico bilionário sul africano Elon Musk, em uma entrevista à Bloomberg em 2011, caiu na gargalhada quando o repórter sugeriu a BYD como possível rival da gigante Tesla no setor de veículos elétricos. Musk respondeu com empáfia, perguntando se alguém já tinha visto um carro da marca chinesa, subestimando qualquer possibilidade de algum terráqueo superar…

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Opinião

Decisão do STF sobre retroatividade de impostos agrava a insegurança jurídica

Artigo escrito por Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP)

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Rafael Cervone é presidente do CIESP. Foto: CIESP/Divulgação

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Opinião

‘Policiais são, talvez, os profissionais mais fiscalizados e não saem às ruas para cometer excessos’, diz especialista

Opinião de André Santos Pereira, Presidente da ADPESP, Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo

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Policiais Militares de SP
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

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