Professora de Jundiaí e aluno com autismo mantêm aulas e laços a 250 km de distância
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Professora de Jundiaí e aluno com autismo mantêm aulas e laços a 250 km de distância

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Selfie de Murilo e Nádia
Murilo e Nádia se falam semanalmente pelo WhatsApp e em chamadas de vídeo. (Foto: Arquivo pessoal)

Nádia Marchesin será para Murilo Oliveira Brito, de 10 anos, um daqueles nomes que a gente lembra mesmo muitos anos depois de ter concluído a escola.

O caso deles é uma exceção da pandemia. Em vez de professora e aluno se afastarem, o vínculo se fortaleceu ainda mais – mesmo em tempos em que o contato é proibido.

O pequeno Murilo nasceu com transtorno de espectro autista (TEA), uma condição que o torna diferente dos demais da sala. Algumas crianças podem apresentar dificuldade na comunicação, na área cognitiva e de aprendizagem, mas esse não é o caso dele.

Estudante da Escola Hermenegildo Martinelli, do Caxambu, desde o 1º ano do Ensino Fundamental, ele é conhecido por toda a comunidade escolar. Está sempre presente nas apresentações e ganha papel de destaque nas atividades. Também se relaciona com todos: coordenação, alunos e professores.

Na sala de aula, Nádia garante: “o autismo não impede que ele aprenda os conteúdos. Ele é muito inteligente”, explica.

Foi neste ano que a professora do 5º ano teve o privilégio de conhecer Murilo mais de perto. Este 2020 não seria apenas o fechamento de ciclo do Ensino Fundamental I, mas também o ciclo da família de Murilo em Jundiaí.

Murilo e os pais se mudariam no final do ano para Ribeirão Preto.

Por conta da pandemia, os planos precisaram ser antecipados – mas nem 254 quilômetros foram o bastante para quebrar um vínculo de carinho, respeito e amizade entre professora e aluno.

Mudança

Nos primeiros meses do ano, quando a pandemia ainda era uma realidade distante, Nádia e Murilo construíram um vínculo muito forte baseado em uma paixão em comum: o personagem Snoopy.

Na sala de aula, este era o principal assunto que os unia.

“Ele chegava da escola dizendo sobre a professora que também gostava do Snoopy. Apesar do pouco tempo de convívio, eles ficaram muito ligados”, diz a mãe de Murilo, Adriana Brito.

Em março, assim que as aulas foram interrompidas, Nádia soube que a família do aluno se mudaria em breve. Em abril, próximo ao domingo de Páscoa, ela pediu à Adriana uma oportunidade de se despedir.

“Eu conversava com a Adriana pelo WhatsApp frequentemente pois enviava atividades adaptadas e ela me contou que estavam da mudança para Ribeirão Preto. Fui me despedir e aproveitei pra levar um ovo de Páscoa, do Snoopy”, conta Nádia.

“Foi emocionante”, relembra Adriana.

“Eles conversaram pelo portão, respeitando o distanciamento. Mas mesmo assim, o Murilo estava muito feliz. A verdade é que ele precisava de um toque especial e ela tinha isso”, disse a mãe.

Sem escola

Já em Ribeirão Preto, Adriana soube que não conseguiria matricular o filho.

“Eles suspenderam novas matrículas durante a pandemia. O Murilo ficaria sem suporte escolar”, conta.

Assim que Nádia soube, não perdeu tempo.

“Eu disse que poderia continuar enviando atividades adaptadas até que ele fosse matriculado. Combinamos de conversar por WhatsApp e fazer chamadas de vídeo com temas escolares semanalmente”, detalha a professora.

Nádia enviou uma carta endereçada para o garoto de 10 anos. Além de muitas atividades, cheias de imagens e figuras, adaptadas para Murilo, a professora lembrou de incluir estampas do Snoopy.

“Aquilo foi tão novo, real, carinhoso. Ele pegou a carta, abriu e já quis fazer as atividades”, detalha Adriana.

“Toda vez que eu toco no nome da Nádia, ele abre o sorriso. Acho que a imagem dela vem automaticamente e ele se sente feliz”.

Murilo segura um ovo de páscoa, à esquerda; à direita, lista de atividades com figuras do Snoopy

Na Páscoa, Murilo recebeu um ovo de presente da professora. Os dois compartilham uma paixão em comum: o personagem Snoopy. (Foto: Arquivo pessoal)

A felicidade é recíproca.

“Ele me aceitou como professora e confiou em mim. Me sinto sortuda por ter sido aceita. É um vínculo muito forte”, garante a educadora, que dá aula há 20 anos – oito deles, em Jundiaí.

Lições

O que era para estar em papel e lápis virou lição de vida, de empatia e de amor.

“Como professora, a gente ensina. Mas aprende também. E o Murilo? Ele me ensinou muito!”, diz Nádia.

E ele também aprendeu.

Adriana lembra de quando recebeu o diagnóstico de TEA de Murilo.

“Muita coisa me amedrontou e tudo o que nós precisávamos era de amor, carinho e paciência. E nós tivemos. É um privilégio, uma bênção”. E ela deixa um conselho: “se é possível para mim, é possível para outras famílias também.

Espero que elas encontrem pessoas que se empenhem e coloquem amor, carinho e paciência. Hoje sou a mãe mais feliz do mundo”.

Murilo e a mãe, Adriana Brito

Murilo e a mãe, Adriana Brito. (Foto: Arquivo pessoal)

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