Bolsonaro ataca a imprensa e manda repórteres calarem a boca
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Bolsonaro ataca a imprensa e manda repórteres calarem a boca

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Bolsonaro fala a apoiadores e veículos da imprensa
Presidente ouviu apoiadores e depois se dirigiu à imprensa, não respondendo a perguntas e mandando que repórteres calassem a boca. (Foto: Reprodução/Facebook)

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mandou repórteres calarem a boca na manhã desta terça-feira (5) quando foi questionado sobre as recentes mudanças na Polícia Federal. Bolsonaro ainda atacou a Folha de S. Paulo, chamando o jornal de “canalha”, “patife” e “mentiroso”.

Em declaração pela manhã em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro mostrou uma imagem que reproduzia a manchete da edição impressa da Folha de S. Paulo desta terça-feira referindo-se à manchete “Novo diretor da PF assume e acata pedido de Bolsonaro”.

“Que imprensa canalha a Folha de S. Paulo. Canalha é elogio para a Folha de S. Paulo. O atual superintendente do Rio de Janeiro, que o [ex-ministro Sergio] Moro disse que eu quero trocar por questões familiares”.

“Não tem nenhum parente meu investigado pela Polícia Federal, nem eu nem meus filhos, zero. Uma mentira que a imprensa replica o tempo todo, dizer que meus filhos querem trocar o superintendente [da PF no Rio]”, completou o presidente.

Nomeado um dia antes, o novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Souza, decidiu trocar a chefia da Superintendência da PF no Rio de Janeiro, foco de interesse da família de Jair Bolsonaro. Carlos Henrique Oliveira, atual chefe da PF no estado, foi convidado para ser o diretor-executivo, número dois na hierarquia do órgão.

Durante sua fala, Bolsonaro foi questionado por jornalistas se havia pedido a mudança na superintendência da PF no Rio. Foi aí que ele disse para os profissionais calarem a boca.

“Cala a boca, não perguntei nada”, respondeu a um primeiro questionamento, feito por uma repórter de O Estado de S. Paulo. “Folha de S.Paulo, um jornal patife e mentiroso”. Questionado em seguida pela Folha, o presidente gritou novamente: “cala a boca, cala a boca”.

Moro disse em sua despedida que Bolsonaro queria trocar o diretor-geral para interferir politicamente na polícia. O ex-ministro afirmou também que o presidente queria mudanças no Rio e em Pernambuco. Como mostrou o Painel, da Folha, Alexandre Ramagem, que teve a nomeação suspensa pelo STF (Supremo Tribunal Federal), também já tinha decidido trocar o comando da PF no Rio.

Nesta terça-feira, para rechaçar que teria promovido ingerência na PF, Bolsonaro disse que Carlos Henrique Oliveira será diretor-executivo da corporação, o “zero dois” da estrutura da polícia.

“Para onde ele [Oliveira] está indo? Para ser diretor-executivo da Polícia Federal. Ele vai sair da superintendência -são 27 superintendências- para ser diretor-executivo. Eu tô trocando ele? Eu tô tendo influencia sobre a Polícia Federal? Isso é uma patifaria”, afirmou.

“[Ele] está saindo de lá [RJ] para ser diretor-executivo a convite do atual diretor-geral. Não interferi nada. Se ele fosse desafeto meu e, se eu tivesse influência na Polícia Federal, ele não iria para lá. Não tenho nada contra o superintendente do Rio de Janeiro e não interfiro na PF”.

Posse de Rolando

O termo de posse de Rolando no comanda PF foi assinado em uma cerimônia reservada no gabinete do presidente, cerca de dez minutos após a publicação. Auxiliares de Bolsonaro disseram que a posse-relâmpago foi para agilizar o processo e não deixar a PF sem comando por mais tempo.

Na semana passada, Alexandre Ramagem, amigo da família do presidente, teve a nomeação suspensa por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Bolsonaro chegou a dizer que iria recorrer, mas não apresentou nenhum ato jurídico formal sobre o assunto até o momento.

Foi Ramagem o responsável pela indicação de Rolando. Eles trabalharam juntos nos últimos meses na Abin. De acordo com auxiliares do presidente ouvidos pela Folha, Bolsonaro foi aconselhado a ter pressa para escolher um novo nome para o órgão após a decisão de Moraes.

Na avaliação de ministros do Supremo, a presença do presidente no ato antidemocrático do domingo (3) foi um aceno para seguidores. A leitura é a de que foi uma tentativa de passar a mensagem de que é ele quem manda e que não admitiria uma segunda anulação de sua nomeação.

No entanto, dentro da corte, a opinião majoritária é de que não haveria nenhuma possibilidade de suspender a escolha de Rolando, que é diferente da primeira.

Moraes se baseou especificamente no fato de uma investigação ter sido aberta para apurar as acusações feitas por Moro e que envolviam Ramagem, como o escolhido por Bolsonaro para ter mais controle na PF.

A PGR (Procuradoria-Geral da República) solicitou nesta segunda (4) diligências no inquérito conduzido por Celso de Mello. Entre as medidas, Augusto Aras pede depoimentos de cinco delegados, entre eles Carlos Henrique Oliveira, Ramagem e Maurício Valeixo, ex-diretor-geral.

De novo centro das atenções, o Rio foi pivô da primeira crise envolvendo a PF e Bolsonaro.

Em agosto do ano passado, o presidente atropelou a cúpula e anunciou a troca do chefe do Rio, que era Ricardo Saadi. Depois, Bolsonaro chegou a dizer que Alexandre Saraiva, superintendente do Amazonas, assumiria o comando no local.

Em dezembro, enfim, com a situação aparentemente mais tranquila, Carlos Henrique, que era o nome defendido pela direção da PF na época, assumiu o Rio. Nem seis meses depois, no entanto, deve se mudar novamente, se aceitar o convite de Rolando.

A preocupação com investigações sobre sua família, desconhecimento sobre processos, síndrome de perseguição, inimigos políticos e fake news são alguns dos pontos elencados por pessoas ouvidas pela Folha para tentar explicar a obsessão do presidente com o Rio.

Sua candidatura em 2018 o colocou como muito próximo dos bastidores da PF, por ter sua segurança feita pelo órgão -Ramagem chegou a coordenar uma das equipes, após a eleição, a partir do fim de outubro daquele ano.

Segundo relatos, bastidores da Superintendência da PF no Rio, intrigas entre grupos e outras ocorrências passaram a chegar rapidamente a Bolsonaro desde a campanha.

Depois, as relações foram mantidas, e os assuntos viraram mais importantes, principalmente após vir à tona a investigação de seu filho Flávio e também pelo fato de seu mandato ter começado.

A presença ou ausência do chefe da PF no edifício do órgão era motivo de perguntas por parte do presidente, por exemplo. Funções de delegados específicos também viravam alvo de reclamações de Bolsonaro.

Mais recentemente, no episódio envolvendo o porteiro, o presidente chegou a insinuar que o ocorrido era parte de um plano do governador Wilson Witzel (PSC-RJ). Antes aliados, os dois viraram inimigos políticos desde o final do ano passado.

A partir disso, nos bastidores, Bolsonaro reclamava de que o adversário não virava alvo de investigações.

Seus contatos na PF também inflamavam a irritação, dizendo que tipo de apuração poderia vir a ser feita para atender os anseios do presidente e espalhavam que os trabalhos não andavam como deveriam.

Até um despacho de um delegado em um caso que envolvia supostamente um aliado de Bolsonaro, o deputado federal Hélio Negão (PSL-RJ), virou um dos ingredientes da crise.

O documento recuperava casos de anos anteriores para levantar a possibilidade de um homem citado no inquérito ser, na verdade, o parlamentar. Em seguida, no entanto, dizia que não era, mas mandara o caso para os órgãos de inteligência e também decretara sigilo -dois procedimentos considerados fora do padrão para o tipo de investigação.

A desconfiança da cúpula da polícia era que se tratava de uma fraude, com o objetivo de gerar desconfiança na PF do Rio. Como mostrou o Painel, Alexandre Ramagem, que teve a nomeação suspensa pelo STF (Supremo Tribunal Federal), também tinha decidido trocar o Rio.

Investigações que envolvem entorno de Bolsonaro

Em março de 2019, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, anunciou a abertura de um inquérito para investigar a existência de fake news que atingem membros da corte.

Paralelamente, em setembro do mesmo ano, a CPMI das Fake News foi instaurada no Congresso.

Desde então, a família Bolsonaro tem se colocado contrária ao funcionamento da comissão, que investiga perfis que fazem parte do arco de apoio do presidente da República.

No final de abril, a Folha revelou que a PF identificou o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, como um dos articuladores de um esquema criminoso de fake news.

Dentro da Polícia Federal, não há dúvidas de que Bolsonaro quis exonerar o ex-diretor da PF Maurício Valeixo, homem de confiança de Sergio Moro, porque tinha ciência de que a corporação havia chegado ao seu filho.

Atos Pró-Golpe

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizou a abertura de inquérito para investigar os atos do dia 19 de março.

O pedido foi feito pelo procurador-geral da República, Augusto Aras. O objetivo é apurar possível violação da Lei de Segurança Nacional por “atos contra o regime da democracia brasileira”.

A investigação mira empresários e ao menos dois deputados federais bolsonaristas, Daniel da Silveira (PSL-RJ) e Cabo Junio Amaral (PSL-MG), por, possivelmente, terem organizado e financiado os eventos.

Na mira da PF também estão youtubers bolsonaristas que chamaram público para os atos. Bolsonaro, que participou dos protestos em Brasília, não será investigado, segundo interlocutores do procurador-geral.

Eles alertam, porém, que, caso sejam encontrados indícios de que o chefe do Executivo ajudou a organizá-los, ele pode vir a ser alvo.

Caso Queiroz

Em agosto de 2019, Bolsonaro anunciou que trocaria o então superintendente da PF no Rio, Ricardo Saadi, por questões de gestão e produtividade.

A corporação passava por momento delicado, após vir à tona o caso Fabrício Queiroz, policial aposentado e ex-assessor do hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na Assembleia do Rio.

Ele é o pivô da investigação do Ministério Público que atingiu o primogênito do presidente. Relatório federal apontou a movimentação de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz, de janeiro de 2016 a janeiro de 2017.

A suspeita é de que o dinheiro seja de um esquema de “rachadinha” -quando funcionários são coagidos a devolver parte de seus salários aos deputados.

Nomeado nesta segunda-feira (4) pelo presidente Bolsonaro, o novo diretor-geral da PF, Rolando Alexandre de Souza, decidiu trocar a chefia da corporação no Rio.

RICARDO DELLA COLETTA – FOLHAPRESS

 

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