O diagnóstico equivocado da inflação prejudicou a produção no Brasil
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Opinião

O diagnóstico equivocado da inflação prejudicou a produção no Brasil

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Mulher segurando moeda de R$ 1
Foto: rjoaogbjunior de Pixabay/Canva

A inflação é uma doença que afeta os sistemas econômicos e os remédios variam de acordo com as causas. Em economias ricas geralmente a pressão sobre a oferta é a origem do problema e o tratamento é reduzir o poder de compra da sociedade, com adoção de politicas monetárias e por um período curto, isso possibilita ao conjunto de produção alinhar as curvas de demanda e oferta. Já nos mercados emergentes geralmente aplicam equivocadamente a mesma solução, por pressão dos financistas que por sua vez estão mais organizados e tem poder de negociação dentro das estruturas públicas de decisão, como os ministérios da economia.

A economia norte-americana está em pleno emprego dos fatores de produção e com aumento substancial na renda média da sociedade, o que tem pressionado demasiadamente os preços ao consumidor. Entretanto a Comissão do Federal Reserve responsável por essa área, vem observando que o prolongamento do aumento da dose do remédio (juros) pode prejudicar alguns órgãos vitais do sistema e estão administrando com muito cuidado para evitar um colapso na produção de bens e serviços e evitar efeitos inesperados nas estruturas produtivas, como os desestímulos as soluções permanentes como a inovação e o advento de novas tecnologias. É evidente que nesse caso o diagnóstico está assertivo, assim como o medicamento, porem está reduzindo a dose para evitar os efeitos colaterais.

A literatura da ciência econômica está clara quanto à relação da taxa de juros básica, e a produtividade. É o que sustenta o meu argumento sobre a Politica Monetária adotada no Brasil por Meireles durante o governo Temer e mantida por Paulo Guedes durante o governo Bolsonaro. Do ponto de vista da produção foi positivo reduzir a taxa de juros, pois não havia pressão sobre a oferta, porem faltou  estímulos para formação de atributos para aumentar a produtividade o que deixaria o mercado mais resistentes a choques inflacionários inesperados. À elevação brusca dos juros da economia como alternativa para combater o aumento de preços provocado pela desestruturação nas cadeias de produções globalizadas e repasse de custos dos monopólios locais, foi um equivoco dos formuladores macroeconômicos, mesmo porque não havia pressão sobre a oferta e ficou claro, pois os preços continuaram em elevação e a taxa de câmbio não se moveu pra baixo. Com a queda nos preços dos combustíveis com a adoção de uma politica fiscal irracional. aponta a irresponsabilidade ou o amadorismo do Ministro da Economia do governo anterior, pois deveria ter adotado esses instrumentos já no primeiro sinal de queda no poder de compra da sociedade.

Será racional o Banco Central brasileiro reavaliar a politica monetária em vigor e corrigir a rota.  O remédio não está surtindo efeitos e pode até levar o paciente a óbito. O então Ministro da Economia Fernando Haddad deu sinais de que vai analisar esse mecanismo, pois já afirmou que está incompatível com a desaceleração da atividade produtiva. É um bom sinal para as cadeias produtivas, desde os produtores de matérias primas aos ofertantes de créditos. Estimular a atividade econômica com oferta de crédito barato e usar mecanismos fiscais e comerciais para combater a epidemia da inflação é o caminho para uma sociedade sustentável. O mais estranho é que em nenhum momento a oposição ou a imprensa criticou esse deslize do Guedes.

“Nunca interrompa seu inimigo enquanto ele estiver cometendo um erro”. Napoleão Bonaparte, Imperador da França.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.

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A direita antipatriota continua vendendo o Brasil para a China comunista

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Dois homens iniciando um aperto de mãos com uma bandeira da China e uma bandeira do Brasil em cima de uma mesa
Foto: Canva Pro

Uma suposta ameaça comunista no Brasil é frequentemente levantada pela direita para, com frequência, justificar ações autoritárias e ameaças à democracia. Essas ideias vagas ainda têm força, mesmo sem histórico de um “projeto comunista” que tenha chegado a ameaçar o Estado brasileiro. Diante da dificuldade de construir planos consistentes para avançar o Brasil, usam a pecha do anticomunismo como um ponto de unificação das direitas na sua diversidade.  O discurso…

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Privatização de setores estratégicos, ameaça à democracia, o desenvolvimento e a liberdade

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor.

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Foto: Canva Pro

O professor e historiador Donald Cohen, lançou a obra "Privatization of Everything" com uma forte reflexão sobre o papel do setor privado na sociedade global.  Para ele a privatização de empresas estratégicas nada mais é que entregar à iniciativa privada a autoridade, o controle e o acesso a bens públicos, muitas vezes extremamente necessários à população. O especialista também mostrou…

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Dia da Indústria: CIESP Jundiaí alerta para desafios e destaca importância da educação

O Dia da Indústria reflete a importância do setor industrial para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

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Marcelo Cereser, diretor do CIESP Jundiaí, durante evento oficial, vestindo um terno escuro e camisa clara, expressando seriedade.
Foto: Divulgação/CIESP Jundiaí

No próximo sábado, 25 de maio, o CIESP Jundiaí comemora o Dia da Indústria, uma data que convida todos os empresários a refletir sobre a importância do setor industrial para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. “A indústria é um dos pilares fundamentais da economia nacional, gerando empregos, inovação e crescimento. No entanto, enfrentamos, diariamente, desafios significativos que precisam…

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O petróleo não é o excremento do diabo e sim uma Dádiva de Deus

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor.

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Foto: Canva

Países do Oriente Médio, Nigéria, Venezuela, Irã, Angola, Congo, Argélia e Rússia são grandes produtores e exportadores de petróleo. Pertencem ou apoiam a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), um organismo com viés monopolista e autoritário. Mas além da terra rica, essas nações têm outras características similares como pobreza, concentração de rendas, aversão a institucionalidade democrática e são dominados…

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Opinião por Miguel Haddad: Inundações no RS e o papel das cidades na luta contra o desequilíbrio do Clima

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Visão aérea de Porto Alegre - RS alagada
Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

O Rio Grande do Sul sofre nos últimos dias pela série de inundações devastadoras, resultantes das incessantes chuvas que assolaram a região. Com mais de uma centena de vítimas fatais e milhares de desalojados, estas enchentes se tornaram o pior evento climático da história do estado, desencadeando uma discussão urgente sobre os fatores que contribuíram para essa catástrofe e como…

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