Após se curar de uma leucemia, ela virou médica para salvar outras pessoas com a doença
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Saúde

Após se curar de uma leucemia, ela virou médica para salvar outras pessoas com a doença

Marina Aguiar teve uma leucemia grave e chegou a ser desenganada por um médico; hoje curada, ela acompanha pacientes que tratam a doença e se prepara para realizar seu primeiro transplante

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Após se curar de uma leucemia, ela virou médica para salvar outras pessoas com a doença

A médica Marina Aguiar, de 31 anos, dedica grande parte de seus dias aos cuidados de pacientes que fazem tratamento contra a leucemia, em um hospital de Brasília. Quem a vê saudável pelos corredores da unidade de saúde não imagina que ela também enfrentou a mesma doença, há mais de 10 anos, e chegou a ser desenganada pelos médicos.

A decisão de cursar Medicina surgiu quando Aguiar estava em tratamento contra a leucemia, aos 18 anos. “Percebi a importância de médicos que acreditem na recuperação dos pacientes. Isso me motivou a querer ajudar pessoas que vivem algo semelhante ao que enfrentei”, diz.

Para ir atrás do sonho de se tornar médica, ela teve de abandonar o curso de Odontologia e enfrentar o temor dos parentes, preocupados com as dificuldades que a jovem, na época ainda em tratamento, poderia enfrentar.

“Fiquei triste muitas vezes. Mas sempre tentava acreditar que tudo daria certo em algum momento”, diz Aguiar. Ela considera que o diploma de Medicina é a sua maior vitória contra a doença.

A leucemia da jovem foi descoberta em estágio avançado. Ela estava anêmica e frágil. A adolescente soube da doença quando a mãe retornou da consulta. “A princípio, a minha ficha não caiu. Só pensei em procurar o tratamento adequado”, conta Marina Aguiar.

No mesmo dia do diagnóstico, ela foi internada em uma unidade de saúde pública de Goiânia, cidade onde nasceu e morava na época. O plano de saúde dela não cobria quimioterapia ou qualquer tratamento contra o câncer.

“O médico me disse que se eu demorasse mais uma semana para descobrir a doença, talvez não estivesse viva. Foi muito pesado passar por isso. Eu só pensava nos meus planos que teria que deixar de lado, como a faculdade que eu tinha acabado de começar”, disse.

Mas ela não deixou e, mesmo em meio às internações e tratamento, ela estudava. Não pegou nenhum exame durante o tratamento.

As dificuldades com a quimioterapia

A jovem iniciou os procedimentos de quimioterapia logo após ser internada. Entre agosto de 2006 e abril de 2007, ela viveu entre o hospital e sua casa. “A minha rotina mensal era passar sete dias fazendo quimioterapia, três dias em casa e logo voltar para o hospital para tomar antibiótico, para tratar diversas infecções que contraía por causa da baixa imunidade”, diz Aguiar.

Nos primeiros dois meses de tratamento, os médicos notaram que os resultados eram pouco satisfatórios. Por isso, orientaram que Aguiar deveria passar por um transplante de medula óssea. “Meus pais e meu irmão fizeram exames para ver se poderiam me ajudar, mas não eram compatíveis”, diz a médica.

Os parentes iniciaram uma campanha em Goiânia em busca de doadores. A iniciativa mobilizou diversos moradores, mas nenhuma pessoa era compatível. A jovem foi inscrita no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), mas lá tampouco havia pessoas compatíveis. Só lhe restava esperar por tempo indeterminado até encontrar um doador.

Oito meses se passaram desde o início do tratamento. As quimioterapias foram finalizadas com resultados insatisfatórios, pois as células cancerosas continuavam na medula óssea da jovem. “Recebi alta hospitalar sem nenhuma expectativa de cura. O médico que me acompanhava me disse que eu poderia fazer um tratamento mais simples, que hoje sei que não me curaria, era uma medida paliativa, só para me dar um pouco mais de tempo de vida.”

Logo que souberam que o tratamento não teve bons resultados, os pais se desesperaram. Diante da ausência de pessoas compatíveis, decidiram seguir o conselho de um médico conhecido da família e gerar um novo filho.

Keila e o marido, o empresário Fernando Augusto Aguiar, recorreram à fertilização in vitro. “Quando descobri que ter mais um filho era um modo de tentar salvar a Marina, não pensei duas vezes”, diz a mãe, que engravidou de gêmeos.

“Foi uma alegria imensa, porque ali pensei que poderia salvar a minha filha”, diz. A expectativa era tentar fazer o transplante por meio da coleta de sangue do cordão umbilical de um dos recém-nascidos.

Os planos iniciais não deram certo, porque os bebês nasceram prematuros, em novembro de 2007, com pouco mais de seis meses de gestação.

“O parto deles foi muito complicado. Como nasceram muito antes do previsto, não havia sangue suficiente para um possível transplante”, diz Aguiar. Os recém-nascidos passaram 40 dias na UTI neonatal e receberam alta hospitalar.

“Fiquei arrasada, porque o nosso maior objetivo era que o sangue de um dos cordões umbilicais pudesse ajudar a minha filha”, diz a mãe.

A expectativa seguinte era que um dos recém-nascidos, caso fosse compatível, doasse medula óssea à irmã. Quando as crianças completaram um ano, passaram por exames que apontaram que não eram compatíveis.

Tratamento de manutenção

Em abril de 2007, quando encerrou os meses de quimioterapia, Aguiar optou por não fazer o novo tratamento proposto pelo médico que a acompanhava e procurou outro especialista no Hospital do Câncer de Goiás (HCG).

No HCG, ela conheceu o hematologista César Bariani. “Ele me fez ter esperanças de que poderia me curar. Isso foi muito importante naquele momento”, diz a hoje médica. O especialista deu início a um tratamento definido como uma intensa quimioterapia de manutenção na paciente. O tratamento era mais fraco que o primeiro, e Aguiar não precisou ficar internada. Dessa vez, ela não perdeu todo o cabelo e nem teve fraqueza extrema.

“Muitos pacientes não aguentam chegar a essa segunda fase, quando não conseguem a cura no primeiro tratamento. Acredito que eu tenha conseguido porque era muito jovem”, afirma. Ela deveria fazer o procedimento somente enquanto aguardava um doador de medula.

Foi nessa época que decidiu trancar odontologia e cursar medicina. “Nos meses em que fiquei internada, me encantei pela medicina. Mas decidi, de fato, que seguiria por essa área nesse começo da quimioterapia de manutenção.”

“Quando o doutor César Bariani me deu esperanças, enquanto o médico anterior tinha me dito que não havia mais alternativas, decidi que queria fazer medicina para que também pudesse dar esperanças para outros pacientes”, diz ela.

No início de 2009, quase dois anos após começar a quimioterapia de manutenção, a jovem estava sem esperanças. Depois que ela descobriu que os irmãos – Pedro Augusto e Davi Augusto Aguiar, hoje com 11 anos – não eram compatíveis, ela não tinha nenhum outro possível doador de medula. O médico disse que ela teria que parar com o tratamento, pois seu organismo não suportaria.

Quando ela suspendeu o tratamento, fez novos exames, que apontaram que não havia mais células cancerosas em sua medula óssea. Porém, por ser um tratamento de manutenção e mais fraco que o primeiro, as chances de a leucemia voltar eram consideradas altas.

“Depois que terminei a manutenção, passei a realizar exames semanais, para que qualquer retorno da doença fosse descoberto logo no início. Com o tempo, esses exames se tornaram quinzenais, depois mensais, trimestrais e assim foi indo. Os anos foram passando e a doença nunca retornou”, diz a médica.

Hoje, ela é considerada curada. “É preciso esperar 10 anos, depois do fim do tratamento, para atestar a cura”.

A intenção de auxiliar os pacientes até onde puder, que ela tem desde que decidiu cursar medicina, é algo que a médica carrega consigo. “Sempre quero dar o meu máximo para poder ajudar. Sei que nem todas as vezes vai ser possível, mas sempre quero ter a certeza de que fiz tudo o que pude”, afirma.

Com informações da BBC Brasil.

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