O consumidor é responsável pelos desequilíbrios na sociedade moderna
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Opinião

O consumidor é responsável pelos desequilíbrios na sociedade moderna

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Pessoa em supermercado
Foto: Kateryna Kovarzh/Canva

Na hierarquia das necessidades humanas saciar a fome e a sede está no topo das infinitas demandas. A proteção contra os perigos da natureza e a prevenção aos riscos físicos inerentes nas relações humanas, são vistos também como essenciais para a sobrevivência. Em sociedades avançadas esses anseios básicos são colocados como primordiais para toda a coletividade. No entanto nas regiões subdesenvolvidas da terra, a maioria da população carece do básico para o sustento e a insegurança leva as hierarquias locais a oprimir e explorar os exércitos de miseráveis como artificio para se proteger da escassez, perpetuar o domínio sobre os meios de produção e atingir a autossuficiência. Obviamente com a omissão dos oligarcas que comandam as grandes cadeias produtivas globalizadas e tem poderes suficientes para determinar os movimentos da humanidade.

A contribuição da psicologia para a ciência econômica nos permite afirmar que é praticamente impossível completar a autorrealização humana em sociedades com valores pautados no consumo de bens e serviços, pois sempre que um objetivo material é alcançado, surgem novas aspirações alimentadas pela oferta de novas tecnologias. Esse desprovimento de saciedade conforme apontado pelo pensador alemão Ulrich Beck em sua produção literária mais proeminente, a obra Sociedade de Risco, nos leva a apontar os consumidores de bens duráveis, como responsáveis pelos desequilíbrios na sociedade moderna. A exploração predatória do ecossistema, a degradação humana na extração dos recursos naturais e a corrupção da elite politica para favorecer uma indústria carente de consciência humanitária. Essa ausência de humanismo da aristocracia global define a miséria como o destino da maioria dos terráqueos e usa até mídia como instrumento para romantizar a pobreza e assim evitar possíveis revoltas organizadas.

A ostentação passou a ser um valor social e a democratização da informação facilita a exposição das conquistas materiais e quase ninguém escapa do canto da sereia. Esse apelo da indústria pode ser estratégico para expandir suas vendas, mas, no entanto ofusca a visão do “cidadão” quanto às atrocidades humanas que ocorrem nas cadeias produtivas da maioria dos bens de consumo de luxo. Smartphones sofisticados, automóveis raros, jatos e iates têm materiais estratégicos extraídos de regiões pobres e na maioria das vezes de forma clandestina e em condições insalubres e escravagistas. Grifes famosas de vestuários tem histórico de exploração humana degradante, o mesmo ocorre na confecção de joias que utilizam minerais sem se preocupar com a origem.

O ativismo está tímido e com dificuldades para denunciar as atrocidades e provocar as mudanças necessárias na conduta ética das empresas. Obviamente já vem ocorrendo alguns movimentos porem lentos na direção de uma produção justa e sustentável. Essa metamorfose não é motivada por questões éticas e sim estratégicas para elevação de barreiras de entrada para novos competidores. Uma humanização do consumidor poderá acelerar essas transformações, que ao exigir certificados de origem dos bens adquiridos e aproveitar as facilidades de comunicação para denunciar os desmandos dos predadores estimulando até boicotes. Tudo bem que consumir luxo é um desejo insaciável, e na sociedade do espetáculo é preciso mostrar que você pode consumir. Será mais prudente expor que o seu consumo contribui com a dignidade humana e a preservação do equilíbrio do nosso planeta.

“Se você agir sempre com dignidade, talvez não consiga mudar o mundo, mas será um canalha a menos”. John F. Kennedy 35º. Presidente dos Estados Unidos da América.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

Everton Araújo é brasileiro, economista e professor

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Opinião por Miguel Haddad: Inundações no RS e o papel das cidades na luta contra o desequilíbrio do Clima

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Visão aérea de Porto Alegre - RS alagada
Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

O Rio Grande do Sul sofre nos últimos dias pela série de inundações devastadoras, resultantes das incessantes chuvas que assolaram a região. Com mais de uma centena de vítimas fatais e milhares de desalojados, estas enchentes se tornaram o pior evento climático da história do estado, desencadeando uma discussão urgente sobre os fatores que contribuíram para essa catástrofe e como…

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A corrupção é uma tempestade permanente e contribui diretamente com o caos provocado pelos desastres naturais

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

Os Desastres Naturais são fenômenos que geram impactos nas sociedades humanas trazendo consequências graves para as pessoas. Obviamente muitos desses representam o ciclo natural da terra e ainda a ciência não desenvolveu instrumentos precisos de previsibilidade, para ajudar a amenizar os impactos sobre a vida e a economia. Atualmente, alguns eventos climáticos têm aumentado de maneira significativa, e os cientistas levantam hipóteses…

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Agência Moody’s confirma a recuperação da credibilidade da economia brasileira

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Foto: Canva

As últimas décadas do século XX foram determinantes para a modelagem da ordem mundial vigente e a acumulação financeira condicionando à produtiva e dando origem a um tipo de capitalismo com menor dinamismo e maior instabilidade quando comparado ao sistema vigente no pós-guerra e, além disso, inverteu o sentido de determinação das crises que passaram a originar-se na órbita financeira…

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Opinião

Planejar a cidade

Artigo por Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí

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Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí
Foto: Arquivo pessoal

Ao construirmos uma casa, necessitamos de planejamento e fundações sólidas. Assim também funciona com uma cidade: não há espaço para projetos desorientados, baseados em proposições meramente empíricas e desprovidas de sustentação orçamentária, sem unidade estratégica. O governador Mário Covas dizia que governar exige dizer sim, mas também dizer não. Acrescento que o que se diz, na prática, deve reverberar os…

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Opinião

Os efeitos da escravidão promovida pelos colonizadores continuam impedindo o avanço da economia brasileira

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Foto: Canva

O Brasil em pleno século XXI ainda enfrenta distorções na economia e desigualdade social por causa do longo período escravocrata e pela maneira como ocorreu o processo de abolição. As deformações na economia brasileira foram criadas a partir do momento em que a escravidão foi mantida, pois era a base do sistema legal desprezando o capitalismo como sistema de organização…

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