O escândalo das Lojas Americanas e a deterioração da ética empresarial
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Opinião

O escândalo das Lojas Americanas e a deterioração da ética empresarial

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Fachada de Lojas Americanas
Foto: Divulgação

Todos os veículos de comunicações repercutiram a fraude financeira na grande rede de varejo Lojas Americanas. O impacto nas ações foi gigante, uma queda brusca de 80% no pregão de ontem 12 de janeiro. Esse é um setor relevante na bolsa brasileira, pois tem várias empresas listadas e muitas delas compõem o indicador principal da B3. Essa falcatrua contábil segundo o CEO que assumiu a presidência na semana passada e já denunciou o crime, tem indícios de ser uma prática antiga e nem mesmo as constantes auditorias foram capazes de perceber, o que nos leva a suspeitar de que são utilizadas para aumentar a confiança e facilitar a trapaça.

É fundamental lembrar que o executivo anterior atuou na empresa por mais de duas décadas sustentado pelo famoso trio de empresários Jorge Paulo Lemman, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, fundadores sócios do fundo 3G Capital que controla diversas empresas por todo o planeta, inclusive uma grande cervejaria. Esses investidores são acusados de assediar agentes públicos no Brasil para facilitar a privatização de empresas estatais de base, as quais tem enorme poder de barganha nas cadeias de suprimentos e por isso pode ser muito perigoso para a sociedade, entregar o controle a um grupo privado, que tem como missão apenas o lucro e a ética é apenas um lindo relato para ilustrar o código de conduta e facilitar a comunicação.

A sociedade americana tem tradição em investir na bolsa de valores e muitas vezes são surpreendidos com balanços fraudulentos e para aumentar a desconfiança ocorre também em empresas aparentemente honradas. O Congresso dos Estados Unidos aprovou em 2002 um conjunto de Leis para proteger os investidores e stakeholders das empresas contra possíveis fraudes financeiras. A motivação para criação da Sarbanes-Oxley (SOx) aconteceu após os escândalos das empresas Xerox e Enron Energias. É importante salientar que mesmo com esse regramento não impediu que novos escândalos ocorressem tanto em companhias domésticas ou estrangeiras listadas nas bolsas daquele país.

Os investidores brasileiros que arriscam seu dinheiro em investimentos de renda variável, o perigo é ainda maior, pois a Comissão de Valores Mobiliários que controla esses mercados tem regras frágeis. Tem deficiências para vigiar, e dificuldades para punir, basta observar os indícios de insider trading nos ativos da Petrobras recentemente e os abusos do charlatão Eike Batista com seu conglomerado mentiroso no final do século passado. Não posso deixar de enfatizar os vexames das grandes empresas do agronegócio brasileiro como Sadia e Friboi todas listadas e com certa relevância na bolsa brasileira e com American Depositary Receipts (ADR) na bolsa do EUA.

Quem deseja navegar nessas marés deve entender que calmarias podem ser sinais de turbulências adiante. Saliento que mesmo diante de ferramentas diversas para medir riscos, e empresas que demonstram códigos de éticas como maquetes de um paraíso é preciso ter equilíbrio para surpresas desagradáveis, mesmo porque muitas delas são conduzidas por pessoas que colocam o “lucro” acima de todos os princípios. “É errôneo servir-se de meios imorais para alcançar objetivos morais”. Martin Luther King, ativista social estadunidense.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.

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Planejar a cidade

Artigo por Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí

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Jones Henrique Martins, Gestor de Governo e Finanças de Jundiaí
Foto: Arquivo pessoal

Ao construirmos uma casa, necessitamos de planejamento e fundações sólidas. Assim também funciona com uma cidade: não há espaço para projetos desorientados, baseados em proposições meramente empíricas e desprovidas de sustentação orçamentária, sem unidade estratégica. O governador Mário Covas dizia que governar exige dizer sim, mas também dizer não. Acrescento que o que se diz, na prática, deve reverberar os…

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Os efeitos da escravidão promovida pelos colonizadores continuam impedindo o avanço da economia brasileira

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Foto: Canva

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Lula festeja o crescimento da economia e o povo ainda não

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Presidente Lula
Foto: José Cruz/Agência Brasil

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Elon Musk ataca a democracia no Brasil, tentando barrar a BYD e amenizar sua agonia

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Elon Musk
Foto: Reprodução/Youtube

O ambicioso, controverso, arrogante e polêmico bilionário sul africano Elon Musk, em uma entrevista à Bloomberg em 2011, caiu na gargalhada quando o repórter sugeriu a BYD como possível rival da gigante Tesla no setor de veículos elétricos. Musk respondeu com empáfia, perguntando se alguém já tinha visto um carro da marca chinesa, subestimando qualquer possibilidade de algum terráqueo superar…

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Decisão do STF sobre retroatividade de impostos agrava a insegurança jurídica

Artigo escrito por Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP)

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Rafael Cervone é presidente do CIESP. Foto: CIESP/Divulgação

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